O GLOBO, Blog Repórter do Crime, Jorge Antonio Barros, 25 de novembro de 2010
Quem achava que a epidemia anunciada de crack no Rio não tinha nada a ver com a gente terá que mudar de ideia. O tráfico está recrutando usuários de crack para o exército de carbonários que desde domingo está incendiando veículos no Rio. Os bandidos oferecem material (garrafas pet com gasolina em mochilas) aos dependentes químicos para que incendeiem à noite carros estacionados nas ruas, em troca de cinco pedras de crack. Recebi a informação há pouco de uma fonte da área do Jacarezinho, onde 4 suspeitos foram mortos em confronto com a polícia. Até o início da tarde somava um total de 40 veículos incendiados desde domingo.
No início eram carros de passeio em circulação por estradas de acesso ao Rio e a Linha Vermelha. Ontem os bandidos começaram a incendiar ônibus e fizeram os primeiros feridos numa van e num coletivo. Esta madrugada deixei a redação com a informação de que um motorista de ônibus fora baleado durante um ataque em Cordovil, Zona Norte do Rio.
Apesar da reação da polícia e de todos os esforços das autoridades em conter os ânimos, o medo está instalado e muita gente já está em pânico, deixando até de ir ao trabalho. A Justiça Federal liberou seus funcionários hoje e amanhã, segundo informou mestre Ancelmo Gois. Muita gente tem enviado email perguntando como reagir diante das ameaças de ataques no fim de semana na Zona Sul do Rio, segundo matérias publicadas pela "Folha de S. Paulo" e pela "Veja". Com todo respeito a esses dois grandes veículos de comunicação, acho perigoso nesse momento a difusão de ameaças e boatos que podem apenas favorecer os criminosos, cujo principal objetivo é implantar o terror, em protesto contra a polícia e as autoridades da Segurança pública.
Não há dúvida de que o momento é extremamente delicado, mas volto a insistir que não devemos nos deixar dominar pelo medo e pelo pânico. Em algumas situações o medo é um sinal de alerta que nos ajuda a sobreviver, mas quando cresce de modo descontrolado funciona como um adversário impiedoso. Essa é hora de fdortalecermos nossa rede de proteção, tomarmos medidas básicas de segurança - como cadastrar telefones de emergência no celular - checarmos o tempo todo por email, SMS e celular como e onde estão nossos parentes e amigos, trocarmos informações sobre áreas e pontos mais vulneráveis e começarmos a pensar em estratégias a médio prazo, como o fortalecimento dos conselhos comunitários de segurança. Procure a delegacia e o batalhão da PM mais próximo de sua casa ou visite o site da Polícia Militar do Estado do Rio, onde estão sendo criados fóruns permanentes de discussão sobre segurança, de acordo com sua área residencial e de trabalho.
O momento exige coragem de todos nós cidadãos de bem, como bem apregoou ontem à noite o comentarista Arnaldo Jabor, no Jornal da Globo. E como bem diz o coordenador do Disque-Denúncia (2253-1177), Zeca Borges, não há como a polícia cuidar de todas as esquinas, mas em cada ponto desses há um cidadão que pode alertar a polícia e dar um telefonema ao serviço que só hoje já recebeu mais de 500 ligações. É a hora de apoiarmos a polícia, apesar das críticas que eventualmente mereça.
Quatro dias após o início dos ataques, o governo do estado tomou a primeira decisão acertadíssima, que foi pedir ajuda logísita à Marinha que nesse momento tem seus blindados entrando na Vila Cruzeiro, o maior bunker do tráfico, ao lado do Complexo do Alemão, na Penha. Cabral agiu nesse sentido em oposição ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, para quem não havia necessidade de pedir ajuda às forças federais. Há quem acredite também que Beltrame usou a velha tática da desinformação, para confundir o inimigo. Oficialmente afirmava que não pediria ajuda do governo federal, mas nos bastidores agia de modo contrário.
Quem faturou politicamente foi Cabral. Ele usou o caminho aberto nas relaçoes com a Marinha, favorecidas depois que não conseguiu apoio do então chefe do Comando Militar do Leste, há cerca de três anos. Com a Marinha obteve ajuda para reparar carros blindados da polícia. Além de seus tanques, a Marinha pode fornecer armas, munição e óculos de visão noturna, que tem de sobra nos quartéis dos fuzileiros navais, considerados uma tropa de elite das forças armadas.
Na região da Penha, o tiro come solto desde ontem, deixando quatro mortos, um deles uma adolescente de 14 anos e o pai do fotógrafo e companheiro Hudson Pontes, do GLOBO. Esta madrugada o Bope já estava posicionado para a ocupação, depois de apreender uma tonelada de maconha e sete fuzis, além de um apetrecho de ferro que, segundo a polícia, era usado para marcar em brasa as iniciais MK (Mica, um bandido da área) em seus desafetos.
As imagens do Globocop, o helicóptero da Globo, ontem, de mais de 20 bandidos armados de fuzis refugiados atrás de casas na Vila Cruzeiro, numa movimentação alucinada de motocicletas, não deixam dúvida de que passou da hora de a polícia ocupar aquela favela e quem sabe até instalar ali uma UPP de verdade, numa área dominada com mão de ferro pelo tráfico. A única exigência agora que a sociedade deve fazer às forças policiais e militares é que o banho de sangue poupe os inocentes. Porque os bandidos, assim como ocorreu na ocupação do Alemão em maio de 2007, não dão sinais de que vão depor as armas.
