sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Antes de assumir, Beto ganha primeira disputa na Assembleia

GAZETA DO POVO, 22 de outubro de 2010

Dispostos a fazer parte da base de sustentação do governador eleito, deputados derrubaram projeto enviado por Orlando Pessuti


Apesar de ainda faltarem três meses para Beto Richa (PSDB) assumir o governo do Paraná, a futura bancada de apoio ao governador eleito na Assembleia Legislativa já conquistou a primeira vitória tucana na Casa. Ontem, no primeiro dia de votação de projetos depois das eleições, a atual bancada de oposição conseguiu barrar uma proposta enviada ao Legislativo pelo governador Orlando Pessuti (PMDB). O episódio dá sinais de que Richa não deverá enfrentar dificuldades para obter maioria na Casa.

A proposta do Executivo trata da instituição da Política Estadual de Fomento à Economia Solidária no estado, que permite à população de baixa renda desenvolver grupos organizados de atividades econômicas – como associações e cooperativas – para entrar formalmente no mercado. Ontem, durante a segunda discussão da matéria, o líder da oposição, Élio Rusch (DEM), apresentou um requerimento solicitando a retirada do projeto por dez sessões, sob o argumento de que a proposta trará impactos para o novo governo. “O projeto não será implantado pelo atual governo. Como diz respeito à futura administração, é preciso que seja analisado pela equipe de transição. Não há motivo para a Assembleia atropelar esse processo”, argumentou. O discurso foi seguido pelo presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, que classificou a medida como uma prevenção. “O Paraná foi governado durante oito anos pelo mesmo partido. Agora só queremos um prazo para avaliar melhor o projeto”, afirmou.

“Por acaso o futuro governo é contra o desenvolvimento sustentável, a valorização do ser humano e do trabalho?”, Caíto Quintana, líder do governo Pessuti na Assembleia

Visivelmente irritado, o líder do governo, Caíto Quintana (PMDB), tachou o posicionamento da oposição como inadmissível e afirmou que, se o atual governo não pode mais aprovar projetos na Assembleia, a Casa poderia entrar em recesso branco até o fim do ano. “Por acaso o futuro governo é contra a distribuição equitativa das riquezas, o desenvolvimento integrado e sustentável, a valorização do ser humano e do trabalho?”, ironizou, ao citar trechos da proposta.

Apesar de o deputado Antonio Anibelli (PMDB), que presidia a sessão, ter tentado negociar um acordo entre as bancadas, o requerimento da oposição foi aprovado por 20 votos contra 12.

O resultado da votação já é uma mostra de que Richa, cuja coligação elegeu 25 dos 54 novos parlamentares, certamente terá maioria na Casa. Dos 13 deputados peemedebistas eleitos na chapa adversária, por exemplo, comenta-se que os únicos que devem se manter na oposição ao novo governador são Caíto Quintana, Nereu Moura e Waldyr Pugliesi. A posição dos sete parlamentares eleitos pelo PDT e pelo PSC ainda é uma incógnita. Por enquanto, a única oposição tida como certa ao futuro governo é a dos seis deputados petistas eleitos.


Osmar reage e critica deputados do próprio partido
FOLHA DE LONDRINA, 21 de outubro de 2010

O senador Osmar Dias (PDT), ex-candidato ao governo do Paraná, saiu do isolamento ontem para se manifestar contra filiados da sua legenda que não dão como certa, no próximo ano, a participação na bancada de oposição ao governador do Estado eleito, Beto Richa (PSDB). Um movimento de pedetistas afinados com o tucano, principal adversário de Osmar nas urnas, surgiu no início da semana, mas o estopim teria sido uma declaração do deputado estadual reeleito Augustinho Zucchi (PDT), presidente estadual do PDT em exercício e principal aliado do senador na Assembleia Legislativa do Estado. Zucchi afirmou que a oposição do PDT a Beto não se daria de forma ''automática''.

''Essa possibilidade (de não ser oposição a Beto) não foi levantada dentro do partido. São manifestações isoladas, imaturas e extemporâneas, pois temos uma missão ainda a cumprir, no próximo dia 31'', afirmou Osmar, em referência à campanha eleitoral do PT da presidenciável Dilma Rousseff. A declaração do pedetista foi dada em entrevista à Rádio CBN de Curitiba, ontem pela manhã. Desde o resultado das urnas do último dia 3, Osmar tem evitado falar publicamente. Sua primeira declaração direta à imprensa foi na semana passada, em Telêmaco Borba.

Segundo Osmar, o PDT tem ''obrigação de fiscalizar as muitas promessas'' feitas pelo PSDB. ''Promessas que podem até ter resultado na vitória do PSDB, e que eu tenho certeza que não serão cumpridas'', alfinetou ele. O senador, que é presidente licenciado do PDT no Paraná, admite ainda que a aproximação agora com os tucanos pode deixar ''o povo meio atordoado'': ''A eleição terminou dia 3, hoje ainda é dia 20. O PDT não tinha um projeto diferente (do PSDB)?''. Pouco antes de decidir disputar a eleição aliado ao PT e ao PMDB, Osmar não descartava sair candidato à reeleição ao Senado na chapa de Beto. Ontem, Zucchi não quis falar com a imprensa sobre a entrevista de Osmar.


Nenhum comentário: