quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Inflação é a maior desde 2005 e ministro da Fazenda teme pessimismo

O ESTADO DE S. PAULO, 9 de fevereiro de 2010

Alimentação, bebidas e transportes foram os vilões da alta e contribuíram com 0,56 ponto porcentual do IPCA, causando 67% da taxa de janeiro


A inflação do IPCA, o índice oficial do sistema de metas, ficou em 0,83% em janeiro, o maior resultado (junto com o de novembro de 2010) desde abril de 2005, quando foi de 0,87%. O IPCA em 12 meses subiu de 5,91%, até dezembro, para 5,99%, até janeiro.

Agora, segundo analistas, é possível que a inflação em 12 meses ultrapasse o teto da margem de tolerância do sistema de metas, de 6,5%, em meados de 2011. Trazer o IPCA de volta a 4,5%, o centro da meta, no fim deste ano é considerado virtualmente impossível, e parte expressiva do mercado já aposta que isso não ocorrerá nem em 2012.

Em janeiro, o IPCA foi puxado pelos itens alimentação e bebidas, que tiveram alta de 1,16%, e transportes, com 1,55%. Esses dois itens contribuíram com 0,56 ponto porcentual do IPCA de 0,83% de janeiro, causando, portanto, 67% da inflação do mês. O maior impacto veio do aumento de 4,13% nas tarifas dos ônibus urbanos, puxado pelas altas em São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Salvador.

No caso de alimentação e bebidas, houve um recuo em janeiro em relação à alta de 1,32% em dezembro. Felipe Tâmega, economista-chefe do grupo Modal, nota que o complexo carne, e em especial a carne de porco, está contribuindo para conter a alta dos alimentos.

Alimentos. A maior alta da alimentação, de 1,86%, ocorreu na região metropolitana do Rio de Janeiro, por causas das chuvas que provocaram estragos nas lavouras da região serrana. Alguns aumentos expressivos no IPCA de janeiro foram o do tomate, com 27,1%, cenoura (22,32%) e hortaliças (15,57%).

Tatiana Pinheiro, economista do Santander, diz que não se deve superestimar o papel dos alimentos na inflação de janeiro. Ela nota que, em novembro, quando o IPCA também foi de 0,83%, os alimentos subiram 2,22% - bem mais, portanto, do que a alta de 1,16% de janeiro. Além disso, o índice de difusão (o porcentual de itens do índice que tiveram aumento de preços) foi de 67,6% em janeiro, excluindo-se a alimentação. Quando ela é incluída, a diferença é pouca e o índice de difusão vai para 69,3%. Em agosto, em ambos os casos, o índice estava em torno de 48%: "Isso corrobora que é um movimento generalizado, fruto da atividade econômica aquecida, dos aumentos reais de salário em função do mercado de trabalho apertado, da indexação de serviços e do aumento internacional das commodities".

Segundos os cálculos realizados por Ariadne Vitoriano, da Rosenberg & Associados, o núcleo do IPCA que exclui alimentos com preços voláteis e combustíveis subiu 0,76% em janeiro. Outros tipos de núcleos variaram entre 0,54% e 0,8%.

Em fevereiro, quando a inflação esperada pelo mercado já está na faixa de 0,8% a 0,9%, a expectativa é que o grande vilão seja a educação, com a alta sazonal de matrículas e mensalidades.

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