quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Depois de chuva forte, Paraná enfrenta baixas temperaturas

LÚCIA NÓRCIO, AGÊNCIA BRASIL, 24 de setembro de 2009

Segundo Simepar este ano a primavera no Paraná terá influência do El Niño, que trará chuvas acima da média histórica


Após as fortes chuvas que atingiram o Paraná nos últimos dois dias, a passagem de uma massa de ar frio pelo Sul do país derruba a temperatura em todo o estado. Na estação meteorológica situada em Entre Rios, município da região centro-oeste, a menor temperatura chegou a 2,6 graus Celsius na madrugada.

De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, este ano a primavera terá a influência do fenômeno El Niño, o que implica previsão de chuvas acima da média histórica. Outra característica desse fenômeno é potencializar a ocorrência de mudanças rápidas de temperatura num curto período de tempo.

Nas primeiras vinte e quatro horas desta primavera, no litoral do Paraná, na região metropolitana de Curitiba e em Campos Gerais, o volume acumulado de chuvas é de cerca de 60 milímetros, o que representa a metade do previsto para todo o mês de setembro.

O último balanço da Defesa Civil informa que em todo o estado 429 residências, em 15 municípios, tiveram algum tipo de dano após os temporais, que afetaram um total de 53,3 mil pessoas.

Na região sul do estado, o município mais afetado foi União da Vitória, onde 70 pessoas que residem às margens do Rio Iguaçu estão desabrigadas devido à elevação do nível da água.

Na região central, três municípios foram afetados: Pitanga, Telêmaco Borba e Prudentópolis. Em Pitanga, o rio que corta a cidade transbordou, inundando casas e ruas, além de deixar pontes submersas. A prefeitura decretou estado de calamidade pública para facilitar a obtenção de recursos governamentais. Em Prudentópolis, 13 residências foram atingidas pela enxurrada, deixando aproximadamente 70 desalojados e 25 desabrigados.

Na região noroeste, o município de Umuarama teve 117 residências danificadas pelos fortes ventos e a Defesa Civil forneceu lonas aos moradores. Além disso, e 35 pessoas ficaram desalojadas e oito desabrigadas.

No norte do estado, foram registrados prejuízos em Londrina, Santa Helena, Cascavel. Na região metropolitana de Curitiba, os municípios de Almirante Tamandaré, Araucária, Campo Largo, Pinhais e São José dos Pinhais registraram alagamentos e de quedas de árvores. Os mais afetados foram Pinhais e Araucária, que tiveram 50 e 60 casas alagadas, respectivamente.

Para as próximas horas, de acordo com o Simepar, não há previsão de chuvas significativas no Paraná. Deve voltar a chover no estado a partir da tarde de domingo (27).


Clima adverso favoreceu perdas, atesta Iapar

Uma nota técnica assinada pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) traz um pouco mais de tranquilidade aos produtores de trigo já preocupados com a expressiva perda que terão neste ano na produção. O relatório aponta que “as condições meteorológicas que ocorreram na safra 2009 foram atípicas e bastante adversas para o trigo”, favorecendo o desenvolvimento de doenças. Com isso, os produtores ganham um documento oficial para conseguir indenização das seguradoras.

A preocupação dos agricultores é que o seguro agrícola não cobre prejuízos causados por doenças nas lavouras. Somente perdas por condições climáticas adversas. “Ela [nota técnica] é uma prova de que foi o excesso de chuva que provocou doenças e outros problemas no trigo e que está nos levando a uma perda superior a 80%, pelo menos aqui na região Norte”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissinati.

O documento surgiu a partir de um pedido dos agricultores à Secretaria Estadual de Agricultura (Seab). O órgão solicitou o estudo ao Iapar, que teve ajuda de pesquisadores da Embrapa de Londrina (leia a íntegra da nota no site do JL). “Essa nota nos dá um embasamento técnico para pedir o seguro. Não é só a voz do produtor”, ressaltou Pissinati.

Conforme a nota, a combinação de “volume excessivo de chuva, número e distribuição de dias do evento e a alta umidade relativa no período [de junho, julho e agosto] foi bastante prejudicial à cultura do trigo.” Os pesquisadores ainda ressaltam que o trimestre, que costuma ser o menos chuvoso do ano, em 2009 na região de Londrina chegou a apresentar recorde dos últimos 33 anos - desde que a série começou a ser feita.

Na região, a média histórica é de 205,6 milímetros para o trimestre. Mas neste ano o acumulado foi de 436,7 milímetros – 112,4% maior. Os dias de chuva também subiram da média de 20 para 35 neste ano. A concentração da chuva e os níveis elevados de umidade relativa do ar em determinados dias também trouxeram prejuízos às lavouras.

“Essas condições foram favoráveis ao desenvolvimento de doenças e ainda dificultaram o manejo destas, o que levou à quebra na produção”, afirmou o diretor técnico-científico do Iapar, Arnaldo Colozzi.

Ele observou que entre os dias 24 de junho e 3 de agosto houve uma alta frequência de dias chuvosos, período que coincidiu com o início do espigamento do trigo ao estágio inicial do enchimento dos grãos, uma fase vulnerável para doenças. “Com certeza o prejuízo está instalado. A perda nessa safra será grande”, ressaltou Colozzi.

“Na região de Londrina, a perda deve ser de 80% para mais. Tem produtor que nem vai colher”, disse Pissinati. Ele alerta que só a nota técnica não é suficiente para pedir o seguro. “O produtor deve ainda procurar o banco para pedir uma vistoria na área e ter uma autorização para colher ou roçar.”

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