sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Escrivão e falso advogado são presos acusados de extorsão em Araucária

GAZETA DO POVO, 10 de dezembro de 2010

Eles pediam dinheiro de pessoas presas para liberá-las no dia seguinte. Mulher de um dos presos denunciou o esquema


Um escrivão da polícia civil de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e um falso advogado foram presos acusados de extorsão na manhã desta sexta-feira (10). Além deles, um casal de supostos traficantes, cujo homem teria se beneficiado do esquema para sair da prisão, também foi detido. De acordo com investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), o escrivão Gilberto Mansilha Ramos e Ricardo Ravazzani, estelionatário que se passava por advogado, cobravam dinheiro das pessoas que haviam sido presas. Mediante o pagamento, o preso era liberado.

O esquema foi denunciado pela mulher de um homem que havia sido preso e não foi solto porque devia um pagamento de uma detenção anterior. Na casa de Ramos, a polícia encontrou R$ 20 mil. Ele foi acusado de concussão (extorsão praticada por servidor público).

Segundo as investigações, uma equipe da Polícia Militar deteve um grupo de oito pessoas que estariam consumindo drogas dentro de uma oficina mecânica na noite de 29 de novembro. Dos oito detidos no local, segundo informações do Gaeco, somente dois foram realmente presos.

Na delegacia, foi lavrado auto de prisão em flagrante somente contra o proprietário do estabelecimento. Um outro homem passou a noite na carceragem e foi liberado na manhã seguinte, depois de pagar R$ 6 mil referentes a um acerto com Ramos e Ravazzani. Ainda está sendo investigado se os outros seis detidos foram liberados mediante pagamento.

O acordo foi negado para o dono da oficina porque em uma prisão anterior ele não teria efetivado o pagamento combinado. Os familiares dele conversaram com a família do preso liberado e foram orientados a contratar Ravazzani, que intermediou o acerto na delegacia com o escrivão.

A família gravou a conversa com o advogado, que confirmou a existência do acerto para a liberação. Ravazzani abriu a possibilidade para a família do dono da oficina conseguir o mesmo benefício, realizando o pagamento dos honorários advocatícios, que seriam repassados para a sua liberação.

De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, Ricardo Ravazzani não possui registro na entidade. O MP-PR vai oferecer denúncia criminal do caso nos próximos dias.

As gravações feitas pela família foram entregues ao Gaeco e divulgadas nesta quinta-feira (9).

Confira aqui as conversas na íntegra

Nenhum comentário: