JORNAL DE MARINGÁ, 26 de setembro de 2009
Último crime na cidade ocorreu em agosto. O municipio teve neste ano 31 assassinatos, contra 36 de Ponta Grossa e 94 de Cascavel. Especialistas apontam engajamento da população e elevados indicadores sociais como responsáveis pela escassez de crimes
Maringá completa neste sábado (26) a marca de 40 dias sem homicídios. Trata-se, no ano, do maior período sem a ocorrência desse tipo de crime na cidade. Neste semestre foram apenas três casos, estatística que impressiona se comparada aos índices de violência de municípios de porte semelhante - Maringá tem 335 mil habitantes. Em Cascavel (296 mil habitantes), no Oeste, somente no último fim de semana houve dois assassinatos. Ponta Grossa (314 mil habitantes), nos Campos Gerais, já soma nove homicídios no semestre.
De acordo com estatísticas das polícias Civil e Militar, a Cidade Canção teve neste ano 31 homicídios, número idêntico ao registrado no mesmo período do ano passado. Em Cascavel foram 94 mortes e em Ponta Grossa, 36. Isso coloca Maringá como a cidade, entre as três, com a menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes (9,23), contra 11,4 de Ponta Grossa e 31,72 de Cascavel.
O Mapa da Violência 2008, compilação de índices nacionais de violência elaborada com apoio do Ministério da Justiça, ratifica essa condição. Considerando-se as cinco maiores cidades do estado, Maringá apresenta a taxa de assassinatos mais baixa (11,5, por 100 mil habitantes). Na sequência estão Ponta Grossa (17,9), Londrina (35,2), Curitiba (44,7) e Foz do Iguaçu (106,8). Os dados utilizados no estudo são de 2006.
O maior número de casos neste ano em Maringá se deu no intervalo entre os meses de março e maio, com 19 mortes - 61% do total. A maioria dos crimes ocorreu nos finais de semana, como nos dias 23 e 24 de maio, quando dois jovens foram mortos em bares da cidade - uma adolescente em uma boate da região central e um rapaz que estava em um bar. Junho e julho, por outro lado, foram os meses mais pacíficos, com apenas uma morte cada.
O último homicídio na cidade aconteceu em 16 de agosto: um homem de 29 anos recebeu três tiros por ter envenenado um cachorro, no bairro Vila Operária. Em julho a cidade já havia completado 25 dias sem essa ocorrência, quando um andarilho morreu atingido por golpes de lajota.
Explicações
Entre os diferenciais de Maringá está o pioneirismo na discussão da violência. O município foi o primeiro do país a criar um Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), há 27 anos - hoje organismos do gênero estão disseminados por todo o país. As reuniões do conselho, que reúne desde representantes de associações de moradores até empresários, são semanais e duram duas horas. O órgão auxilia na formulação das políticas públicas da área e desenvolve projetos autônomos, como oficinas de combate ao uso de drogas entre jovens.
A academia também se envolve. A Universidade Estadual de Maringá (UEM) articula a criação de um núcleo de estudos sobre a violência na região Noroeste, a exemplo do que já ocorre na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Moreno destaca ainda os bons indicadores socioeconômicos do município. Levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan)divulgado há um mês mostra que Maringá é a 2ª é a cidade mais desenvolvida do Paraná, atrás apenas de Londrina. O estudo leva em conta aspectos de emprego e renda, saúde e educação, fatores que, pondera Morena, inibem o surgimento da violência.
Para a Polícia Militar, o reduzido número de assassinatos se deve a uma divisão no trabalho realizado na cidade: enquanto o setor de inteligência da PM foca o combate a assaltos e ao uso irregular de armas, o Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) se volta para o tráfico de drogas. "Temos ainda a Força Samurai e Força Alfa, que realizaram operações recentes na cidade", diz o tenente Alexandro Marcolino, da comunicação social da PM.
Apesar desse olhar positivo de autoridades e da comunidade, alguns especialistas são céticos. A coordenadora do Observatório das Metrópoles, órgão que estuda problemas urbanos, Ana Lúcia Rodrigues, afirma que Maringá só tem índices reduzidos porque joga o problema para cidades vizinhas, como Sarandi e Paiçandu. Leia abaixo a análise completa.
