JORNAL DE MARINGÁ, 26 de setembro de 2009
Coordenadora do órgão rechaça a tese de que a cidade está em posição privilegiada e afirma que a violência da região se concentra em Paiçandu e Sarandi. As duas cidades têm, de fato, índices relativos de homicídio maiores que os de Maringá
Maringá tem baixos índices de homicídio porque empurra o problema para as vizinhas Sarandi e Paiçandu, afirma a coordenadora do Observatório das Metrópoles, órgão que estuda problemas urbanos, Ana Lúcia Rodrigues. Ela também é professora de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e articula a criação de um núcleo de estudos sobre a violência na região Noroeste.
"A nossa cidade tem um processo de crescimento no qual os problemas são empurrados para os municípios vizinhos. Ela se preserva de taxas altas de homicídios, mas o mesmo não se dá com Sarandi e Paiçandu, que formam um cinturão que engloba os problemas de Maringá", critica a estudiosa.
A raiz desse processo, na visão dela, está na especulação imobiliária. Como Maringá enfrenta desde 2006 uma forte alta no valor dos terrenos e imóveis, a população de baixa renda não tem acesso à cidade e migra para os municíoios periféricos, onde a infraestrutura é mais carente e, assim, a chance de proliferação da violência cresce. “Achamos um caminho de jogar nossos problemas para os vizinhos. Cascavel, por exemplo, não tem uma região metropolitana que incorpore a sua problemática.”
Dados das polícias Militar e Civil dão força à argumentação da professora. Paiçandu teve neste ano seis homicídios e Sarandi, 13 - o que resulta em uma média de 15 homicídios por 100 mil habitantes, para ambas as cidades. Em Maringá, esse mesmo índice é de 9,23.
Ana Lúcia afirma ainda que, em 2003, segundo estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o município teve 17 homicídios. Considerando que no ano passado esse número chegou a 44, ela nota um aumento preocupante.
"Temos um índice baixo em comparação com outras cidades, mas vemos observando um crescimento constante. A cidade não conseguiu se manter na faixa inferior a 20 assassinatos por ano. Isso mostra que estamos no mesmo universo de violência e problemática social que as demais cidades do país. Não somos um fenômeno."
Solução está em políticas conjuntas
Para a professora, a solução para o problema passa essencialmente pelo Estado, que deve formular políticas públicas que afastem a juventude da criminalidade. Esse trabalho, acrescenta, precisa ser executado de forma integrada entre as cidades da região.
"Não dá para pensar em manter a política localista, com guerra fiscal e etc. Essa é uma prática ineficaz. Precisamos parar de brincar de ser região metropolitana e assumir um compromisso sério com os municípios vizinhos, formulando políticas conjuntas, porque o problema de Sarandi também é de responsabilidade de Maringá. Nós ajudamos a criá-lo."
Entre os investimentos que devem ser feitos, Ana Lúcia destaca a oferta de educação em período integral e a ampliação do acesso à informática, com cursos de capacitação na área. Já a integração entre as cidades está mais próxima de ser atingida - pelo menos no que diz respeito ao combate à violência, pois há mais de um ano foi criado o Conselho de Segurança (Conseg) Metropolitano, que reúne representantes de conselhos comunitários de 17 municípios da região e busca alternativas comuns para a questão.
Coordenadora do órgão rechaça a tese de que a cidade está em posição privilegiada e afirma que a violência da região se concentra em Paiçandu e Sarandi. As duas cidades têm, de fato, índices relativos de homicídio maiores que os de Maringá
Maringá tem baixos índices de homicídio porque empurra o problema para as vizinhas Sarandi e Paiçandu, afirma a coordenadora do Observatório das Metrópoles, órgão que estuda problemas urbanos, Ana Lúcia Rodrigues. Ela também é professora de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e articula a criação de um núcleo de estudos sobre a violência na região Noroeste.
"A nossa cidade tem um processo de crescimento no qual os problemas são empurrados para os municípios vizinhos. Ela se preserva de taxas altas de homicídios, mas o mesmo não se dá com Sarandi e Paiçandu, que formam um cinturão que engloba os problemas de Maringá", critica a estudiosa.
A raiz desse processo, na visão dela, está na especulação imobiliária. Como Maringá enfrenta desde 2006 uma forte alta no valor dos terrenos e imóveis, a população de baixa renda não tem acesso à cidade e migra para os municíoios periféricos, onde a infraestrutura é mais carente e, assim, a chance de proliferação da violência cresce. “Achamos um caminho de jogar nossos problemas para os vizinhos. Cascavel, por exemplo, não tem uma região metropolitana que incorpore a sua problemática.”
Dados das polícias Militar e Civil dão força à argumentação da professora. Paiçandu teve neste ano seis homicídios e Sarandi, 13 - o que resulta em uma média de 15 homicídios por 100 mil habitantes, para ambas as cidades. Em Maringá, esse mesmo índice é de 9,23.
Ana Lúcia afirma ainda que, em 2003, segundo estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o município teve 17 homicídios. Considerando que no ano passado esse número chegou a 44, ela nota um aumento preocupante.
"Temos um índice baixo em comparação com outras cidades, mas vemos observando um crescimento constante. A cidade não conseguiu se manter na faixa inferior a 20 assassinatos por ano. Isso mostra que estamos no mesmo universo de violência e problemática social que as demais cidades do país. Não somos um fenômeno."
Solução está em políticas conjuntas
Para a professora, a solução para o problema passa essencialmente pelo Estado, que deve formular políticas públicas que afastem a juventude da criminalidade. Esse trabalho, acrescenta, precisa ser executado de forma integrada entre as cidades da região.
"Não dá para pensar em manter a política localista, com guerra fiscal e etc. Essa é uma prática ineficaz. Precisamos parar de brincar de ser região metropolitana e assumir um compromisso sério com os municípios vizinhos, formulando políticas conjuntas, porque o problema de Sarandi também é de responsabilidade de Maringá. Nós ajudamos a criá-lo."
Entre os investimentos que devem ser feitos, Ana Lúcia destaca a oferta de educação em período integral e a ampliação do acesso à informática, com cursos de capacitação na área. Já a integração entre as cidades está mais próxima de ser atingida - pelo menos no que diz respeito ao combate à violência, pois há mais de um ano foi criado o Conselho de Segurança (Conseg) Metropolitano, que reúne representantes de conselhos comunitários de 17 municípios da região e busca alternativas comuns para a questão.
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