segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Eleição coloca PT do Paraná no “divã”

BEM PARANÁ, 19 de outubro de 2009

Candidato da “esquerda”, deputado Veneri diz que atrelamento ao governo Requião deixou partido sem projeto político próprio


O PT do Paraná elege no mês que vem a nova direção do partido no Estado, e a disputa já levanta discussões sobre os erros e acertos da legenda, bem como o seu futuro, em especial sobre o que fazer na eleição de 2010. Candidato da ala mais à esquerda à presidência estadual, o deputado Tadeu Veneri critica a condução que o partido vem tendo nos últimos anos, e afirma que o excessivo atrelamento ao governo Requião acabou deixando o PT paranaense sem um projeto político próprio no Estado.
Além de Veneri — que tem o apoio das chapas com o apoio das chapas “Esquerda Socialista” e “Movimento – Partido para Todos” - disputam o comando petista no Paraná o secretário de Estado do Planejamento, Ênio Verri, candidato do grupo de “situação”, apoiado pela atual direção, presidida por Gleisi Hoffmann; Marcio Pessatti (“Compromisso com a Revolução Democrática – Uma mensagem socialista”; e Alfeo Luiz Cappellari (“Terra, Trabalho e Soberania”).
Para 2010, o grupo de situação defende uma aliança em torno da candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do Estado, como estratégia para garantir um palanque forte no Estado para a candidata do partido à Presidência, ministra Dilma Roussef. O grupo tenta ainda atrair o PMDB do governador Roberto Requião, que tem o vice-governador Orlando Pessuti como candidato ao governo, mas resiste à aproximação com Osmar Dias.
A ala que apóia Veneri prefere o lançamento de um candidato próprio do PT à sucessão de Requião. E critica a política de alianças excessivamente aberta a composições que segundo ele, muitas vezes descaracterizam e comprometem as bandeiras históricas do partido. Em entrevista ao Jornal do Estado, o deputado explica as posições de seu grupo e defende o que chama de “reposicionamento” político do PT no Paraná.

Jornal do Estado — No manifesto de apoio à sua candidatura, fala-se em “reposicionamento” do PT no Estado. O que significa isso na prática?
Tadeu Veneri — Significa que o PT precisa ter posições claras sobre questões que são fundamentais na história do partido, como a relação com movimentos sociais, um projeto de desenvolvimento do Estado. Não coloco esses últimos sete anos como desastrosos, pois tivemos muitos avanços no governo Requião, mas muita coisa ficou a desejar.

JE — O senhor acha que o PT ficou excessivamente atrelado ao governo Requião, e acabou se tornando uma linha acessória ao PMDB?
Veneri — O PT ficou em uma situação desconfortável, por entrar aliança com PMDB sem poder dizer o que ele pretendia no governo. Atua quase como um executivo de políticas. Não teve um discurso programático independente do governador. O fato de ter ficado nesses sete anos em uma aliança quase incondicional com o governo fez com que abríssemos mão de uma série de bandeiras históricas, como a jornada de trabalho de 30 horas para os trabalhadores da saúde pública, a transparência nas relações com os movimentos sociais

JE — Que tipo de consequências essa situação teve para o partido?
Veneri — Ficamos nesses 4 últimos anos de uma forma que nos anula. O PT hoje tem dificuldade de apresentar um projeto político próprio. Achou que bastava entrar no governo poderia crescer nos próximos anos. Chegamos ao final dos quatro anos sem identidade própria e sem uma candidatura própria competitiva. O partido fez tantas concessões ao PMDB que tivemos que abrir mão do que acreditávamos para ficar no governo.

Nenhum comentário: