quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Relatório aponta baixo aprendizado de alunos do 5º ano em português e do 9º ano em matemática

ESTADÃO ONLINE, 2 de dezembro de 2010

Estudo foi divulgado nesta quarta-feira pelo Movimento Todos Pela Educação

Apenas um em cada três alunos do 5º ano do ensino fundamental sabe português e matemática de acordo com o esperado para a série. Entre os estudantes do 9º ano do fundamental, 26,3% sabem ler e escrever e 14,8% dominam matemática conforme o adequado para a série. As informações constam de relatório do Movimento Todos Pela Educação divulgado nesta quarta-feira, 1º de dezembro.

A entidade criou cinco metas de acesso e qualidade da educação no Brasil e acompanha os resultados periodicamente. Uma das metas estabelece que, até 2022, pelo menos 70% dos alunos deverão aprender o que é essencial para a sua série.

Os patamares estipulados para 2009 foram parcialmente cumpridos. Os resultados em língua portuguesa dos alunos do 5º ano ficaram abaixo do esperado: apenas 34,2% aprenderam o que deveriam, enquanto a meta era chegar a 36,6%. Em matemática, 32,6% dos estudantes atingiram o resultado indicado, superando os 29,1% estipulados.

Para os alunos do 9º ano do ensino fundamental, o cenário é inverso: a meta de português foi atingida, mas a de matemática não. Apenas 14,8% dos estudantes aprenderam o esperado para a série que cursavam – abaixo dos 17,9% estipulados pela entidade. Em língua portuguesa, 26,3% atingiram a pontuação adequada, superando a meta de 24,7%.

No ensino médio, 28,9% obtiveram o resultado esperado em língua portuguesa (a meta era 26,3%) e só 11% alcançaram o aprendizado adequado para a etapa em matemática (a meta era 14,3%).

Centro-Oeste - A diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, classifica como "central" a meta "Todo aluno com aprendizado adequado à sua série". "O ciclo 1 do ensino fundamental - do 1º ao 5º ano - está mais bem resolvido, ainda que distante dos 100%", diz. Priscila destaca o trabalho dos Estados da Região Centro-Oeste "Eles fizeram a lição de casa para o cumprimento das metas do ensino fundamental."

No ciclo 1, o estipulado pelo movimento para 2009 era que 38,8% das crianças do Centro-Oeste soubessem ler e escrever - a Região atingiu 40,2% - e 30,6% dominassem o conteúdo de matemática esperado para o 5º ano - o número constatado foi de 36,2%.

No ciclo 2, o movimento determinou como meta para a Região que 23,6% dos alunos soubessem matemática de acordo com o esperado para o 9º ano. Os Estados atingiram uma média de 27,8%. Em matemática, a meta era de 16%, mas o Centro-Oeste alcançou 15,6%.

Qualidade - Para o sociólogo Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), enfrentar o problema da qualidade da educação demanda mais investimentos públicos e o desmonte da "caixa preta que é a educação pré-escolar". Ainda segundo ele, alfabetizar plenamente todas as crianças até os 8 anos de idade é um "problema crucial", assim como a reforma dos currículos escolares.

"Não podemos continuar com um currículo tão aberto, e isso está ligado diretamente à formação dos professores, que são mal pagos e desvalorizados. Aí entra outra questão: como está o ensino nas faculdades de Educação", questiona o ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Relatório - O estudo do Todos Pela Educação também traz análises sobre o acesso da população de 4 a 17 anos à escola, a alfabetização das crianças até os 8 anos de idade, a conclusão do ensino médio até os 19 anos e os investimentos públicos em educação.

No ano passado, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ampliou a obrigatoriedade do ensino no País. Antes, apenas o ensino fundamental era compulsório – dos 6 aos 14 anos. Até 2016, o País terá de incluir todas as pessoas de 4 anos a 17 anos na escola, desde a pré-escola até o ensino médio. O atendimento está próximo de ser universalizado na faixa de 6 a 14 anos de idade (99,7%). Porém, considerando a população de 4 a 17 anos, o acesso cai para 91,9%. A maior cobertura está na Região Sudeste (93,5%) e a menor, na Sul (89,5%).


Atraso começa já no início da vida escolar
Os alunos com as menores rendas estão atrasados em relação aos mais ricos já nos primeiros anos da educação básica, e não somente quando concluem essa etapa. Entre as famílias com renda per capita de até ¼ do salário mínimo, somente 43,9% dos alunos haviam concluído o 3.º ano no ensino fundamental na idade correta. Quando se observa as famílias com renda por pessoa superior a cinco salários mínimos, 80,4% das crianças haviam terminado na idade correta.

No ano passado, apenas 37,3% dos jovens de 16 anos que fazem parte de famílias com renda per capita de até ¼ do salário mínimo conseguiram concluir o ensino fundamental. Já entre as famílias que ganham acima de cinco salários mínimos, essa taxa sobre para 96,8% No caso do ensino médio, entre os mais pobres, somente 17,2% concluíram os três anos. Entre os mais ricos, esse número é de 93,6%.

Relatório. Os dados são do relatório De Olho nas Metas, divulgado ontem pelo Movimento Todos Pela Educação. “Temos de observar ainda as grandes diferenças que existem entre os Estados brasileiros, frutos da desigualdade social”, diz Priscila Cruz, diretora executiva da organização. Segundo ela, a educação não está funcionando como uma política compensatória das desigualdades, como deveria ser.

Apenas 34,2% dos estudantes aprenderam o que deveriam em língua portuguesa no 5.º ano – a meta do Todos Pela Educação era de 36,6%. Em matemática, a meta, de 29,1%, foi atingida por 32,6%.


Retrato
4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) é aplicado em educação, sendo que a meta para este ano era de 5%

14,8% dos alunos do 9º ano do fundamental aprenderam o que deveria em matemática

11% dos jovens do 3º ano do ensino médio têm o aprendizado em matemática adequado para a série

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