FOLHA DE LONDRINA, 25 de janeiro de 2011
O panorama durante todo o dia de ontem no Pronto-Atendimento Municipal (PAM) e no Pronto-Atendimento Infantil (PAI) refletia exatamente a crise pela qual passa a saúde em Londrina. Pessoas idosas sentadas ou deitadas no chão, algumas mulheres em pé amamentando seus filhos e muitas crianças e pais esperando o horário do atendimento.
No PAM, a demora chegava a seis horas, já que cerca de 250 pessoas haviam procurado a unidade por tratamento - até às 19 horas de ontem - e somente dois médicos estavam de plantão. Cerca de 60 pessoas ainda esperavam para ser atendidas, e os pacientes não paravam de chegar.
No PAI a situação era ainda pior, porque durante o período da tarde somente uma médica prestava atendimento e, segundo informações da coordenação da unidade, mais de 200 pessoas procuraram atendimento no local. Quem havia chegado depois das 16 horas, ainda nem havia passado pela triagem na enfermaria.
Neide da Cruz, que esperava o marido ser chamado para o atendimento, afirma que chegou na unidade às oito horas. ''Ele está com sintomas de dengue e chegamos bem cedo. Mesmo assim ele só passou pela triagem com os enfermeiros e ainda não foi atendido. Eu não tenho esperanças de sair daqui antes da madrugada. O descaso é grande'', lamenta.
Já Ivanira Carvalho, que acompanhava a filha - grávida de nove meses -, chegou a ameaçar ''fazer um escândalo'' no local se acontecesse alguma coisa com seu neto. ''Minha filha está passando mal e eu não sei o que fazer. Imagina a situação de uma mulher de nove meses que tem que ficar esperando nesse calor, doente.'', desabafa.
Médicos querem melhores condições de trabalho - Os médicos de Londrina, juntamente com o Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) e o Sindicato dos Médicos do Norte do Estado, estão reivindicando melhores condições de trabalho à nova secretária de Saúde, Ana Olympia Dornellas. A situação da Saúde na cidade é tão urgente que o Simepar pediu um encontro com a secretária para discutir assuntos pertinentes à categoria. O Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná fez uma reunião na noite de ontem, na Associação Médica de Londrina, com os profissionais que atuam na rede pública de saúde para discutir as reivindicações da classe.
O diretor da Simepar, José Carlos Cortellassi, afirmou que a saúde sofre problemas na cidade há muitos anos. ''Não é uma situação recente. Em fevereiro de 2010 a diretoria do Simepar veio a Londrina especialmente para entregar ao então secretário, Agajan (Der Bedrossian), um plano de Planos de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) feito pela Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Federação Getúlio Vargas, com uma visão nova, especialmente para médicos, que estava sendo aplicado em todo País. Falamos para que ele levasse ao prefeito, mas nunca tivemos resposta'', conta.
''Os médicos estão saindo da rede pública por falta de condições de trabalho, por estarem insatisfeitos com a remuneração. Sempre mandamos ofícios para a Prefeitura para discutir esses assuntos, mas até hoje não obtivemos resposta. Agora, com a nova secretária, esperamos ter um canal de comunicação aberto.''
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná, Alberto Toshio Oba, o principal pedido dos profissionais é quanto à condição de trabalho. ''Existem profissionais que chegam ao plantão e já possuem cem pacientes para atender. As pessoas ficam esperando não porque o médico ficou parado, mas porque ele não é fisicamente capaz de atender um paciente por minuto. Além disso, existe falta de material básico para trabalhar e eles não podem fazer hora extra. É muito complicado e quem sente é a população.''
Toshio ainda afirma que, com a reunião, o Sindicato poderia conversar internamente e decidir como irá discutir com a Prefeitura o problema dos profissionais. ''Essa reunião serviu para que a gente soubesse realmente a situação dos médicos. Agora podemos agir. Vamos lutar para que eles tenham condições de trabalhar. Além disso, precisamos de mais médicos'', comenta. ''Agora, se você perguntar qual seria o problema básico da saúde é simples: dinheiro.''
A secretária de Saúde não quis comentar sobre a reunião até que ela soubesse oficialmente os assuntos tratados. ''Vou conversar com o sindicato primeiro.''
Denúncia - Sobre a denúncia feita pelo prefeito Barbosa Neto (PDT) de que alguns médicos estavam entregando atestados de saúde para não darem plantão na rede municipal em troca do plantão na rede estadual, Toshio afirmou que o Sindicato não trata deste assunto. ''Não tenho conhecimento disso, mas é uma conduta criminosa que deve ser tratada entre empregador e empregado'', afirma.
