quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Vigilância epidemiológica é fundamental para prevenção e controle da dengue

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO GOVERNO DO PR, 11 de novembro de 2009


Vigilância epidemiológica, medidas de controle e redução de danos em epidemias de dengue foram temas de debate nesta terça-feira (10), durante o I Seminário de Gestão Integrada de Controle da Dengue, em Foz do Iguaçu. Especialistas e profissionais da área da saúde destacaram a importância do monitoramento viral para evitar epidemias. “Uma doença infecciosa em alguma região é um potencial problema em todo lugar. Vigilância é um processo de coleta, analise, interpretação e disseminação de dados de programas de saúde pública, de forma contínua e sistemática”, afirmou o professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (UFGO), João Bosco Siqueira Junior.

“Nosso objetivo é evitar a ocorrência de infecções pelo vírus da dengue em áreas livres de circulação. É importante detectar precocemente o problema e orientar as medidas de controle”, disse Siqueira Junior. Ações de vigilância em períodos não epidêmicos são importantes para o controle da doença. “Ações integradas permitem resultados positivos. Em casos suspeitos de dengue é importante que os municípios passem estas informações para a Secretaria de Estado da Saúde, para que sejam emitidos alertas”, destacou.

“Há um padrão sazonal de transmissão da doença. O mês de janeiro é o período mais crítico. A partir do ano de 1994 o vírus deixou de circular apenas em áreas localizadas e passou a circular em todas as regiões. Se uma pessoa com sintomas procura auxílio médico rapidamente, melhor”, acentuou o professor.

Siqueira Junior explicou que foi verificada a alternância dos sorotipos da dengue (alteração genética das cepas do vírus). “Hoje circulam três tipos diferentes de vírus da dengue. Temos o DEN-1, DEN-2 e DEN-3. A alteração dos genótipos do vírus aumenta o risco de ocorrências de casos e de formas clínicas mais graves. A predominância é do sorotipo 3. Os municípios devem estar atentos a este fato”, disse.

Enéas Cordeiro de Souza Filho, médico da equipe do Programa Estadual de Controle da Dengue, explicou que os sintomas da dengue podem ser confundidos em um primeiro momento com os da gripe comum. “A incubação do vírus da dengue é de três a oito dias. Os sintomas se apresentam subitamente. O paciente apresenta dor de cabeça, febre, calafrio, mal estar, dores nas articulações, dor no fundo dos olhos. Os sintomas da leptospirose (transmitida por ratos), da hantavirose e da febre maculosa (transmitida pelo carrapato) são os mesmos”, afirmou.

“A análise do histórico epidemiológico do paciente é fundamental para o diagnóstico do paciente. É preciso analisar quais as regiões que ele esteve e qual atividade desenvolveu antes de apresentar os sintomas. Em regiões onde não há histórico de uma doença, o diagnóstico tende a ser tardio. O calor e a chuva favorecem a procriação do mosquito. Analisando dados de anos anteriores vemos que os picos de malária e dengue, por exemplo, aconteceram na mesma época”, argumentou Souza Filho.

O consultor do Programa Nacional do Controle da Dengue, Carlos Frederico Melo, destacou que para evitar uma epidemia é preciso um plano de gestão integrada. “As ações devem abranger o acompanhamento, a assistência a pacientes, análises laboratoriais e projetos de educação e conscientização da população. O controle da doença diz respeito não só ao setor da saúde. Trata-se de uma questão educacional, de segurança, de saneamento, que envolve diversos setores da sociedade”, disse. “O controle do mosquito em sua fase aquática é essencial. É importante eliminar focos de procriação do mosquito. O Ministério da Saúde orienta para que os municípios apostem na educação em saúde, na realização de trabalhos em escolas, igrejas e associações”, acrescentou.

Evento
O I Seminário de Gestão Integrada de Controle da Dengue tem como tema “Dengue se combate com a ajuda de todos. Faça sua parte”. O evento reúne até a quarta-feira (11) profissionais da área da saúde, representantes do Ministério da Saúde, integrantes da Defesa Civil do Paraná, consultores do Programa Nacional de Controle da Dengue e integrantes de secretarias de Saúde de diversos estados brasileiros, da Argentina, Bolívia e Paraguai.

Na quarta-feira (11), às 8h30, o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, irá apresentar as estratégias estaduais para a prevenção e controle de epidemias de dengue. Os participantes também discutem a operacionalização das diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias, a situação epidemiológica das ações de controle da dengue nos países vizinhos, as estratégias estaduais para prevenção e controle das epidemias de dengue e a organização do Sistema Municipal de Saúde para o enfrentamento de epidemias.

Nenhum comentário: