quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Brasil segue com taxa real mais alta do mundo

O GLOBO, 19 de janeiro de 2011


Com o aumento da Taxa Selic nesta quarta-feira, o Brasil permanece na liderança isolada do ranking dos países com os maiores juros reais no mundo. O país tem agora uma taxa de 5,5% ao ano, descontada a inflação pelo IPCA projetada para os próximos 12 meses. E essa liderança acontece com uma larga vantagem: o segundo colocado, a Austrália, tem 1,9% de juro real ao ano. Na terceira posição está a África do Sul, com 1,8% anual, de acordo com dados compilados por Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul.

Para sair do topo do ranking de juros, o Brasil precisaria cortar a Selic em 3,5 pontos percentuais. Ou seja, reduzir a taxa dos atuais 11,25% para 7,75% ao ano, segundo a corretora. Nesse cenário, o país ficaria atrás de Austrália e África do Sul. Mas especialistas veem como muito remota a possibilidade de isso ocorrer a curto prazo por causa da aceleração da inflação.

O economista Celso Toledo, da LCA Consultores, explica que o aumento dos juros vem sendo usado pelos bancos centrais como remédio para a alta da inflação. É o caso recente de China, Índia, Rússia, Tailândia e Coreia do Sul. Em comum, o fato de serem países emergentes e terem um ritmo de crescimento muito acelerado de suas economias:

- São países superaquecidos, que estimularam a economia doméstica no passado e agora precisam retirar parte dos incentivos. O Brasil já está avançado nesse processo, porque elevou juros no primeiro semestre de 2010 - diz ele.
Inflação ainda elevada limita os efeitos da alta de juros em diversos países

Os efeitos do aperto monetário têm sido, no entanto, limitados pela própria aceleração da inflação. É o caso da Rússia. Embora tenha a quarta maior taxa nominal no mundo (7,75% ao ano), os juros reais estão negativos em 1%. Isso porque a expectativa de inflação para os próximos 12 meses está acima de 8%.

- Quando a inflação avança mais que os juros, o efeito da política monetária é limitado. Não se consegue conter o aquecimento da economia. Os BCs precisam ter credibilidade para convencer a o mercado de que a inflação não vai subir - diz Roberto Padovani, estrategista-sênior do banco WestLB do Brasil.

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