quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Especialista defende ordenamento visual

JORNAL DE LONDRINA, 2 de setembro de 2009


Regina Monteiro, que ajudou a mudar a cara de São Paulo, alerta para o avanço da “necrose urbana” em Londrina


A arquiteta Regina Monteiro, diretora de paisagem urbana e meio ambiente da Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo (Emurb), chegou ontem a Londrina e promete, em dois dias, fazer fervilhar a discussão sobre o projeto Cidade Limpa de Londrina, cópia da lei aplicada em São Paulo a partir de 2007. Integrante da Ong Defesa São Paulo, Regina debate o ordenamento urbano desde 1993.

A funcionária veio a convite da Prefeitura de Londrina, que enviou na semana passada aos vereadores um projeto semelhante ao paulistano. O Cidade Limpa de Londrina também promete limpar as ruas do excesso de publicidade e propaganda, estancando a ocupação irregular dos espaços públicos e privados com anúncios. A arquiteta que viaja o País e o mundo para contar como São Paulo foi reordenada estará hoje com “o outro lado”: a partir das 14h, encontra-se com profissionais da Associação de Publicidade e Propaganda (APP), que qualifica a iniciativa da capital como extremamente radical.

Logo na primeira imagem da apresentação a funcionários da Secretaria Municipal do Ambiente ontem, a arquiteta mostrou uma rua de São Paulo que mais parece a Rua Sergipe com o caos habitual da via que certamente é a mais degradada de Londrina: “Guardadas as proporções o que ocorre aqui é muito semelhante. Há espaços com necrose urbana evidente”, diz a especialista”, que defende o direito das cidades de eliminar a baderna visual. Na exposição, mostrou como painéis esconderam fachadas históricas e pioraram praças, rotatórias e calçadas lá – e aqui. “Em Londrina a paisagem já está saturada. Começam sobrar espaços vagos para outdoors nas ruas. E sobram porque não geram mais interesse de tão poluídos que são”, diagnostica.

A arquiteta explica que a lei de ordenamento de publicidades em São Paulo era tão complicada que imobilizava a ação de fiscais que sequer entendiam como intervir em condutas ilegais. “Optamos por uma lei simples e clara sem problemas para a fiscalização”. As multas mínimas partem de R$ 10 mil e somam R$ 1 mil a cada metro quadrado de placas irregulares. “A multa também foi pensada para ser mais cara de qualquer maneira, até para pagar propina de 10% para qualquer fiscalização. Ia doer no bolso de todo jeito”. Até mesmo caminhões de entrega tiveram que se adequar: anúncios, só do próprio produto transportado – nunca de outras marcas.

“Nos acusaram como responsáveis por desempregar até 20 mil pessoas. O que aconteceu foi uma mudança que gerou outro mercado. Só perdeu quem quis”. Com o Cidade Limpa, argumenta a especialista, a mídia migrou de fora para dentro dos ambientes – “com muito mais originalidade que com simples outdoors de rua”. Pelas características naturais da cidade, Regina afirma que o fim do vale-tudo publicitário em Londrina “vai exibir muito mais essa bela cidade”.

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