FOLHA DE LONDRINA, 16 de julho de 2010
Medida representa o corte no repasse de R$ 3,5 milhões/ano ao órgão; para presidente do programa, suspensão do convênio é ‘retaliação’
A presidente do Programa do Voluntariado do Paraná (Provopar), Lúcia Arruda, recebeu ontem uma notificação do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de que o convênio da entidade com o órgão será encerrado no próximo dia 15 de agosto. O Provopar recebia por ano cerca de R$ 3,5 milhões por conta da transferência do valor pago pelos paranaense na hora da escolha da placa personalizada. A extinção do contrato foi determinada pelo governador Orlando Pessuti (PMDB).
Pessuti confirmou ontem à FOLHA que o dinheiro arrecadado pelo Detran deverá ser destinado ''a outras instituições sociais que desenvolvem trabalhos junto a Secretaria de Estado do Trabalho ou da Secretaria de Estado da Criança''. O convênio com o Detran era uma das principais fontes de recursos da instituição. Em entrevista à reportagem Lúcia classificou a medida de ''retaliação'' uma vez que ela se recusa a entregar a presidência do Provopar ao governador.
''Pedi ao Detran que notificasse hoje o Provopar porque o contrato com eles prevê que em caso de rompimento a entidade seja notificada com 30 dias de antecedência'', explicou Pessuti. Além de cancelar o contrato, Pessuti teria também barrado um novo convênio pelo qual o Provopar faria a reforma da ala infantil do Hospital de Clínicas de Curitiba. O contrato, no valor de R$ 600 mil, teria ido parar por engano na mesa do governo. A extinção desse acordo, no entanto, não foi confirmada nem por Lúcia nem por Pessuti.
Lúcia disse à FOLHA que não iria comentar a iniciativa do governador por se tratar de uma ''atitude pequena''. ''Nós vamos continuar trabalhando. Tenho uma diretoria que foi eleita e a quem devo respeito. Vamos continuar aqui até 31 de dezembro de 2010'', afirmou. Para ela, a medida ''só prejudica a população que é atendida pelo Provopar''. ''Eu não vivo disso. Vou continuar vivendo e ser feliz. Eu não sei se ele é feliz'', completou.
Lúcia também afirmou que o Provopar não depende da verba repassada pelo Detran. A maior parte dos recursos da entidade viria de um convênio com a Receita Federal. ''Nosso grande benfeitor se chama doutor Luis Bernardi, da superintendência da Receita'', apontou.
A disputa em torno do Provopar começou depois que Pessuti requisitou a presidência da entidade, mas teve o pedido rejeitado por Lúcia, que é irmã do ex-governador Roberto Requião. Ela alega que a instituição é uma associação privada sem fins lucrativos e que, portanto, não poderia sofrer ingerências do governador. Até 2006 o Provopar tinha uma ligação institucional com o governo, mas para se adequar ao Código Civil a entidade alterou seu estatuto e se tornou associação.
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