FOLHA DE S. PAULO,, 26 de outubro de 2010
Então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) foi informada de estratégia para "desconstruir" na Eletrobras relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), vinculada à Presidência da República, que apontou irregularidade no programa federal Luz para Todos.
A informação foi transmitida a Dilma pelo ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau (ele próprio alvo do relatório da controladoria) durante conversa telefônica no dia 27 de maio de 2008.
O telefone de Silas estava grampeado pela Polícia Federal, que o investigava por suposto tráfico de influência no governo. A Folha teve acesso ao grampo.
Duas semanas antes da conversa com Dilma, Rondeau e o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal, aliado da petista há 25 anos no setor elétrico, tinham sido denunciados à Justiça sob a acusação de formação de quadrilha e desvio de recursos do Luz para Todos no Estado do Piauí.
Relatório - A base da denúncia feita ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) era justamente o relatório de auditoria da CGU, o qual, informa Rondeau a Dilma, seria desconstruído.
Na semana passada, a Folha revelou outro grampo da Polícia Federal, de setembro de 2008, em que Cardeal diz ao ex-ministro atuar contra o relatório dentro da estatal, ou seja, mantendo a estratégia já informada a Dilma quatro meses antes.
"Nós precisamos fazer os primeiros movimentos porque a coisa tá começando a complicar", diz o diretor. "Eu tenho umas informações boas, tá?", responde o ex-ministro.
Ainda no diálogo telefônico, o diretor da Eletrobras afirma ter "detonado" colegas que apontaram irregularidade na estatal.
A Controladoria-Geral da União informou que realmente reviu o relatório, manteve as "impropriedades" apontadas, mas isentou de responsabilidade Cardeal e outros "agentes envolvidos", o que beneficia Rondeau.
Apoio de Dilma - O diretor da Eletrobras e o ex-ministro foram denunciados após a Operação Navalha, realizada pela Polícia Federal em 2007, contra desvio de dinheiro público, que teve 40 mandados de prisão em nove Estados, além do Distrito Federal.
Na conversa com Dilma, Rondeau agradece o apoio da então ministra logo depois de ter sido denunciado à Justiça.
"Quero agradecer o seu apoio também. Tenho acompanhado", afirma o ex-ministro de Minas e Energia.
"Silas, e como está a situação. Melhorou?", pergunta Dilma Rousseff referindo-se à denúncia.
O ex-ministro responde que passou "ontem no Rio [de Janeiro], com o pessoal. A gente está desconstruindo toda aquela maluquice" do relatório da CGU, "que foi o que trocou os pés pelas mãos e fundamentou [a denúncia]. Então, hoje vou estar de novo com o Cardeal, o pessoal todo da Eletrobras. E os advogados devem estar conectando", diz Rondeau.
"Acho que agora que tem uma coisa formal tenho como me defender", acrescenta Rondeau. "É agora tem. Porque, se não, antes era uma coisa abstrata, né", responde a então ministra.
Outro lado - Dilma afirmou, por meio de sua assessoria, que o relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), "foi devidamente tratado e decidido pelos órgãos competentes".
"O TCU aprovou as contas do programa Luz para Todos. A CGU isentou os dirigentes", afirmou.
Dilma também citou em sua resposta que a Procuradoria da República arquivou investigação sobre irregularidade no programa no Piauí, como mostrou reportagem da Folha, no sábado.
A Procuradoria afirmou que sua decisão se refere a auditoria de 2009 no programa Luz para Todos.
A controladoria disse que não cedeu a qualquer lobby ou interferência. Segundo o órgão, faz parte da rotina reexaminar auditorias.
O diretor da Eletrobras Valter Cardeal nega ter usado o cargo contra o relatório da CGU. Ontem, ele não comentou o grampo de Dilma.
Na semana passada, perguntas encaminhadas à Eletrobras pela Folha foram divulgadas no site do jornalista Paulo Henrique Amorim, antes que a reportagem fosse publicada. Amorim é favorável à campanha de Dilma.
Segundo a estatal, o caso ainda está sendo apurado dentro da empresa.
A Folha não localizou Silas Rondeau. Ele sempre negou desvios no programa.
