quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Erro de planejamento atrasa construção de oito casas do PAC no Santa Felicidade

O DIÁRIO DO PARANÁ, 11 de novembro de 2009

Falta de muro de arrimo e instabilidade do terreno provocam rachaduras e comprometem casas na zona norte; a convite de O Diário, técnicos avaliaram a situação


Oito casas que estão sendo construídas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Maringá apresentam problemas de engenharia: a terra cedeu e apareceram rachaduras no chão. As moradias ficam no Conjunto Paulino Carlos Filho, na zona norte, e estão em fase de acabamento. Segundo especialistas, dois fatores provocaram a acomodação do solo – que cedeu 15 centímetros – e as rachaduras nas calçadas: a falta de um muro de arrimo e de estabilidade do terreno.

As residências estão incluídas no chamado “PAC Santa Felicidade”. O projeto prevê o alargamento de ruas no conjunto habitacional, construção de equipamentos públicos, realocação de famílias em outros bairros e reforma de moradias em situação precária. No total, está prevista a construção de 665 moradias e a reforma de outras 278 casas já existentes.

A convite de O Diário, o arquiteto Manoel de Oliveira Filho, inspetor do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea/PR) em Maringá; e o diretor regional do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná, Samir Jorge, fizeram uma vistoria nas 15 casas do PAC que estão sendo erguidas no bairro. O terreno tem dois níveis. As rachaduras foram encontradas nas oito moradias construídas na parte mais alta.

Os dois explicam que a falta de um muro de arrimo – que é a solução mais comum para “segurar” um barranco – e de uma intervenção para deixar o solo firme provocaram os problemas. Sem a proteção, as chuvas fortes das últimas semanas carregaram a terra do barranco, que tem 4,5 metros de altura, para a parte mais baixa do lote.

Com isso, o solo cedeu e as calçadas racharam. Em uma das moradias, até a parede trincou. “Não aconselho ninguém a morar aqui caso a contenção e os reparos não sejam feitos”, alerta Jorge. É preciso construir um muro de, no mínimo, 4,5 metros de altura e 10 metros de extensão.

Erro de planejamento
Segundo o engenheiro Samir Jorge, o erro foi de planejamento. “Primeiro, deveriam ter construído o muro de arrimo, estabilizado os desníveis do terreno para só depois executar as obras. A engenharia manda que seja feita a proteção do terreno para depois efetuar a construção. Isso evita problemas iguais aos que estamos vendo aqui.”

O proprietário da Provectum Engenharia e Empreendimentos Ltda. – empresa responsável pela construção das casas –, Álvaro Pereira da Silva, diz que a construtora foi contratada somente para erguer as habitações. “Quem fez a terraplenagem e entregou o projeto para a gente foi a Prefeitura. Por ainda não ter muro de arrimo, não posso nem pintar as casas”. Por causa disso, a entrega das casas pode atrasar. No momento, os operários trabalham na colocação dos forros.

A Prefeitura informou que fará licitação para contratar empresa para construir o muro de contenção. O edital deverá ser publicado ainda este mês. A obra começou em agosto. Silva admite que as calçadas estão rachadas, alega que a acomodação do terreno aconteceu por causa da chuva, mas garante que o problema não afetou a estrutura das casas. “As moradias não estão simplesmente apoiadas no terreno, há estacas há cinco metros de profundidade. Não há riscos”.

A empreiteira é responsável pela construção de mais 18 casas do PAC em Maringá, na Gleba Ribeirão Morangueiro. Outras duas, no Jardim Patrícia, já foram entregues.

Situação preocupante
Oliveira Filho, inspetor do Crea/PR, avisa que a situação das casas do bairro é preocupante. “O local precisa de uma solução de emergência, porque novas chuvas podem vir e o problema se agravar”.Para o arquiteto, as rachaduras nas calçadas não comprometem a estrutura das casas.

O secretário de Habitação, Gilberto Delgado, esclarece que as casas do Conjunto Paulino Carlos Filho só serão entregues após a conclusão das obras complementares, como muro de arrimo, grama e tubulação para captação de água. “De forma alguma vamos entregar uma residência que esteja ameaçada de cair”. As moradias têm 40,08 metros quadrados e contam com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e um espaço para o tanque de lavar roupas, que fica do lado de fora.

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