O panorama durante todo o dia de ontem no Pronto-Atendimento Municipal (PAM) e no Pronto-Atendimento Infantil (PAI) refletia exatamente a crise pela qual passa a saúde em Londrina. Pessoas idosas sentadas ou deitadas no chão, algumas mulheres em pé amamentando seus filhos e muitas crianças e pais esperando o horário do atendimento.
No PAM, a demora chegava a seis horas, já que cerca de 250 pessoas haviam procurado a unidade por tratamento - até às 19 horas de ontem - e somente dois médicos estavam de plantão. Cerca de 60 pessoas ainda esperavam para ser atendidas, e os pacientes não paravam de chegar.
No PAI a situação era ainda pior, porque durante o período da tarde somente uma médica prestava atendimento e, segundo informações da coordenação da unidade, mais de 200 pessoas procuraram atendimento no local. Quem havia chegado depois das 16 horas, ainda nem havia passado pela triagem na enfermaria.
Neide da Cruz, que esperava o marido ser chamado para o atendimento, afirma que chegou na unidade às oito horas. ''Ele está com sintomas de dengue e chegamos bem cedo. Mesmo assim ele só passou pela triagem com os enfermeiros e ainda não foi atendido. Eu não tenho esperanças de sair daqui antes da madrugada. O descaso é grande'', lamenta.
Já Ivanira Carvalho, que acompanhava a filha - grávida de nove meses -, chegou a ameaçar ''fazer um escândalo'' no local se acontecesse alguma coisa com seu neto. ''Minha filha está passando mal e eu não sei o que fazer. Imagina a situação de uma mulher de nove meses que tem que ficar esperando nesse calor, doente.'', desabafa.
Médicos querem melhores condições de trabalho - Os médicos de Londrina, juntamente com o Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) e o Sindicato dos Médicos do Norte do Estado, estão reivindicando melhores condições de trabalho à nova secretária de Saúde, Ana Olympia Dornellas. A situação da Saúde na cidade é tão urgente que o Simepar pediu um encontro com a secretária para discutir assuntos pertinentes à categoria. O Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná fez uma reunião na noite de ontem, na Associação Médica de Londrina, com os profissionais que atuam na rede pública de saúde para discutir as reivindicações da classe.
O diretor da Simepar, José Carlos Cortellassi, afirmou que a saúde sofre problemas na cidade há muitos anos. ''Não é uma situação recente. Em fevereiro de 2010 a diretoria do Simepar veio a Londrina especialmente para entregar ao então secretário, Agajan (Der Bedrossian), um plano de Planos de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) feito pela Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Federação Getúlio Vargas, com uma visão nova, especialmente para médicos, que estava sendo aplicado em todo País. Falamos para que ele levasse ao prefeito, mas nunca tivemos resposta'', conta.
''Os médicos estão saindo da rede pública por falta de condições de trabalho, por estarem insatisfeitos com a remuneração. Sempre mandamos ofícios para a Prefeitura para discutir esses assuntos, mas até hoje não obtivemos resposta. Agora, com a nova secretária, esperamos ter um canal de comunicação aberto.''
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná, Alberto Toshio Oba, o principal pedido dos profissionais é quanto à condição de trabalho. ''Existem profissionais que chegam ao plantão e já possuem cem pacientes para atender. As pessoas ficam esperando não porque o médico ficou parado, mas porque ele não é fisicamente capaz de atender um paciente por minuto. Além disso, existe falta de material básico para trabalhar e eles não podem fazer hora extra. É muito complicado e quem sente é a população.''
Toshio ainda afirma que, com a reunião, o Sindicato poderia conversar internamente e decidir como irá discutir com a Prefeitura o problema dos profissionais. ''Essa reunião serviu para que a gente soubesse realmente a situação dos médicos. Agora podemos agir. Vamos lutar para que eles tenham condições de trabalhar. Além disso, precisamos de mais médicos'', comenta. ''Agora, se você perguntar qual seria o problema básico da saúde é simples: dinheiro.''
A secretária de Saúde não quis comentar sobre a reunião até que ela soubesse oficialmente os assuntos tratados. ''Vou conversar com o sindicato primeiro.''
Denúncia - Sobre a denúncia feita pelo prefeito Barbosa Neto (PDT) de que alguns médicos estavam entregando atestados de saúde para não darem plantão na rede municipal em troca do plantão na rede estadual, Toshio afirmou que o Sindicato não trata deste assunto. ''Não tenho conhecimento disso, mas é uma conduta criminosa que deve ser tratada entre empregador e empregado'', afirma.
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