sábado, 11 de setembro de 2010

Avanço no emprego industrial do Paraná é lento

GAZETA DO POVO, 11 de setembro de 2010

Para analista, série do IBGE é curta para demonstrar o avanço histórico do setor no estado, que depende muito do agronegócio


A geração de empregos pela indústria paranaense em julho cresceu em ritmo bastante inferior à média nacional, uma relação que se mantém ao menos pelos últimos doze meses, apontou ontem a Pequisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em julho, o emprego industrial no Paraná avançou 1,60% em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto no Brasil o crescimento foi de 5,36%.

A análise de períodos mais longos demonstra que a base de empregos industriais no Paraná antes da crise econômica mundial estava mais alta em relação à média nacional. Com a turbulência financeira, o volume de trabalho na indústria caiu de forma mais brusca no estado, que não tem conseguido recuperar os níveis de emprego na mesma velocidade que o restante do país. A comparação entre o acumulado de 2010 em relação ao mesmo período de 2009 aponta 2,89% de crescimento nacional e 0,58% de crescimento paranaense. E o acumulado dos últimos 12 meses ante os 12 meses anteriores (agosto de 2008 a julho de 2009), que alcança em retrospecto a crise, aponta queda de 0,51% na geração de empregos no Brasil, enquanto no Paraná esse recuo foi de 2,39%.

Para Maurílio Schmitt, coordenador do departamento econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), a série histórica bianual é muito curta para revelar o real crescimento na abertura de vagas do estado. “Na última década, o Paraná cresceu 84,3% (na geração de empregos industriais), enquanto o Brasil cresceu 59,22%. O Paraná é o primeiro colocado no confronto com as maiores economias do país; em seguida aparecem Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo”, relaciona.

Schmitt entende que a disparidade entre os avanços nacional e local é causada pelas particularidades da indústria paranaense. “A estrutura industrial do Paraná é diferente da de São Paulo ou Minas Gerais. Nós temos larga interferência de matérias primas agrícolas. Em São Paulo, para usar como exemplo a maior economia do Brasil, o setor agro não tem um peso tão grande no conjunto da indústria”, afirma. A cotação das commodities foi seriamente afetada pela crise econômica entre o fim de 2008 e meados de 2009, com queda nas exportações ao longo de todo o ano passado.

Mesmo nos setores mais estruturados da economia industrial paranaense, a recuperação do emprego é mais lenta. A indústria de fabricação de meios de transporte, que reúne montadoras de automóveis, caminhões e ônibus, teve um aumento de empregos de 8,78% no Brasil em julho deste ano, em relação ao mesmo mês do ano passado, e de 0,59% no Paraná. Na mesma projeção, a indústria de alimentos e bebidas cresceu 2,26% no país, enquanto no estado recuou 1,25%.

Novos investimentos - Nos últimos meses, foram anunciados diversos investimentos para a instalação de novas fábricas no estado. A Caterpillar, produtora de maquinário para construção e mineração, vai montar uma unidade fabril em Campo Largo (região metropolitana de Curitiba) que irá empregar 900 pessoas a partir do início de 2012. Na mesma cidade, foi inaugurada em junho uma unidade da FPT, do grupo Fiat, para produção de motores. A fábrica deverá empregar 400 funcionários até o fim deste ano. Em Ibiporã (Norte do estado), a Quartzolit investe R$ 20 milhões em uma nova fábrica de argamassas, ainda sem estimativas de criação de postos de trabalho. “São investimentos que vão amadurecendo devagarinho, e devem aparecer nas futuras edições da pesquisa”, espera Schmitt.

Salários - A mesma pesquisa do IBGE apontou a evolução dos salários em julho em relação ao mesmo mês do ano passado. A folha de pagamento da indústria brasileira registrou aumento de 25,3%, com destaque para os setores de refino de petróleo, coque, combustíveis nucleares e álcool (250,25%) e indústrias extrativas (158,24%). No Paraná, o aumento dos salários industriais foi de 12,38% no mesmo comparativo, também puxado pelo setor de petróleo, coque, combustíveis nucleares e álcool (50,82%), e ainda por fabricação de meios de transporte (21,87%) e metalurgia básica (17,29%).

Nenhum comentário: