terça-feira, 8 de setembro de 2009

No Sete de Setembro, muitos gritos de revolta contra a corrupção

Manifestações em várias cidades fizeram do Dia da Independência uma data de protesto contra a falta de ética na política

INSTITUTO AME CIDADE, 8 de setembro de 2009

O Dia da Independência teve o protesto como marca em várias cidades do Brasil. A data foi usada para a manifestação da insatisfação até de vendendores ambulantes de Londrina, Paraná, que estão sendo desalojados de seus pontos de venda na frente do Terminal Urbano da cidade.

Em outras cidades aconteceu uma unidade pelo menos simbólica no alvo dos protestos. Envolvido em escândalos no Senado, o presidente da Casa, José Sarney, foi o escolhido para estravazar a indignação coletiva contra a falta de ética na política brasileira.

No dia em que se comemora o histórico grito pela nossa independência como Nação, os brasileiros soltaram a voz em várias cidades brasileiras exigindo respeito à ética.

Em Brasília, a manifestação de protesto chegou perto da tribuna de honra onde estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a ministra Dilma Rousseff, candidata de Lula à presidente. Os manifestantes foram contidos por policiais e seguranças da Presidência com socos, gravatas e pontapés .

Veja abaixo, neste bloco de notícias, reportagens que dão um panorama político sobre a revolta contra a corrupção nesta importante data cívica nacional.


No 7 de Setembro, manifestantes fazem reivindicações e criticam Sarney

AGÊNCIA BRASIL, 8 de setembro de 2009


Brasília - Manifestantes aproveitaram o desfile de 7 de Setembro para fazer passeatas e protestos. Um das manifestações foi promovida por estudantes e integrantes da sociedade civil, que pediram a saída do senador José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado.

Segundo o estudante de arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Fortunato, 20 anos, a expectativa era tentar chegar perto da tribuna onde estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades, mas eles foram impedidos por seguranças e policiais militares.

O estudante de Ciência Política da UnB Raul Cardoso afirmou que foi empurrado por um policial militar e houve conflito entre manifestantes e alguns policiais. Os cerca de 50 manifestantes derrubaram uma das grades de segurança e ficaram atrás de arquibancadas, mas ainda distante da tribuna de honra, onde estavam as autoridades. Eles cantaram o Hino Nacional e gritaram pedindo a saída do Sarney.

Os estudantes usaram um cartão vermelho como símbolo do movimento, a exemplo do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). No último dia 25, Suplicy mostrou um cartão vermelho para Sarney, que estava ausente da sessão, e pediu que o senador renunciasse ao cargo de presidente da Casa.

“O movimento não tem vinculação partidária. A gente só quer mostrar nossa indignação contra o Senado. O Sarney é um representante simbólico, mas a luta é contra todo Senado.” Raul acrescentou que a ideia é chamar a atenção não somente do presidente, mas de toda a sociedade.

Outra manifestação ocorrida hoje em Brasília foi a do Grito dos Excluídos, que contou com apenas cerca de 30 participantes. A 15ª edição do Grito dos Excluídos tem o objetivo de protestar contra a crise econômica e as demissões, a corrupção e a criminalização dos movimentos sociais, além de defender melhores salários e manutenção de direitos.

Na tarde de hoje, devem ocorrer manifestações do Grito dos Excluídos em outras cidades, como Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e Manaus.

Também se concentraram em Brasília cerca de 20 aposentados. Eles fizeram o Grito do Ipiranga em protesto contra a proposta do governo para os aposentados, acertada com as centrais sindicais. Segundo o presidente da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos do Distrito Federal e Entorno, João Pimenta, os manifestantes também defendem propostas, em tramitação no Congresso, que estendem reajuste do salário mínimo para todos os aposentados e pensionistas, acabam com o fator previdenciário e recompõem perdas salariais.

Outro grupo que se reuniu na Esplanada foi organizado pelo Grupo Crítica Radical. Os cerca de 20 manifestantes pediam a liberdade do italiano Cesare Battisti e a rejeição do pedido de extradição. Segundo Rosa Fonseca, integrante do movimento, amanhã (8) será realizada uma vigília em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na quarta-feira (9), o STF decidirá se aceita ou não o pedido de extradição. “Trinta anos depois da anistia, não faz sentido o Brasil manter um preso político”, argumentou Rosa.

No 7 de setembro, protestos pelo Brasil pedem 'Fora Sarney'
AGÊNCIA ESTADO, 7 de setembro de 2009

Manifestantes romperam barreira de segurança e protestaram contra presidente do Senado em Brasília


BRASÍLIA - O fim do desfile do 7 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi marcado por um protesto contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Cerca de 100 manifestantes com gritos de "Fora, Sarney" e portando faixas e cartazes, romperam a barreira de segurança e chegaram perto do palanque principal, onde estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em sua maioria estudantes, o grupo chegou a enfrentar os policiais e permaneceu no local até o fim do desfile. José Sarney não compareceu ao evento. O protesto não chegou a interferir no desfile.

São Paulo

Em São Paulo, cerca de 300 pessoas protestaram na Avenida Paulista pedindo a saída de José Sarney da presidência do Senado. O grupo não atrapalhou o trânsito da região e seguiu caminho até a rua da Consolação.

