sexta-feira, 16 de abril de 2010

Gaeco prende 11 policiais acusados de cobrar propina na região de Foz

GAZETA DO POVO, 16 de abril de 2010

Mais de 50 pessoas integravam a organização em Foz do Iguaçu. Onze policiais civis foram presos nesta sexta-feira; outros oito estão sendo procurados. Policiais militares também faziam parte da rede


Policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumprem, na manhã desta sexta-feira (16), em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, uma série de mandados de prisão contra integrantes de uma rede articulada para cobrar suborno de pessoas que transportavam mercadorias irregulares – como armas, drogas ou produtos de contrabando – trazidas do Paraguai. Por volta das 10 horas, 11 policiais civis já haviam sido presos. Também haviam sido cumpridos mandados de prisão contra um guarda municipal e 12 "olheiros".

Outros oito policiais civis devem ser presos até o início da tarde. No total, o Gaeco pretende cumprir 36 mandados de prisão. Cerca de 100 policiais civis e militares de várias cidades do estado trabalham na operação de cumprimento dos mandados. Alguns dos policiais detidos moram em Foz do Iguaçu, mas estavam lotados em Cascavel e na Lapa. Apesar disso, esses agentes iam até a fronteira para atuar no esquema. Também foram apreendidos dinheiro e armas.

As investigações identificaram mais de 50 pessoas integradas à organização. Além dos policiais civis, PMs, um guarda municipal e pessoas que atuavam como “olheiros” também faziam parte do esquema. De acordo com o coordenador da Operação Desvio, Rudi Rugo Burkle, a rede mantinha um monitoramento de um ponto chamado “desvio” da Estrada Velha de Guarapuava, usada por contrabandistas como rota alternativa para fugir do posto policial de Santa Terezinha de Itaipu, da rodovia BR-277.

Por meio da atuação dos “olheiros”, a rede mantinha o controle da entrada e saída de carros das estradas. Assim que eles identificavam veículos trafegando pelas estradas vicinais, comunicavam os policiais, que articulavam a abordagem aos criminosos. Entretanto, ao invés de efetuar a prisão dos envolvidos e de apreender a mercadoria irregular, os policiais que integravam a rede pediam dinheiro para liberar o comboio.

De acordo com o Gaeco, o grupo cobrava R$ 50 por veículo para fazer vistas grossas ao contrabando. O dinheiro arrecadado pelos policiais era dividido com os olheiros. As investigações foram iniciadas há um ano, a partir de interceptações telefônicas, mas, segundo o delegado do Gaeco, Alexandre Rorato, a rede atuava há mais tempo.

Todos os presos foram encaminhados ao Fórum de Foz do Iguaçu, onde estão sendo ouvidos na manhã desta sexta. À tarde, eles devem ser encaminhados à Cadeia Pública da cidade. O grupo responderá pelos crimes de concussão – pedido de propina – e formação de quadrilha.

Nenhum comentário: