quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Congresso: sindicalistas protestam por mínimo de 580 reais

VEJA ONLINE, 9 de fevereiro de 2010

Manifestação ocorre no dia em que projeto com valor de 545 reais entra em pauta; trabalhadores estimam reunir 1.000 pessoas


Em resposta à pressão do governo federal, que anunciou ter encerrado as negociações em torno do salário mínimo, as centrais sindicais resolveram subir ainda mais o tom para tentar impedir a aprovação do valor de 545 reais. O Planalto anunciou que vai enviar um projeto de lei ao Congresso com a proposta, que deve ser votada na próxima terça-feira. Em reunião na manhã desta quarta, em São Paulo, os sindicalistas marcaram para a próxima semana duas manifestações em Brasília.

Representantes das centrais sindicais e de organizações sociais, como o Movimento dos Sem Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) dizem que vão ocupar os corredores do Congresso Nacional na terça e na quarta-feiras, ao meio-dia, para tentar mobilizar os parlamentares a seu favor antes da votação. A estimativa dos trabalhadores é que 1.000 pessoas se dividam entre a ala das comissões e o salão verde, por onde deputados e senadores mais circulam, para fazer a abordagem de “sensibilização” sobre a necessidade de um salário mínimo maior que o pretendido pelo governo.

Enquanto os dois grandes atos não acontecem, os movimentos sindicais dos estados estão se mobilizando. Nesta quarta, em São Paulo, cerca de 15.000 metalúrgicos de 19 fábricas fizeram uma paralisação de duas horas e protestos na zona leste da capital pedindo o mínimo de 580 reais, o reajuste da remuneração de aposentados e a correção da tabela do imposto de renda. Ainda estão sendo estudadas possíveis manifestações de outras categorias para o fim desta e início da próxima semana.

Sem acordo - O embate entre governo e representantes das centrais começou a se acirrar na semana passada, quando sindicalistas saíram de uma reunião com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Trabalho, Carlos Lupi, esbravejando contra a política adotada pelo governo Dilma. Exigiam o valor de 580 reais para o mínimo e ganho real acima da inflação já em 2011. Governistas bateram o pé: o valor seria de 545 reais, respeitando o acordo firmado em 2007 sobre a política de valorização do salário, que determina ajuste referente à variação do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos dois anos mais a inflação do ano anterior.

Sem acordo, ambos os lados jogaram a disputa para o Congresso. O governo já anunciou que irá enviar um projeto de lei sobre o ajuste ainda nesta semana, para ser votado em sessão extraordinária na próxima terça-feira - uma clara manobra regimental para que Dilma passe no primeiro teste de força política no Parlamento. A base aliada já se manifestou a favor do projeto, com exceção do PDT, partido do deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), presidente da Força Sindical. A oposição, por sua vez, resiste.


Tucanos da Câmara
brigarão por mínimo
de 600 reais

O PSDB da Câmara fechou questão: vai mesmo defender um salário mínimo de 600 reais, como defendeu, na campanha, o candidato tucano à Presidência, José Serra – que, a propósito, participou da reunião da bancada em que os parlamentares deliberaram sobre o assunto, nesta quarta-feira, em Brasília.

Os tucanos do Senado já haviam decidido brigar pelo mínimo de 600 reais. O PSDB corre o risco de ficar sozinho nesta empreitada: os próprios sindicalistas brigam pelo mínimo de 580 reais. O DEM está dividido, mas o líder do partido na Câmara, ACM Neto (DEM-BA), defende um mínimo de 565 reais. O governo continua insistindo nos 545.


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