Quem achava que a epidemia anunciada de crack no Rio não tinha nada a ver com a gente terá que mudar de ideia. O tráfico está recrutando usuários de crack para o exército de carbonários que desde domingo está incendiando veículos no Rio. Os bandidos oferecem material (garrafas pet com gasolina em mochilas) aos dependentes químicos para que incendeiem à noite carros estacionados nas ruas, em troca de cinco pedras de crack. Recebi a informação há pouco de uma fonte da área do Jacarezinho, onde 4 suspeitos foram mortos em confronto com a polícia. Até o início da tarde somava um total de 40 veículos incendiados desde domingo.
No início eram carros de passeio em circulação por estradas de acesso ao Rio e a Linha Vermelha. Ontem os bandidos começaram a incendiar ônibus e fizeram os primeiros feridos numa van e num coletivo. Esta madrugada deixei a redação com a informação de que um motorista de ônibus fora baleado durante um ataque em Cordovil, Zona Norte do Rio.
Apesar da reação da polícia e de todos os esforços das autoridades em conter os ânimos, o medo está instalado e muita gente já está em pânico, deixando até de ir ao trabalho. A Justiça Federal liberou seus funcionários hoje e amanhã, segundo informou mestre Ancelmo Gois. Muita gente tem enviado email perguntando como reagir diante das ameaças de ataques no fim de semana na Zona Sul do Rio, segundo matérias publicadas pela "Folha de S. Paulo" e pela "Veja". Com todo respeito a esses dois grandes veículos de comunicação, acho perigoso nesse momento a difusão de ameaças e boatos que podem apenas favorecer os criminosos, cujo principal objetivo é implantar o terror, em protesto contra a polícia e as autoridades da Segurança pública.
Não há dúvida de que o momento é extremamente delicado, mas volto a insistir que não devemos nos deixar dominar pelo medo e pelo pânico. Em algumas situações o medo é um sinal de alerta que nos ajuda a sobreviver, mas quando cresce de modo descontrolado funciona como um adversário impiedoso. Essa é hora de fdortalecermos nossa rede de proteção, tomarmos medidas básicas de segurança - como cadastrar telefones de emergência no celular - checarmos o tempo todo por email, SMS e celular como e onde estão nossos parentes e amigos, trocarmos informações sobre áreas e pontos mais vulneráveis e começarmos a pensar em estratégias a médio prazo, como o fortalecimento dos conselhos comunitários de segurança. Procure a delegacia e o batalhão da PM mais próximo de sua casa ou visite o site da Polícia Militar do Estado do Rio, onde estão sendo criados fóruns permanentes de discussão sobre segurança, de acordo com sua área residencial e de trabalho.
O momento exige coragem de todos nós cidadãos de bem, como bem apregoou ontem à noite o comentarista Arnaldo Jabor, no Jornal da Globo. E como bem diz o coordenador do Disque-Denúncia (2253-1177), Zeca Borges, não há como a polícia cuidar de todas as esquinas, mas em cada ponto desses há um cidadão que pode alertar a polícia e dar um telefonema ao serviço que só hoje já recebeu mais de 500 ligações. É a hora de apoiarmos a polícia, apesar das críticas que eventualmente mereça.
Quatro dias após o início dos ataques, o governo do estado tomou a primeira decisão acertadíssima, que foi pedir ajuda logísita à Marinha que nesse momento tem seus blindados entrando na Vila Cruzeiro, o maior bunker do tráfico, ao lado do Complexo do Alemão, na Penha. Cabral agiu nesse sentido em oposição ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, para quem não havia necessidade de pedir ajuda às forças federais. Há quem acredite também que Beltrame usou a velha tática da desinformação, para confundir o inimigo. Oficialmente afirmava que não pediria ajuda do governo federal, mas nos bastidores agia de modo contrário.
Quem faturou politicamente foi Cabral. Ele usou o caminho aberto nas relaçoes com a Marinha, favorecidas depois que não conseguiu apoio do então chefe do Comando Militar do Leste, há cerca de três anos. Com a Marinha obteve ajuda para reparar carros blindados da polícia. Além de seus tanques, a Marinha pode fornecer armas, munição e óculos de visão noturna, que tem de sobra nos quartéis dos fuzileiros navais, considerados uma tropa de elite das forças armadas.
Na região da Penha, o tiro come solto desde ontem, deixando quatro mortos, um deles uma adolescente de 14 anos e o pai do fotógrafo e companheiro Hudson Pontes, do GLOBO. Esta madrugada o Bope já estava posicionado para a ocupação, depois de apreender uma tonelada de maconha e sete fuzis, além de um apetrecho de ferro que, segundo a polícia, era usado para marcar em brasa as iniciais MK (Mica, um bandido da área) em seus desafetos.
As imagens do Globocop, o helicóptero da Globo, ontem, de mais de 20 bandidos armados de fuzis refugiados atrás de casas na Vila Cruzeiro, numa movimentação alucinada de motocicletas, não deixam dúvida de que passou da hora de a polícia ocupar aquela favela e quem sabe até instalar ali uma UPP de verdade, numa área dominada com mão de ferro pelo tráfico. A única exigência agora que a sociedade deve fazer às forças policiais e militares é que o banho de sangue poupe os inocentes. Porque os bandidos, assim como ocorreu na ocupação do Alemão em maio de 2007, não dão sinais de que vão depor as armas.
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