Recife

Na capital pernambucana, o pedido de "Fora Sarney" e "Pelo fim do Senado" foi abarcado apenas pela central sindical Conlutas e pelos partidos políticos PSTU e PSOL na décima quinta edição do Grito dos Excluídos nesta segunda-feira, 7. Quando o grupo chegou, com faixas vermelhas e folhetos, o protesto já havia iniciado a caminhada de cerca de dois quilômetros da Praça Osvaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, até à Igreja do Carmo, no bairro de Santo Antônio, área central da capital.

Eles se posicionaram no final da passeata que teve início com mil pessoas e terminou com o dobro de participantes - dois mil - de acordo com a Polícia Militar. "Esta é a parte mais independente, mais à esquerda dentro do Grito", afirmou, bem humorado o presidente estadual do PSOL, Edílson Silva, numa alusão aos partidos e movimentos de trabalhadores que seguiam à frente e que, na sua avaliação, estavam enquadrados com o governo federal.

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que levou uma pequena representação, Jaime Amorim, disse que o movimento não assumiu o mote do Fora Sarney "porque não quis estreitar o debate, que é muito maior". "Contestamos a comemoração oficial do Sete de Setembro porque o País ainda não conquistou a sua independência, sua soberania".

A Central Única dos Trabalhadores e sindicatos de médicos preferiram pregar "O pré-sal é nosso". "Queremos que os recursos que venham a ser gerados pelo pré-sal sejam revertidos para resgatar a dívida social do País", afirmou um dos dirigentes estaduais da CUT, Manoel Henrique da Silva Filho.

Pela primeira vez o Grito contou com a presença do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido - que assumiu recentemente o cargo depois da renúncia, por idade, do conservador Dom José Cardoso Sobrinho. Ele defendeu a unidade da força do povo como forma de se fazer mudanças, a exemplo da moralização da política.


Manifestação contra Sarney no Sete de Setembro termina em confronto
O GLOBO, 8 de setembro de 2009


BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - O desfile do Sete de Setembro na Esplanada dos Ministérios terminou em confronto entre guardas e estudantes que protestavam contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Os cerca de estudantes levavam faixas e cartazes contra Sarney - o presidente do Senado não foi ao desfile. E gritavam palavras de ordem como: "Sou brasileiro, sou patriota, mas eu não sou idiota"; "Essa é de rir, o Senado já virou Sapucaí"; "Sarney, ladrão, devolve o Maranhão".

Seguranças da Presidência e policiais agrediram jovens que, após derrubar um alambrado, tentaram se aproximar do camarote onde estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a ministra Dilma Rousseff, entre outros. Manifestantes foram contidos com socos, gravatas e, segundo um deles, pontapés. Vários foram agarrados e arrastados pelo gramado. A briga durou poucos minutos, mas deixou alguns estudantes assustados.

- A gente estava entrando num espaço público, e policiais e seguranças partiram para cima da gente. Deram empurrões, soco e golpe de cassetete no ombro - queixou-se Raul Cardoso, estudante de ciência política e coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília.

O metalúrgico aposentado Célio Cândido Alves, de 64 anos, foi agarrado pelo pescoço e arrastado por um segurança de terno e gravata.
- Ele me deu uma gravata, apertou meu pescoço. Foi a maior violência que sofri na vida. Por favor, me ajudem a identificar o segurança que me agrediu - repetia Cândido Alves.
Depois disso, seguranças e policiais soltaram os manifestantes e recuaram para reforçar o cordão de isolamento.

Os estudantes usaram um cartão vermelho como símbolo do movimento, a exemplo do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). No último dia 25, Suplicy mostrou um cartão vermelho para Sarney, que estava ausente da sessão, e pediu que o senador renunciasse ao cargo de presidente da Casa.

- O movimento não tem vinculação partidária. A gente só quer mostrar nossa indignação contra o Senado. O Sarney é um representante simbólico, mas a luta é contra todo Senado - disse Raul.

Manifestações após desfiles do Rio e de São Paulo
Em outras capitais, os desfiles militares do Sete de Setembro também foram marcados por manifestações contra o presidente do Senado. No Rio, o desfile foi acompanhado por cerca de 15 mil pessoas. Após a parada, manifestantes de diferentes entidades pediram "Fora, Sarney". Eles também gritavam palavras de ordem contra o governo federal, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) - que não foram ao desfile.

Cerca de 300 pessoas protestaram à tarde na Avenida Paulista, em São Paulo, pedindo a saída de José Sarney da presidência do Senado. Parte dos manifestantes usava fantasia de palhaço e faixas com os dizeres "Fora, Sarney. Reforma política já". O trânsito chegou a ficar complicado na região, mas, segundo a Polícia Militar, não houve conflitos.

De manhã, depois do desfile de Sete de Setembro realizado no Sambódromo do Anhembi, um grupo com cerca de 500 pessoas fez outro protesto, desta vez cobrando a construção de mais casas populares. No carro de som, eram feitas críticas à política habitacional da prefeitura e do governo paulista.

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