segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Londrina é a quarta do País em remessas de dinheiro do exterior

FERNANDO ARAÚJO, Jornal de Londrina, 7 de setembro de 2009

Segundo o Banco do Brasil, no primeiro semestre deste ano, londrinenses que estão fora do País mandaram para a cidade R$ 14,3 milhões


De janeiro a junho deste ano, os londrinenses que vivem e trabalham no exterior, especialmente no Japão e Estados Unidos, enviaram para a cidade cerca de R$ 14,3 milhões. Segundo informações do Banco do Brasil, foram 11 mil remessas no primeiro semestre, com valor médio de R$ 1,3 mil. Esses números colocam Londrina como a quarta cidade no Brasil que mais recebe remessas de dinheiro de emigrantes, atrás dos municípios de Governador Valadares (MG), Goiânia (GO) e Ipatinga (GO).

O Banco do Brasil não possui dados específicos do número de londrinenses fora do País, mas o diretor de comércio exterior do Banco do Brasil, Nilo Panazzolo, salientou que a comunidade nipônica da região de Londrina é umas maiores. Outra grande participação vem dos Estados Unidos, onde existe a maior colônia de brasileiros do mundo - 1.450 milhão, segundo números oficiais.

Japão e Estados Unidos, juntos, representam quase 80% da soma de valores enviados por brasileiros que vivem no exterior. Só no Banco do Brasil, o total de recursos chega atualmente a US$ 2 bilhões por ano – cerca de R$ 3,78 bilhões. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estima que esse valor chegue a US$ 7,2 bilhões (R$ 13,636 bilhões) com remessas por outros brancos ou ilegais.

Esse dinheiro representa, muitas vezes, a manutenção dos familiares que ficaram no Brasil ou investimentos, como a compra de imóveis. E apesar do grande volume global, as remessas, em grande parte, têm valor médio de US$ 500. “É dinheiro de quem trabalha duro fora do País e manda para a subsistência de filhos ou parentes próximos”, explicou o diretor do BB.

Segundo Panazzolo, a crise que o mundo enfrentou no final do ano passado e no primeiro semestre de 2009 diminuiu em 20% o volume de recursos, mas já existe uma tendência de crescimento projetada para o segundo semestre. “Estamos prevendo chegar ao mesmo volume pré-crise, aumentando um pouco mais o valor que negociamos”.

Um dos caminhos encontrados pelo Banco do Brasil foi melhorar as formas de remessas feitas por brasileiros no estrangeiro. O BB Money Transfers Inc., recém-lançado nos Estados Unidos, vai auxiliar na transferência de dólares para reais. Instalado em estabelecimentos comerciais americanos, “é uma modalidade que vai proporcionar menores taxas e mais rapidez, além de praticidade”, destacou Panazzolo.
Imóveis estão entre investimentos preferidos

A construção civil é um dos setores da economia local que estão atentos à essa fatia de recursos que chega a Londrina todos os meses. Conforme o diretor da Plaenge, Alexandre Fabian, 12% das vendas dos apartamentos da construtora em Londrina são feitos com dinheiro que vem do exterior. O padrão de imóveis é considerado intermediário com valores entre R$ 100 mil a R$ 300 mil. “As pessoas compram tanto para que seus parentes tenham uma casa quanto para investir em aluguel”, disse Fabian.

A Plaenge também é um termômetro que demonstra a importância desse volume na economia de Londrina. Com atuação em Curitiba, Joinville (SC), Campo Grande (MS), Cuiabá, Dourados e Três Lagoas (MT), além do Chile, os números da empresa apontam os valores mais significativos para Londrina. “Aqui é onde são maiores as compras por brasileiros que residem no exterior”, disse.

A crise que diminuiu as remessas influenciou positivamente o mercado. Conforme Fabian, muitos dos trabalhadores que moravam no exterior acabaram optando mais rapidamente pela compra de apartamentos. “Muitos por medo de perder o emprego no exterior ou mesmo porque escolheram voltar para o Brasil”.
Poupança garantiu a casa própria

H.S. , 36 anos, é mecânico de automóveis, e hoje dono do próprio negócio na zona oeste. No ano passado, ele e a esposa C.S., 32 anos, decidiram tentar a sorte no Japão. Trabalhando em média de 14 a 16 horas diárias, numa indústria de confeitos e bolos, conseguiram guardar de R$ 10 mil a R$ 12 mil por mês. H. depositava seus ienes no Banco do Brasil no Japão, que convertia tudo automaticamente em dólares. O casal usava o câmbio no Brasil e no Japão como termômetro para mandar o dinheiro para a conta no Brasil. Se o dólar estivesse em alta no Brasil e no Japão a poupança era mandada para cá. Caso a moeda americana estivesse em baixa, esperava a alta para ser enviada. Eles tiveram que voltar por um problema de saúde de C. Mas em dez meses – o casal chegou de volta em março deste ano – conseguiram juntar R$ 80 mil. A maior parte da poupança - R$ 60 mil - foi gasta na compra de uma casa; e o restante está aplicado na oficina.

Nenhum comentário: