terça-feira, 22 de setembro de 2009

Começa em Londrina o festival Londrix de literatura

JORNAL DE LONDRINA, 22 de setembro de 2009

Quinta edição do evento começa hoje com palestras, debates, oficinas, lançamentos e feira de livros na Vila Cultural Cemitério de Automóveis


O cantor e compositor Kleber Albuquerque abre hoje a edição 2009 do festival de literatura Londrix. Pela primeira vez em Londrina, ele traz para a cidade um show de voz e violão com o repertório de composições do seu último disco Só o amor constrói, lançado em julho desse ano que, além de composições próprias, possui parcerias com nomes da música popular brasileira como Zeca Baleiro, Chico César, além de poesia musicada de Hilda Hilst.

Albuquerque é associado com o ecletismo musical e com a experimentação de estilos e gêneros sonoros que vão do bolero ao rock e passando por xaxado e outros estilos. Na composição musical ele também já criou formações que fogem da normalidade, como a MiniOrkestra de PolkaPunk, que o acompanhou no último álbum e traz instrumentos inusitados como bateria de lata e serrote.

Mas, para Londrina, as músicas serão apresentadas sem essa roupagem. “Vou apresentar elas como vieram ao mundo em voz e violão, que é como nascem a maior parte das minhas composições”, conta, em entrevista por telefone. Das músicas do show, o público pode esperar um clima meio bolerão, romântico, mas com uma carga irônica. “No território da canção há uma influência ultrarromântica, mas não inocentemente romântica”, conta.

Nas parcerias de nomes conhecidos da MPB, Albuquerque quebra um pouco das tradições, como a faixa Tevê, dele com Zeca Baleiro que, ao contrário de sua formação como letrista, contribuiu com a música. “Gosto muito de fazer parcerias e da imprevisibilidade como elas se dão e do resultado delas. Tenho até umas parcerias que o parceiro nem sabe, como no caso de ter musicado um poema da Hilda Hilst”, brinca.

Dentro do festival literário, a apresentação de Albuquerque reflete a intenção do artista em criar uma linguagem pessoal. Ele conta que suas composições são trabalhadas na busca de um coloquialismo com características pessoais como na letra da música Xi, de Pirituba a Santo André: “Xi, o trem tava cheio/ veio o rapa e quis pegar no meu pé/ A gente vive, véio, nessa pauleira/ Quem dá bandeira/ Quem não sabe o que é”. “Estou tentando encontrar a poesia de uma forma mais leve”.

Ligado à literatura, sobretudo poesia, Albuquerque conta que sempre teve uma forte influência de compositores como Chico Buarque, e por muito tempo se envolveu com a poesia de Fernando Pessoa, mas acredita que a canção não pede apenas letras. “A canção não é território para rebuscamento da língua, apesar de alguns conseguirem com muita qualidade e no Brasil temos uma boa tradição disso. Mas gosto da idéia de mesclar”.

Leminski e educação são destaques do Londrix 2009
O festival literário Londrix, que começa hoje e vai até o dia 26, terá mais de 20 palestras sobre diferentes assuntos ligados à literatura, além de shows diários com vários artistas. Entre os destaques da programação está uma discussão sobre a necessidade da literatura educacional e os esforços feitos nesse sentido. O escritor Paulo Leminski, que morreu há 20 anos, será homenageado com um dia dedicado à sua obra.

Na área de educação haverá uma palestra sobre políticas públicas de leitura com o diretor da biblioteca municipal, Rovilson José da Silva, além da palestra Arte de se formar jovens leitores, de Dílson Catarino. A coordenadora do Londrix, Christine Viana, lembrou que a literatura educacional é uma tendência atual e sempre foi de interesse do festival o incentivo à leitura.

O escritor Paulo Leminski morreu em 1989 e haverá um dia para a discussão de sua obra, além de um recital com suas poesias. No dia 25, sexta-feira, o autor da biografia Paulo Leminski – O bandido que falava latim, Toninho Vaz, fará a palestra Introdução à poética de Paulo Leminski. Os autores londrinenses Maurício Arruda Mendonça, Rodrigo Garcia Lopes e Marco Vasques completam a homenagem com uma palestra sobre o universo do autor curitibano.

O Londrix revisita alguns temas recorrentes, como a palestra Geração beat, poesia e rebelião, com Cláudio Willer, sobre a geração de escritores norte-americanos dos anos 50.

Outro destaque fica para a vinda do cartunista Allan Sieber que, ao lado de Sônia Luyten e Eloir Pacheco, no dia 26, fala sobre a trajetória dos quadrinhos. Figura conhecida do festival, o dramaturgo Mario Bortoloto conversa sobre literatura e toca com sua banda Saco de Ratos no sábado.

Nenhum comentário: