O ESTADO DE S. PAULO, 10 de agosto de 2010
Governo alerta secretarias sobre entrada do vírus 4 da dengue. Retorno do sorotipo 4 do vírus, cuja presença no Brasil não era registrada há 28 anos, pode trazer risco de epidemias e casos graves da doença
O Ministério da Saúde alertou as secretarias estaduais sobre fortes evidências do retorno ao Brasil do vírus DEN-4 da dengue, o que traz risco de casos graves da doença. Amostras positivas foram colhidas de quatro pacientes de Boa Vista (RR). Também a OMS foi notificada sobre a suspeita do governo. Há 28 anos o País não registra a presença do agente infeccioso e a maioria da população nunca teve contato com esse sorotipo.
O Ministério da Saúde alertou, na sexta-feira passada, todas as secretarias estaduais da Saúde do País sobre fortes evidências do retorno do sorotipo 4 do vírus da dengue ao Brasil, o que traz risco de epidemias e casos graves da doença, em razão de a maioria da população nunca ter entrado em contato com esse agente causador da doença.
Também a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu informe sobre a suspeita do governo brasileiro, pelo fato de o País não registrar a presença do sorotipo há 28 anos. As amostras positivas em testes iniciais foram colhidas de quatro pacientes de Boa Vista, onde o vírus 4 foi isolado pela primeira vez no fim de 1981. Depois disso, nunca mais o ministério reconheceu sua presença. Atualmente, circulam no Brasil três tipos do vírus.
"Há fortes indícios de serem amostras do sorotipo 4", afirmou ao Estado, da capital de Roraima, Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue.
O primeiro caso suspeito de infecção pelo sorotipo 4 foi notificado pela Secretaria Estadual da Saúde de Roraima no dia 30 de julho. Os pacientes, que se curaram sem necessidade de internação, não viajaram para outros países, o que evidencia que os casos seriam autóctones, ou seja, adquiridos na capital.
Na quinta-feira passada, após o Instituto Evandro Chagas (IEC) de Belém (PA) informar que, além do primeiro caso, outros três exames tinham resultados iniciais positivos para o vírus, o coordenador desembarcou em Boa Vista para auxiliar pessoalmente nos esforços e uma "sala de situação" foi criada no dia seguinte na capital.
A principal preocupação é com o risco de o sorotipo se espalhar para outros Estados. Outras 16 amostras aguardam avaliação no IEC.
Ações adicionais de prevenção foram implementadas nos quatro bairros (Buritis, Santa Teresa, Pricumã e Cidade Satélite) onde vivem os pacientes suspeitos - como fumacês e busca ativa de pessoas doentes. Além disso, houve convocação dos profissionais de saúde para atualização.
Segundo Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, chefe da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC, responsável pelas análises das amostras, os testes iniciais, que detectaram o DNA do vírus 4, indicam sua circulação em Boa Vista, mas análises moleculares são necessárias porque são consideradas o "padrão ouro" pela OMS. Segundo Coelho, elas garantirão que não houve contaminação do material enviado.
Há cerca de dois anos, o ministério refutou achados de um grupo de cientistas de Manaus que apontaram a circulação do vírus 4 na cidade. A pasta argumentou que as amostras não teriam passado por todos os testes (mais informações nesta página). Apesar da polêmica, o registro do vírus a qualquer momento era esperado, pois o sorotipo DEN-4 circula há vários anos em dez países americanos.
Venezuela. De acordo com Vasconcelos, do IEC, as primeiras análises indicam que o vírus das amostras de Boa Vista é semelhante ao que circula na Venezuela, país fronteiriço com Roraima. "Esperamos que as medidas contenham o vírus na cidade", disse o especialista. Em 81, o vírus não se espalhou. Já o vírus 1, detectado no mesmo ano, também em Boa Vista, chegou a seis Estados cinco anos depois.
Até o dia 3 de julho, Roraima registrou 4.834 casos de dengue. O Estado está entre os que atingiram a maior taxa de incidência da doença, mas hoje registra tendência geral de queda de casos. "Só o tempo vai nos dizer se as medidas foram suficientes. E teremos de esperar o verão nas outras regiões", diz Vasconcelos.
"A entrada do vírus aumenta o nível de alerta, pois toda a população brasileira esta suscetível", afirma o epidemiologista Jarbas Barbosa, ex-gerente da área de Vigilância em Saúde, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e atualmente consultor na área de Saúde do Senado. "Em outros países, o sorotipo 4 nunca foi associado a epidemias explosivas, mas é bom ser um pouquinho pessimista", disse. "Quando o sorotipo 3 entrou no Brasil, também achávamos que seria tranquilo, mas a chegada de uma variedade asiática causou grandes estragos."
PARA ENTENDER
1.O que é o DEN-4?
É um dos quatro sorotipos do vírus da dengue, que não surgia no País desde 1981.
2.Ele causa sintomas diferentes?
Não. Os quatro sorotipos virais de dengue causam os mesmos sintomas. O tratamento também é o mesmo.
3.Qual o motivo do alerta?
A população brasileira não tem imunidade contra esse sorotipo e há risco de epidemias caso ele se disperse. Além disso, a ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos aumenta o risco de casos graves.
Governo alerta secretarias sobre entrada do vírus 4 da dengue. Retorno do sorotipo 4 do vírus, cuja presença no Brasil não era registrada há 28 anos, pode trazer risco de epidemias e casos graves da doença
O Ministério da Saúde alertou as secretarias estaduais sobre fortes evidências do retorno ao Brasil do vírus DEN-4 da dengue, o que traz risco de casos graves da doença. Amostras positivas foram colhidas de quatro pacientes de Boa Vista (RR). Também a OMS foi notificada sobre a suspeita do governo. Há 28 anos o País não registra a presença do agente infeccioso e a maioria da população nunca teve contato com esse sorotipo.
O Ministério da Saúde alertou, na sexta-feira passada, todas as secretarias estaduais da Saúde do País sobre fortes evidências do retorno do sorotipo 4 do vírus da dengue ao Brasil, o que traz risco de epidemias e casos graves da doença, em razão de a maioria da população nunca ter entrado em contato com esse agente causador da doença.
Também a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu informe sobre a suspeita do governo brasileiro, pelo fato de o País não registrar a presença do sorotipo há 28 anos. As amostras positivas em testes iniciais foram colhidas de quatro pacientes de Boa Vista, onde o vírus 4 foi isolado pela primeira vez no fim de 1981. Depois disso, nunca mais o ministério reconheceu sua presença. Atualmente, circulam no Brasil três tipos do vírus.
"Há fortes indícios de serem amostras do sorotipo 4", afirmou ao Estado, da capital de Roraima, Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue.
O primeiro caso suspeito de infecção pelo sorotipo 4 foi notificado pela Secretaria Estadual da Saúde de Roraima no dia 30 de julho. Os pacientes, que se curaram sem necessidade de internação, não viajaram para outros países, o que evidencia que os casos seriam autóctones, ou seja, adquiridos na capital.
Na quinta-feira passada, após o Instituto Evandro Chagas (IEC) de Belém (PA) informar que, além do primeiro caso, outros três exames tinham resultados iniciais positivos para o vírus, o coordenador desembarcou em Boa Vista para auxiliar pessoalmente nos esforços e uma "sala de situação" foi criada no dia seguinte na capital.
A principal preocupação é com o risco de o sorotipo se espalhar para outros Estados. Outras 16 amostras aguardam avaliação no IEC.
Ações adicionais de prevenção foram implementadas nos quatro bairros (Buritis, Santa Teresa, Pricumã e Cidade Satélite) onde vivem os pacientes suspeitos - como fumacês e busca ativa de pessoas doentes. Além disso, houve convocação dos profissionais de saúde para atualização.
Segundo Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, chefe da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC, responsável pelas análises das amostras, os testes iniciais, que detectaram o DNA do vírus 4, indicam sua circulação em Boa Vista, mas análises moleculares são necessárias porque são consideradas o "padrão ouro" pela OMS. Segundo Coelho, elas garantirão que não houve contaminação do material enviado.
Há cerca de dois anos, o ministério refutou achados de um grupo de cientistas de Manaus que apontaram a circulação do vírus 4 na cidade. A pasta argumentou que as amostras não teriam passado por todos os testes (mais informações nesta página). Apesar da polêmica, o registro do vírus a qualquer momento era esperado, pois o sorotipo DEN-4 circula há vários anos em dez países americanos.
Venezuela. De acordo com Vasconcelos, do IEC, as primeiras análises indicam que o vírus das amostras de Boa Vista é semelhante ao que circula na Venezuela, país fronteiriço com Roraima. "Esperamos que as medidas contenham o vírus na cidade", disse o especialista. Em 81, o vírus não se espalhou. Já o vírus 1, detectado no mesmo ano, também em Boa Vista, chegou a seis Estados cinco anos depois.
Até o dia 3 de julho, Roraima registrou 4.834 casos de dengue. O Estado está entre os que atingiram a maior taxa de incidência da doença, mas hoje registra tendência geral de queda de casos. "Só o tempo vai nos dizer se as medidas foram suficientes. E teremos de esperar o verão nas outras regiões", diz Vasconcelos.
"A entrada do vírus aumenta o nível de alerta, pois toda a população brasileira esta suscetível", afirma o epidemiologista Jarbas Barbosa, ex-gerente da área de Vigilância em Saúde, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e atualmente consultor na área de Saúde do Senado. "Em outros países, o sorotipo 4 nunca foi associado a epidemias explosivas, mas é bom ser um pouquinho pessimista", disse. "Quando o sorotipo 3 entrou no Brasil, também achávamos que seria tranquilo, mas a chegada de uma variedade asiática causou grandes estragos."
PARA ENTENDER
1.O que é o DEN-4?
É um dos quatro sorotipos do vírus da dengue, que não surgia no País desde 1981.
2.Ele causa sintomas diferentes?
Não. Os quatro sorotipos virais de dengue causam os mesmos sintomas. O tratamento também é o mesmo.
3.Qual o motivo do alerta?
A população brasileira não tem imunidade contra esse sorotipo e há risco de epidemias caso ele se disperse. Além disso, a ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos aumenta o risco de casos graves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário