segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Galão de água passa a ter validade de apenas 3 anos

O DIÁRIO DE MARINGÁ, 19 de outubro de 2009

Refis de 10 e 20 litros com mais de 3 anos de uso começam a ser retirados do mercado e se acumulam nas distribuidoras


O prazo de validade de três anos fixado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para os vasilhames de 10 e 20 litros de água mineral vai garantir a qualidade do produto, mas poderá torná-lo mais caro. Essa é a principal preocupação das distribuidoras de água que compram os galões para oferecê-los aos clientes, como se faz com o gás de cozinha.

O problema é que esses galões terão que ser descartados à medida em que vence o prazo de validade. Antes da portaria do DNPM, que entrou em vigor neste mês, os distribuidores podiam usar um vasilhame por tempo indeterminado, porém, o desgaste deixa o material poroso e consequentemente vulnerável à aderência de elementos contaminantes.

Os distribuidores não sabem o que fazer com os galões vencidos. As mineradoras alegam que o recipiente é de propriedade da distribuidora e que apenas envasam a água. E agora, com a legislação, as mineradoras envasam apenas galões dentro do prazo de validade.

“O que vou fazer com os 25 galões que estão vencidos? O que fazer com esse lixo industrial? Vamos colocar no lixão? Mas, de repente, a gente coloca no lixo e é multado”, diz o comerciante Santiago Dantas, que tem uma lanchonete e também vende água mineral em galão. Na avaliação dele, vai sobrar problema também para o consumidor final: “O cliente que tiver um galão com prazo vencido também vai ficar com o ‘lixo’ na casa dele”.

Sem briga

Outro empresário, Yudi Nakano, do ramo de distribuição de água mineral, diz que sempre tomou o cuidado de renovar seus galões para garantir a qualidade da água, independentemente da legislação, mas o produto acaba custando mais caro para o consumidor. “Eu devo ter aqui uns 10 ou 20 galões vencidos. Tenho duas opções: ou guardo ou vendo para a reciclagem”, diz ele calculando que entregar para reciclagem pode não valer à pena.

“Tem mineradora que dá um pequeno desconto na troca de um galão vencido por um novo”, comenta. Em sua opinião, a portaria do DNPM é excelente. “Vai acabar com a briga por valores entre as mineradoras e com os pontos de revendas, como mercados, postos de combustíveis e empresas que não são distribuidoras”. Ele garante que vai trocar os galões vencidos de seus clientes. “Mas não vou aceitar os que não sejam do meu estoque”.

Para Nakano, o interessante seria se os fabricantes de galões colocassem a data de vencimento do produto e não a da fabricação. “Seria melhor para controlar, mas nem os galões que estão sendo fabricados agora têm a data de validade, apenas a de fabricação impressa no fundo”.

Outro distribuidor, Jorge Oizumi, diz que recolhe os galões vencidos e, por enquanto, está estocando. “Depois vamos pensar no que fazer com esse material”, avalia. Ele diz que o prejuízo será mesmo do distribuidor e não do cliente. “Mas acho que isto não está muito claro na legislação. As pequenas distribuidoras estão sofrendo. Acho injusto, mas no Brasil vale tudo”, critica.

Mineradoras

As mineradoras de água rejeitam os galões vencidos, pois podem ser multadas. “Rejeitamos recipientes desgastados ou fora do prazo de validade”, explica o diretor de uma mineradora na região de Maringá, que prefere não revelar o nome. Ele conta que a mineradora abastece os galões que as distribuidoras trazem, rotulam e colocam a data de validade da água e o número do lote impressos na tampa.

“Aqui vendemos galões, mas em pouca quantidade, até o máximo de cem. É que os grandes distribuidores compram o recipiente diretamente do fabricante. Já as embalagens descartáveis [de litro] são vendidas aqui”, explica. Ele diz que portaria do DNPM é boa, mas vai extinguir muitos revendedores. “Muita gente está deixando o ramo por conta disso [da legislação], porque encarece o produto e ele sempre terá que renovar o estoque de galões. Acaba aumentando o custo da água vendida ao consumidor, em uma espécie de compensação”, avalia.

O empresário afirma que, como o galão é de propriedade do distribuidor, não há nenhum contrato com a mineradora. “O distribuidor pode abastecer os galões onde lhe convier. Não existe contrato de exclusividade, a regra é o preço de mercado”.

Vigilância Sanitária
A gerente de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá, Dora Lígia Bombo, diz que as distribuidoras estão sendo fiscalizadas, principalmente para dar ciência dos prazos de validade que entraram em vigor neste mês. “Algumas distribuidoras pediram uns dias a mais de prazo porque tinham água dentro do prazo envasadas em recipiente fora da validade”, explica.

A Vigilância Sanitária aconselha às distribuidoras para que encaminhem os vasilhames vencidos para as empresas de reciclagem e que não os descartem no lixo. “Em caso de descarte irregular, a Vigilância Sanitária também investiga a procedência do produto e autua o responsável”.

Reciclagem
Não são todos os galões que as cooperativas e empresas de reciclagem aceitam. “Pegamos apenas aqueles recipientes de Pet ou PP. Aqueles que são de PVC e PC são lixo, não servem para reciclagem”, diz Aguinaldo. Germano, vice-presidente da Cooper Maringá, cooperativa de reciclagem. Ele explica que o tipo de material usado na fabricação está no fundo do vasilhame.

Germano diz que a cooperativa recebe o material como doação. “Em casos de grande quantidade, nós podemos até ir buscar com o caminhão da cooperativa. Mas, quando é pouco, o distribuidor tem que trazer aqui na cooperativa”, explica, afirmando que considera grande quantidade um estoque acima de cem vasilhames.

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