GAZETA DO POVO, 6 de outubro de 2009
Escolas cancelam aulas. Comércio fecha portas. E todos têm medo de novos crimes no Bolsão Audi-União, em Curitiba
Um menino andava ontem, pouco antes do fim da tarde, pelas ruas da Vila União, no bairro Uberaba, em Curitiba. Aparentava uns 10 anos. E trazia uma mensagem que causou pânico entre moradores e comerciantes da região. O garoto dizia que, ontem, o toque de recolher teria de começar mais cedo: quem continuasse na rua depois das 18 horas estaria correndo risco. Quem ouvia a mensagem não pensava duas vezes. Fechava tudo e ia para casa o mais cedo possível.
A obediência cega à ordem de sair das ruas ilustra o clima de pânico vivido no Bolsão Audi-União desde a chacina ocorrida na noite de sábado. Oito pessoas morreram, supostamente porque não obedeceram a um outro toque de recolher. A polícia – que continua negando as ordens de sair das ruas, apesar do depoimento dos moradores – diz que a série de crimes teria sido ordenada por um traficante, interessado em vingar a morte de seu sobrinho.
Um suspeito foi preso. A polícia diz que identificou seis autores da chacina. E garante que colocou vigilância suficiente na região. Mas o clima continua sendo de muito medo. Mesmo antes da passagem do pequeno mensageiro pelo bairro, os boatos de um novo toque de recolher já existiam. As escolas não ficaram de fora. Programadas para fazer aulas mais curtas no período da noite, tiveram de rever os planos e tomar medidas mais drásticas. No início da noite de ontem, ninguém foi encontrado nos colégios pela reportagem.
Com o cair da noite, mesmo os policiais desapareceram, segundo os moradores. Enquanto durante o dia a região foi monitorada por um grupo da cavalaria (uma viatura e seis policiais montados), uma viatura da Polícia Militar e outra das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), à noite, relatam os moradores, apenas uma viatura do projeto Povo percorria toda a região. O comando da Polícia Militar se negou a informar o efetivo que havia na vila. Disse apenas que era “suficiente”.
Quando surgiram boatos de que teria havido mais mortes no bairro, mais tarde desmentidos, nem mesmo a polícia sabia confirmar as informações. Uma viatura teve de ser enviada para o local para averiguar. “A polícia não ia ficar direto aqui?”, questionou uma moradora. “As ruas estão vazias, estão todos com medo, dentro de casa. Só tem uma viatura correndo as ruas”, afirmou a moradora por telefone à reportagem da Gazeta do Povo, depois do início do toque de recolher.
Enquanto isso, os moradores da região corriam para tentar garantir sua segurança. Exemplo é o caso do supervisor comercial Juliano*, morador há seis meses de um condomínio residencial próximo à região da chacina. Normalmente, ele volta de ônibus para casa depois do trabalho. Ontem, foi diferente. Recebeu a informação de uma pessoa da família de que haveria um novo toque de recolher: não se arriscou e voltou de táxi. Encontrou o local vazio, tanto de polícia quanto de moradores. O comércio ao redor tinha as portas cerradas e havia uma sensação estranha no ar. “Sem policiamento, vai ficar complicado”, diz ele. A filha, que estuda em uma escola estadual do bairro, foi liberada mais cedo, mas teve de voltar sozinha para a casa.
Escolas cancelam aulas. Comércio fecha portas. E todos têm medo de novos crimes no Bolsão Audi-União, em Curitiba
Um menino andava ontem, pouco antes do fim da tarde, pelas ruas da Vila União, no bairro Uberaba, em Curitiba. Aparentava uns 10 anos. E trazia uma mensagem que causou pânico entre moradores e comerciantes da região. O garoto dizia que, ontem, o toque de recolher teria de começar mais cedo: quem continuasse na rua depois das 18 horas estaria correndo risco. Quem ouvia a mensagem não pensava duas vezes. Fechava tudo e ia para casa o mais cedo possível.
A obediência cega à ordem de sair das ruas ilustra o clima de pânico vivido no Bolsão Audi-União desde a chacina ocorrida na noite de sábado. Oito pessoas morreram, supostamente porque não obedeceram a um outro toque de recolher. A polícia – que continua negando as ordens de sair das ruas, apesar do depoimento dos moradores – diz que a série de crimes teria sido ordenada por um traficante, interessado em vingar a morte de seu sobrinho.
Um suspeito foi preso. A polícia diz que identificou seis autores da chacina. E garante que colocou vigilância suficiente na região. Mas o clima continua sendo de muito medo. Mesmo antes da passagem do pequeno mensageiro pelo bairro, os boatos de um novo toque de recolher já existiam. As escolas não ficaram de fora. Programadas para fazer aulas mais curtas no período da noite, tiveram de rever os planos e tomar medidas mais drásticas. No início da noite de ontem, ninguém foi encontrado nos colégios pela reportagem.
Com o cair da noite, mesmo os policiais desapareceram, segundo os moradores. Enquanto durante o dia a região foi monitorada por um grupo da cavalaria (uma viatura e seis policiais montados), uma viatura da Polícia Militar e outra das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), à noite, relatam os moradores, apenas uma viatura do projeto Povo percorria toda a região. O comando da Polícia Militar se negou a informar o efetivo que havia na vila. Disse apenas que era “suficiente”.
Quando surgiram boatos de que teria havido mais mortes no bairro, mais tarde desmentidos, nem mesmo a polícia sabia confirmar as informações. Uma viatura teve de ser enviada para o local para averiguar. “A polícia não ia ficar direto aqui?”, questionou uma moradora. “As ruas estão vazias, estão todos com medo, dentro de casa. Só tem uma viatura correndo as ruas”, afirmou a moradora por telefone à reportagem da Gazeta do Povo, depois do início do toque de recolher.
Enquanto isso, os moradores da região corriam para tentar garantir sua segurança. Exemplo é o caso do supervisor comercial Juliano*, morador há seis meses de um condomínio residencial próximo à região da chacina. Normalmente, ele volta de ônibus para casa depois do trabalho. Ontem, foi diferente. Recebeu a informação de uma pessoa da família de que haveria um novo toque de recolher: não se arriscou e voltou de táxi. Encontrou o local vazio, tanto de polícia quanto de moradores. O comércio ao redor tinha as portas cerradas e havia uma sensação estranha no ar. “Sem policiamento, vai ficar complicado”, diz ele. A filha, que estuda em uma escola estadual do bairro, foi liberada mais cedo, mas teve de voltar sozinha para a casa.
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