quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Suplente teria oferecido R$ 10 mil por mandato de vereador em Londrina

JORNAL DE LONDRINA, 18 de agosto de 2010

Suplente de vereador é acusado de oferecer 10 mil reais a quem levasse à cassação de colega. Denúncia é de testemunha que representou contra Rodrigo Gouvêa


O suplente de vereador Zaqueu Berbel (PRP), que chegou a exercer o mandato quando do afastamento do titular da vaga, Rodrigo Gouvêa (sem partido), teria oferecido R$ 10 mil a quem cassasse o mandato de Gouvêa. A denúncia foi feita pela enfermeira Regina Amâncio, em depoimento prestado ontem na 4ª Vara Criminal, na ação que investiga a denúncia de que Gouvêa manteria uma funcionária fantasma em seu gabinete. Regina Amâncio é a autora da representação que resultou nas ações cível e criminal contra Gouvêa. Segundo as denúncias, ele manteria uma funcionária fantasma em seu gabinete. A enfermeira disse que não aceitou a oferta supostamente feita pelo suplente.

Segundo Regina Amâncio, Berbel insinuou que daria os R$ 10 mil a ela e teria feito a oferta a outras pessoas. “Ele aventou a possibilidade, dizendo que sobraram R$ 100 mil da campanha e ele não tinha o que fazer com esse dinheiro”, declarou.

Ela disse que Berbel queria que a denúncia fosse feita somente no Ministério Público (MP), não passando pela Câmara Municipal. Ela fez a denúncia na Câmara Municipal e no MP, contrariando a vontade do suplente. Berbel também teria ficado irritado com a negativa de Regina Amâncio de depor na Comissão Processante que investigou Gouvêa no Legislativo.

Gouvêa disse que a denúncia feita por Regina Amâncio “é importante”. “Pretendo que me deixem tranquilo”, afirmou. Ele afirmou que “política se ganha nas urnas e não no tapetão”, referindo-se à suposta tentativa do seu suplente de tomar o mandato. Sobre a denúncia da suposta fantasma, o vereador afirmou: “vamos provar que eu nunca tive funcionária fantasma”.

Procurado pelo JL, Berbel negou todas as acusações. “Jamais. Nunca. Não sou homem para isso”, reagiu. Na entrevista, o suplente disse acreditar que o depoimento de Regina Amâncio se deve a uma vingança. “Eu tive um entrevero com ela no Bar do Paulista, quando ela ficou de depor. Ela abriu o processo e era testemunha de acusação, mas se negou a depor”, lembrou. Por conta disso, Berbel teria se irritado com Regina Amâncio.

“Eu, na frente de diversas pessoas, destratei ela. Falei que ela só prestava desserviço para a sociedade, pois fez acusação e, na hora oportuna, se negava a depor. Eu disse palavrões para ela. Eu fiquei brabo”, ressaltou. O suplente, que voltava de um sítio no fim da tarde de ontem, disse que processaria Regina Amâncio pelo depoimento. “Se ela disse isso, vou processá-la. Não tem como ela sustentar”, disse.

Advogados estudam medidas - O advogado Guilherme Gonçalves, que defende Rodrigo Gouvêa (sem partido) afirmou que não vai “hesitar em tomar as medidas cabíveis contra todos os que fizeram alguma coisa” contra o seu cliente. Segundo ele, se confirmado o teor do depoimento fica “comprovada a tentativa de manipulação da Justiça”. “É muito grave isso”, completou Gonçalves, para quem o depoimento “pode abrir um fio de esclarecimento do porquê de tantas acusações” contra o seu cliente. “Está se fazendo justiça”, concluiu.

O criminalista Nilton Roberto da Silva Simão, o “Magoo”, que acompanhou a audiência, afirmou que Regina Amâncio “foi curta e grossa em dizer que tinha uma sobra de campanha de R$ 100 mil e que ele [Zaqueu Berbel] ofereceu R$ 10 mil a quem derrubasse Gouvêa”. Simão falou que pretende discutir com o cliente o que fazer a partir do depoimento de Regina Amâncio. “Ficou comprovada a motivação política”, declarou.

Procurado pelo JL, o promotor Cláudio Esteves, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que acompanhou a audiência, disse que o MP “vai avaliar ao final [do processo] se há consequência jurídica dessa denúncia”.

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