Último crime na cidade ocorreu em agosto. O municipio teve neste ano 31 assassinatos, contra 36 de Ponta Grossa e 94 de Cascavel. Especialistas apontam engajamento da população e elevados indicadores sociais como responsáveis pela escassez de crimes
Maringá completa neste sábado (26) a marca de 40 dias sem homicídios. Trata-se, no ano, do maior período sem a ocorrência desse tipo de crime na cidade. Neste semestre foram apenas três casos, estatística que impressiona se comparada aos índices de violência de municípios de porte semelhante - Maringá tem 335 mil habitantes. Em Cascavel (296 mil habitantes), no Oeste, somente no último fim de semana houve dois assassinatos. Ponta Grossa (314 mil habitantes), nos Campos Gerais, já soma nove homicídios no semestre.
De acordo com estatísticas das polícias Civil e Militar, a Cidade Canção teve neste ano 31 homicídios, número idêntico ao registrado no mesmo período do ano passado. Em Cascavel foram 94 mortes e em Ponta Grossa, 36. Isso coloca Maringá como a cidade, entre as três, com a menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes (9,23), contra 11,4 de Ponta Grossa e 31,72 de Cascavel.
O Mapa da Violência 2008, compilação de índices nacionais de violência elaborada com apoio do Ministério da Justiça, ratifica essa condição. Considerando-se as cinco maiores cidades do estado, Maringá apresenta a taxa de assassinatos mais baixa (11,5, por 100 mil habitantes). Na sequência estão Ponta Grossa (17,9), Londrina (35,2), Curitiba (44,7) e Foz do Iguaçu (106,8). Os dados utilizados no estudo são de 2006.
O maior número de casos neste ano em Maringá se deu no intervalo entre os meses de março e maio, com 19 mortes - 61% do total. A maioria dos crimes ocorreu nos finais de semana, como nos dias 23 e 24 de maio, quando dois jovens foram mortos em bares da cidade - uma adolescente em uma boate da região central e um rapaz que estava em um bar. Junho e julho, por outro lado, foram os meses mais pacíficos, com apenas uma morte cada.
O último homicídio na cidade aconteceu em 16 de agosto: um homem de 29 anos recebeu três tiros por ter envenenado um cachorro, no bairro Vila Operária. Em julho a cidade já havia completado 25 dias sem essa ocorrência, quando um andarilho morreu atingido por golpes de lajota.
Explicações
Entre os diferenciais de Maringá está o pioneirismo na discussão da violência. O município foi o primeiro do país a criar um Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), há 27 anos - hoje organismos do gênero estão disseminados por todo o país. As reuniões do conselho, que reúne desde representantes de associações de moradores até empresários, são semanais e duram duas horas. O órgão auxilia na formulação das políticas públicas da área e desenvolve projetos autônomos, como oficinas de combate ao uso de drogas entre jovens.
A academia também se envolve. A Universidade Estadual de Maringá (UEM) articula a criação de um núcleo de estudos sobre a violência na região Noroeste, a exemplo do que já ocorre na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Moreno destaca ainda os bons indicadores socioeconômicos do município. Levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan)divulgado há um mês mostra que Maringá é a 2ª é a cidade mais desenvolvida do Paraná, atrás apenas de Londrina. O estudo leva em conta aspectos de emprego e renda, saúde e educação, fatores que, pondera Morena, inibem o surgimento da violência.
Para a Polícia Militar, o reduzido número de assassinatos se deve a uma divisão no trabalho realizado na cidade: enquanto o setor de inteligência da PM foca o combate a assaltos e ao uso irregular de armas, o Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) se volta para o tráfico de drogas. "Temos ainda a Força Samurai e Força Alfa, que realizaram operações recentes na cidade", diz o tenente Alexandro Marcolino, da comunicação social da PM.
Apesar desse olhar positivo de autoridades e da comunidade, alguns especialistas são céticos. A coordenadora do Observatório das Metrópoles, órgão que estuda problemas urbanos, Ana Lúcia Rodrigues, afirma que Maringá só tem índices reduzidos porque joga o problema para cidades vizinhas, como Sarandi e Paiçandu. Leia abaixo a análise completa.
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