Então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) foi informada de estratégia para "desconstruir" na Eletrobras relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), vinculada à Presidência da República, que apontou irregularidade no programa federal Luz para Todos.
A informação foi transmitida a Dilma pelo ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau (ele próprio alvo do relatório da controladoria) durante conversa telefônica no dia 27 de maio de 2008.
O telefone de Silas estava grampeado pela Polícia Federal, que o investigava por suposto tráfico de influência no governo. A Folha teve acesso ao grampo.
Duas semanas antes da conversa com Dilma, Rondeau e o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal, aliado da petista há 25 anos no setor elétrico, tinham sido denunciados à Justiça sob a acusação de formação de quadrilha e desvio de recursos do Luz para Todos no Estado do Piauí.
Relatório - A base da denúncia feita ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) era justamente o relatório de auditoria da CGU, o qual, informa Rondeau a Dilma, seria desconstruído.
Na semana passada, a Folha revelou outro grampo da Polícia Federal, de setembro de 2008, em que Cardeal diz ao ex-ministro atuar contra o relatório dentro da estatal, ou seja, mantendo a estratégia já informada a Dilma quatro meses antes.
"Nós precisamos fazer os primeiros movimentos porque a coisa tá começando a complicar", diz o diretor. "Eu tenho umas informações boas, tá?", responde o ex-ministro.
Ainda no diálogo telefônico, o diretor da Eletrobras afirma ter "detonado" colegas que apontaram irregularidade na estatal.
A Controladoria-Geral da União informou que realmente reviu o relatório, manteve as "impropriedades" apontadas, mas isentou de responsabilidade Cardeal e outros "agentes envolvidos", o que beneficia Rondeau.
Apoio de Dilma - O diretor da Eletrobras e o ex-ministro foram denunciados após a Operação Navalha, realizada pela Polícia Federal em 2007, contra desvio de dinheiro público, que teve 40 mandados de prisão em nove Estados, além do Distrito Federal.
Na conversa com Dilma, Rondeau agradece o apoio da então ministra logo depois de ter sido denunciado à Justiça.
"Quero agradecer o seu apoio também. Tenho acompanhado", afirma o ex-ministro de Minas e Energia.
"Silas, e como está a situação. Melhorou?", pergunta Dilma Rousseff referindo-se à denúncia.
O ex-ministro responde que passou "ontem no Rio [de Janeiro], com o pessoal. A gente está desconstruindo toda aquela maluquice" do relatório da CGU, "que foi o que trocou os pés pelas mãos e fundamentou [a denúncia]. Então, hoje vou estar de novo com o Cardeal, o pessoal todo da Eletrobras. E os advogados devem estar conectando", diz Rondeau.
"Acho que agora que tem uma coisa formal tenho como me defender", acrescenta Rondeau. "É agora tem. Porque, se não, antes era uma coisa abstrata, né", responde a então ministra.
Outro lado - Dilma afirmou, por meio de sua assessoria, que o relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), "foi devidamente tratado e decidido pelos órgãos competentes".
"O TCU aprovou as contas do programa Luz para Todos. A CGU isentou os dirigentes", afirmou.
Dilma também citou em sua resposta que a Procuradoria da República arquivou investigação sobre irregularidade no programa no Piauí, como mostrou reportagem da Folha, no sábado.
A Procuradoria afirmou que sua decisão se refere a auditoria de 2009 no programa Luz para Todos.
A controladoria disse que não cedeu a qualquer lobby ou interferência. Segundo o órgão, faz parte da rotina reexaminar auditorias.
O diretor da Eletrobras Valter Cardeal nega ter usado o cargo contra o relatório da CGU. Ontem, ele não comentou o grampo de Dilma.
Na semana passada, perguntas encaminhadas à Eletrobras pela Folha foram divulgadas no site do jornalista Paulo Henrique Amorim, antes que a reportagem fosse publicada. Amorim é favorável à campanha de Dilma.
Segundo a estatal, o caso ainda está sendo apurado dentro da empresa.
A Folha não localizou Silas Rondeau. Ele sempre negou desvios no programa.
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