quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Falha em linha de Itaipu causa apagão em 12 estados e no Distrito federaF

O ESTADO DE S. PAULO, 11 de novembro de 2009


A queda de uma linha que transmite energia da Hidrelétrica de Itaipu tirou todos os 14 mil megawatts gerados pela usina do sistema elétrico e provocou um blecaute em pelo menos 12 Estados brasileiros, no Distrito Federal e no Paraguai na noite de ontem. Nas ruas, principalmente da Região Sudeste, houve confusão e acidentes. Nos gabinetes, de governo, em Brasília, ainda se buscavam as causas do problema no fim da noite.

O apagão atingiu quase a totalidade do Estado do Rio, São Paulo, Minas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, e parte do Paraguai. Os outros Estados afetados foram Espírito Santo, Santa Catarina, Mato Grosso, Pernambuco, Acre e Rondônia. Eles teriam sido afetados por uma espécie de "efeito cascata", com o desligamento das transmissões pelo sistema de proteção de rede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Até zero hora de hoje, o sistema permanecia intermitente e havia falhas pontuais em vários Estados.

"Houve desligamento completo de Itaipu", afirmou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Os últimos apagões no País ocorreram em 2005 e 2007, atingindo o Espírito Santo e o Rio. No primeiro, a interrupção de transmissão em Furnas foi atribuída a uma tempestade de raios.

A causa do blecaute de ontem ainda não foi diagnosticada, mas, segundo Lobão, os técnicos também acreditam que algum problema atmosférico, como raios ou tempestades, tenha motivado a queda. Pouco mais de uma hora após o início do apagão, registrado por volta de 22h15, o ministro disse que estava convencido de que a situação seria normalizada de madrugada. "Esta noite deveremos ter resolvido isso", disse. A energia voltou em alguns locais por volta de 23h30.

A falta de luz afetou sistemas essenciais. Em São Paulo, a Polícia Militar só contava com um gerador para atender as emergências do 190. O maior centro médico do País, o Hospital das Clínicas da USP, operava com geradores a óleo.

Falta de “backup” espanta especialistas
GAZETA DO POVO, 11 de novembro de 2009


Especialistas estranharam a falta da entrada em funcionamento de um plano de “backup” da energia na noite de ontem. O “desligamento” de Itaipu deveria causar um apagão por apenas alguns minutos, afirmam eles – tempo suficiente para que as termoelétricas começassem a operar. “Um apagão dessa duração é algo inédito no país. Com esse tempo de queda de energia, as térmicas já deveriam ter entrado em funcionamento”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Na hora que você desliga Itaipu, outras usinas deveriam suprir essa energia”, confirma Luiz Fernando Leoni Vianna, presidente da Associação Brasileira dos Produtores In­­dependentes de Energia Elétrica. Segundo ele, o que pode ter acontecido é que o efeito dominó provocado pela queda da energia tenha sido forte demais. “Itaipu é responsável por 20% do fornecimento de energia do país. É muita coisa. O impacto da queda de Itaipu pode ser muito grande no sistema. Temos que lembrar que Itaipu nunca apagou completamente dessa forma”, diz Vianna.

A tese dos especialistas corrobora com a fala do diretor-geral de Itaipu Binacional, Jorge Sa­­mek, que afirmava na noite de ontem que a geração de energia na hidrelétrica já havia retornado ao normal, mas que o problema continuava nas linhas de transmissão. No Paraguai, que depende quase que integralmente de Itaipu, a energia caiu durante 20 minutos, mas logo depois foi restabelecida, segundo informações do jornal ABC Color. No mesmo jornal, um técnico da Ande, a estatal de energia paraguaia, afirmava que a causa do apagão foi um curto-circuito registrado na linha de transmissão de alta tensão na região de São Paulo – o que também explicaria o funcionamento praticamente normal da energia no Paraná.

Para Adriano Pires, o governo precisará tornar mais clara sua política energética. “Esse governo ficava o tempo todo falando que a situação estava tranquila, que as represas estavam cheias, mas pode ter bobeado na operação do sistema. Agora a população deve exigir do governo bastante transparência em relação ao que está acontecendo”, afirma.

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