quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Curitiba é campeã nacional em poluição do ar

GAZETA DO POVO, 2 de setembro de 2010

Estudo do IBGE mostra que a região da capital é uma das que mais violam limites tolerados de poluição atmosférica


O levantamento “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe dados relativos à qualidade do ar preocupantes para os curitibanos. O estudo revela que, embora a concentração média de poluentes no ar seja inferior em Curitiba e região metropolitana (em comparação com São Paulo e Rio de Janeiro), a região da capital paranaense é uma das campeãs em picos de emissão de poluentes. Os dados mostram que a região de Curitiba foi a que mais violou os limites tolerados de poluição atmosférica nos últimos anos.

A pesquisa analisa seis tipos de poluentes diferentes: partículas totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis (PM10), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2). Quando a concentração dessas substâncias ultrapassa os padrões estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) pode afetar diretamente e imediatamente a saúde da população, segundo o IBGE. “Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de controle de qualidade do ar de curto e médio prazo”, diz o texto do estudo.

Os dados do IBGE mostram que, em 2008, a região metropolitana de Curitiba marcou 41 violações de PTS (poeira), contra 12 na região do Rio de Janeiro e quatro em São Paulo. Em relação ao PM10, espécie de poeira mais perigosa por ser mais fina e atingir com mais facilidade os pulmões, foram registrados 24 abusos na região de Curitiba, contra dois no Rio de Janeiro e dois em São Paulo.

Na série histórica do dióxido de enxofre, que pode causar chuva ácida, Curitiba chegou a registrar 13 violações em 2005. Outras regiões metropolitanas analisadas não passaram de três violações ao ano. Em relação ao dióxido de nitrogênio, a situação se repete. A região de Curitiba, em 2004, ultrapassou 85 vezes os limites toleráveis, um recorde. Já em relação à concentração de ozônio, o número de infrações de Curitiba e região tem diminuído, fechando 2008 com quatro ocorrências. Em 2000, Curitiba havia marcado 524 violações. Em São Paulo, a média a cada ano é de 240 abusos na concentração máxima permitida de ozônio.

Para o analista do IBGE no Paraná, Luís Alceu Paganotto, os números de violações de Curitiba e região metropolitana impressionam. “Em termos técnicos, existe um nível tolerado desses poluentes do ar. O número de violações representa quantas vezes se ultrapassou este marco”, afirma.

O professor de mestrado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP) Paulo Janissek concorda. “Preocupa porque tende a aumentar o índice, além disso, a ultrapassagem do limite não tem sido algo esporádico. Essas violações são um alerta”, afirma. Segundo ele, a quantidade de infrações registradas por Curitiba e região é explicada pelo crescimento da frota de automóveis e pelo aumento da produção industrial. O especialista explica, ainda, que o clima seco pode dificultar mais a dispersão desses poluentes, ao contrário do que acontece, por exemplo, no Rio de Janeiro, cidade litorânea.

Segundo Janissek, outro ponto que chama a atenção é o fato de Curitiba e região registrarem mais violações, mesmo tendo um número menor de estações de monitoramento desses gases. “A tendência seria de que com um número maior de estações se registrassem mais violações. É o mesmo que colocar mais radar na cidade.”

Para o secretário municipal de Meio Ambiente de Curitiba, José Antônio Andreguetto, a qualidade do ar de Curitiba continua excelente. Segundo ele, a maior parte dos dados mostrados pelo IBGE refere-se a estações de monitoramento que se encontram nos municípios da região metropolitana. De acordo com Andreguetto, a maior parte dos abusos é referente às estações de Colombo e Araucária. “É uma situação que não se enquadra a Curitiba”, afirma.

Andreguetto também minimiza a gravidade da situação apresentada pelos dados do IBGE. “Essas violações não querem dizer que é o caso de uma emergência e que temos de mobilizar a sociedade para evacuar a cidade”, diz. De acordo com Janissek, porém, é importante que essas violações sejam analisadas como alertas e sejam tomadas medidas de combate à poluição. São Paulo, por exemplo, tem registrado menos violações porque já trabalha no combate ao problema há anos. “Precisamos fiscalizar a frota e a indústria”, diz.


43% das casas são inadequadas
Agência Estado

Quatro em cada dez domicílios brasileiros eram inadequados para moradia em 2008, ou seja, não tinham algum dos indicadores considerados essenciais. O dado faz parte dos “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável” divulgados ontem pelo IBGE. Entre as condições consideradas essenciais estão densidade de até duas pessoas por dormitório; acesso à rede de esgoto ou fossa asséptica, acesso à rede geral de abastecimento de água e coleta de lixo.

Em 2008, eram 25 milhões de domicílios nessa situação, o equivalente a 43% das moradias brasileiras. Em contrapartida, 57% dos domicílios eram considerados adequados para habitação. Houve um avanço em comparação com o cenário mostrado em 1992, quando apenas 36,8% dos domicílios eram considerados adequados.


Um comentário:

Anônimo disse...

Curitiba continua minimizando todos os dados OFICIAIS, inclusive da violência.

Hoje, dia 01/09/2011, por exemplo, estou sentindo os olhos e a garganta arderem e tendo dificuldade para respirar.

Moro no Centro, ao lado do Passeio Público, portanto, não é só a região metropolitana que está poluída.

Curitibanos, continuem comprando carros e poluindo o ar que respiram.

Eu vou me mudar daqui, na primeira oportunidade.