sábado, 3 de outubro de 2009

Em oito anos, casos de Aids caem pela metade na região de Maringá

O DIÁRIO DE MARINGÁ, 3 de outubro de 2009

De 117 registros em 2000, o ano passado fechou com 56 casos na 15º Regional de Saúde; adolescentes e idosos são mais vulneráveis à contaminação


Os 30 municípios da 15º Regional de Saúde, com sede em Maringá, estão ‘bem na foto’ em relação ao número de pessoas com Aids, ocupando o 5º lugar de incidência no Paraná. De 2000 a 2008, o número de casos da doença caiu gradativamente até chegar a 56. Em todo o ano passado foram registrados 110 casos, com taxa de incidência de 15,58 por 100 mil habitantes.

À frente da 15º Regional de Saúde estão as regionais de Paranaguá, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa e Curitiba. De acordo com Wilsa Regina Amaral Zenere, técnica da Vigilância Epidemiológica DST/aids da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a regional que reúne as cidades litorâneas dificilmente cairá do primeiro posto porque tem menos habitantes do que as demais. A taxa de incidência é calculada dividindo o número de casos pela população total e multiplicando o resultado por 100 mil.

De janeiro a maio deste ano, foram 22 novos casos. Utilizando como referência a população dos 30 municípios em 2008, a taxa de incidência e de 8,48. “O dado é preliminar e sujeito à revisão porque é baseado na população do ano passado, mas ainda assim indica que a regional vai se manter na posição que ocupa atualmente”, diz Wilsa.

Embora animadora do ponto de vista da quantidade, a frieza dos números disfarça um dado preocupante: meninas entre 13 e 19 anos e mulheres acima de 49 anos fazem parte do grupo mais suscetível à contaminação pelo vírus HIV. Entre 1984 e maio de 2009, 285 casos positivos em adolescentes foram confirmados. Segundo a técnica da Vigilância Epidemiológica da Sesa, a feminilização da epidemia de aids vem ocorrendo há, pelo menos, três anos.

“Estamos encontrando muitas gestantes já infectadas”, afirma Wilsa. Informadas tanto a respeito da gravidez na adolescência quanto às formas de transmissão da aids, doença ainda sem cura, as adolescentes podem estar, na avaliação de Wilsa, subestimando o poder destrutivo do vírus HIV no organismo humano. “O jovem faz outra leitura da sobrevida permitida pelos medicamentos que combatem a doença”, avalia ela. Wilsa também não acredita em prevenção para esta faixa etária sem a participação da escola.

Com a média de 15 casos por ano registradas no Estado, as pessoas acima de 49 anos são a segunda prioridade da Vigilância Epidemiológica estadual. De acordo com a técnica, a contaminação na ‘terceira idade’, como essa faixa etária é classificada está ocorrendo com pessoas de idades diferentes. “Tantos os homens quanto as mulheres idosas se envolvem com pessoas mais novas”, diz ela.

Para 2010, a Sesa pretende investir em uma pesquisa para mapear com detalhes a transmissão do HIV na terceira idade, inclusive o atendimento oferecido nas unidades básicas de saúde. Segundo Wilsa, os profissionais precisam incluir a aids entre as possíveis doenças do idoso que procura a rede pública de saúde com sintomas ‘inofensivos’, como tosse ou diarréia.

O teste rápido para aids vai continuar. Elaborado com tecnologia nacional e oferecido pelo Ministério da Saúde aos municípios do Paraná em setembro do ano passado, o teste oferece resultado em 40 minutos e é feito nas unidades básicas. “É uma forma de alcançar um público maior”, diz Wilsa.

No país
Dados do Ministério da Saúde indicam que de 1980 a junho de 2007 foram notificados 474.273 casos de aids no país – 289.074 no Sudeste, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro Oeste e 16.103 no Norte. No Brasil e nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a incidência de aids tende à estabilização. No Norte e Nordeste, a tendência é de crescimento. Segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49 anos.

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