FOLHA DE LONDRINA, 6 de junho de 2010
Junto com o advogado Maurício Carneiro foi indiciado também o chefe de gabinete do vereador Joel Garcia (PDT). Versão fornecida por testemunhas sobre falso testemunho teria sido combinada pelo advogado
O delegado do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Alan Flore, indiciou o ex-advogado do vereador Joel Garcia (PDT) Maurício Carneiro pelos crimes de falso testemunho e falsidade ideológica, a qual rendeu indiciamento também ao chefe de gabinete do parlamentar, Anílton Honorato. O delegado encaminhou o relatório final da investigação aos promotores Cláudio Esteves e Jorge Barreto da Costa que vão analisar se propõem ou não denúncia criminal contra ambos.
O indiciamento é resultado da retratação feita ao Gaeco pelo ex-assessor de Joel José Dutra. Ele foi nomeado na posse do vereador e exonerado no último dia 30 de abril, pouco mais de um mês após a soltura do vereador, preso durante 54 dias decorrente da investigação por suposto peculato que a manutenção da assessora ''fantasma'' Angélica Alves Madeira, esposa de Honorato, lhe rendera. Mês passado, Dutra voltou ao Gaeco e informou que a versão fornecida pelas testemunhas no inquérito sobre falso testemunho de uma das então assessoras do vereador - Gian Carla Gracioso Bento, presa em flagrante quando depunha sobre as funções de Angélica, que gerou o indiciamento de outros nomes do gabinete, entre os quais, a suposta ''fantasma'' e o marido - teria sido combinada pelo advogado.
Conforme a retratação de Dutra ao Gaeco, Carneiro teria feito ''diversas reuniões'' com os assessores tanto em seu escritório quanto em um mercadão popular onde Joel comercializa produtos de hortifruti - isso ''antes e após a prisão'' do vereador em janeiro. Os encontros seriam coordenados, senão pelo advogado, pelo chefe de gabinete, supostamente com o intuito de obter de cada testemunha a assinatura de um documento formal no qual garantiam que Angélica não seria ''fantasma''. Outro detalhe revelado na retratação diz respeito a uma suposta divisão do salário de R$ 1.080 de Angélica entre Honorato e os demais assessores, incluindo o próprio Dutra.
''Segundo o Dutra, o documento teria sido redigido pelo advogado, e Anilton teria concorrido para que, constrangidos ou obrigados, assinassem o termo com a versão'', afirmou o delegado. Sobre a responsabilidade de Dutra, resumiu: ''Diante da retratação dele - e como no caso de falso testemunho, ela pode ser feita até antes de sair alguma sentença judicial -, foi pedido ao Ministério Público que avalie se ele também deve ser denunciado ou ter extinta a punibilidade''.
Para o advogado, o indiciamento ''foi precipitado e tem consequências jurídicas''. ''O delegado está dando credibilidade a um sujeito que supostamente teria mentido ao Gaeco e mesmo em juízo. Infelizmente o Dutra pode ser desleal comigo, mas eu não posso ser com ele, pois um dia me consultou: se ele tivesse me dito que havia, por exemplo, esse 'racha-salário', teria dito a ele que não precisaria falar nada porque teria o direito de permanecer calado e falar apenas em juízo'', declarou Carneiro, que completou: ''Além do mais, obtive um habeas corpus em 24 de dezembro para a Angélica ter o direito de ficar em silêncio. Não tem lógica essa versão apresentada agora pelo Dutra - não sei a serviço de quem ele está falando''. O advogado ainda negou ter solicitado a confecção de documentos com as versões apresentadas.
Honorato defendeu-se. ''Tenho a documentação necessária contra o que o Dutra está dizendo. Aliás, ele mesmo foi reconhecer firma do tal documento'', disse.
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