terça-feira, 6 de julho de 2010

Propostas de Richa são vagas; as de Osmar criticam Requião

GAZETA DO POVO, 6 de julho de 2010

Planos de governo foram entregues à Justiça Eleitoral. Cientista político diz que candidatos dão mais atenção a coligações do que a programas de gestão


Os candidatos ao Palácio Iguaçu cumpriram a obrigação de apresentar uma versão inicial de seus planos de governo de maneiras diferentes. Das principais candidaturas, a única que se aprofundou mais nas propostas apresentadas é a do PDT. O PSDB e o PV apresentaram planos mais genéricos, prometendo aprofundamento durante a campanha eleitoral.

O programa de Beto Richa (PSDB), intitulado “Saber ouvir. Saber fazer”, apresenta uma “estratégia para o desenvolvimento do Paraná”. Segundo o documento, é preciso “aumentar a riqueza por metro quadrado” no estado. Isso seria condição necessária para aumentar a qualidade de vida dos paranaenses. O candidato afirma que as ações de desenvolvimento social investirão principalmente nas áreas de saúde e segurança, “sem abandonar os programas sociais de apoio emergencial enquanto forem necessários”.

No próprio programa o PSDB afirma que as “propostas concretas” virão no decorrer da campanha. As ideias apresentadas no plano são apenas genéricas. Divididas em 15 capítulos, enumeram pontos que serão importantes num possível governo Richa. O primeiro capítulo, por exemplo, chamado “Um novo jeito de governar”, inclui propostas como “diminuir as despesas correntes”, “equacionar concessões de serviços públicos” e “promover justiça fiscal”. Não há qualquer detalhamento de quais seriam as ações que levariam a esses resultados.

O programa de Osmar Dias (PDT) vai mais longe no detalhamento das propostas. O documento, de 64 páginas, apresenta primeiramente alguns “desafios” que o Paraná enfrenta. Um deles seria a concentração da riqueza em três regiões: Curitiba, Norte central (Londrina e Maringá) e Oeste.

Apesar de o candidato ter apoio do ex-governador Roberto Requião (PMDB), que esteve à frente do estado nos últimos sete anos, o documento também aponta falhas existentes nos serviços de segurança, saúde e outros serviços públicos, que seriam “ofertados de forma insuficiente frente à crescente demanda”.

A educação também “deixa a desejar”, diz o documento. Neste campo, o programa prevê “educação de qualidade e em tempo integral”, além da ampliação do ensino técnico e profissionalizante.

O documento, no trecho em que fala sobre a agricultura, também toca num ponto que pode ser polêmico na coligação que apoia Osmar Dias. Apoiado pelo PT, que tradicionalmente tem ligações com MST, o senador garante que garantirá “o direito à propriedade”. Por outro lado, diz que apoiará “a emancipação dos assentamentos”.

O PV, que apresentou Paulo Salamuni como candidato ao governo do estado, tem como uma das tônicas de seu programa a continuidade de ações que, segundo o partido, deram certo na atual gestão do governo do estado. Programas como o Trator Solidário, o Leite das Crianças e o Biblioteca Cidadã são elogiados e, de acordo com o documento serão “mantidos e aprofundados”.

De acordo com o cientista político Emerson Cervi, professor da Universidade Federal do Paraná, é comum que os candidatos apresentem propostas genéricas de governo, não apenas neste mo­­mento inicial da eleição. “Os candidatos têm como principal preocupação garantir votos. E eles chegaram à conclusão de que o que dá mais votos é a formação da coligação, não o programa. Por isso passam mais tempo atraindo aliados do que preparando propostas”, afirma. Segundo ele, além de genéricas, é comum que os candidatos apresentem propostas muito parecidas. “O eleitor acaba escolhendo seu candidato por uma proposta específica apenas, ou por outro critério”, diz.

Nenhum comentário: