BEM PARANÁ, 18 de setembro de 2009
Irritado com preferência por Osmar, governador não participa de evento com o presidente
A ausência do governador Roberto Requião (PMDB) marcou ontem a visita do presidente Luiz Inácio da Silva a Curitiba, e evidenciou o processo de afastamento entre o PMDB e o PT para as eleições de 2010 no Estado. Irritado com a preferência de Lula pela candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo paranaense, Requião não compareceu à posse do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca no 9º Tribunal Regional do Trabalho (TRT), alegando ter outros compromissos já agendados no interior do Estado. Ao invés disso, preferiu mandar como representante seu vice, Orlando Pessuti, que é justamente o pré-candidato do PMDB à sucessão estadual preterido pelo presidente e pelos petistas locais.
Enquanto o governador se refugiava no Norte do Estado, Osmar desembarcou de Brasília ao lado do presidente no Aerolula, em mais uma demonstração de prestígio que o senador conta hoje no Palácio do Planalto. A presença de Osmar e a ausência de Requião – além do mal-estar gerado pela atitude do governador – foi mais um sinal de que depois de décadas de parceria, petistas e peemedebistas tendem a caminhar em campos opostos na disputa eleitoral no ano que vem no Paraná.
O clima entre Lula e o governador paranaense começou a “azedar” depois que o presidente e interlocutores próximos a ele, como o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, manifestaram a intenção do PT de apoiar a candidatura de Osmar ao governo do Estado, como forma de garantir um palanque forte no Paraná para a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, candidata petista à sucessão presidencial. A avaliação dos petistas é que Pessuti não tem competitividade frente ao provável candidato do PSDB, Beto Richa, ao contrário de Osmar Dias, que divide com Richa e com o outro pré-candidato tucano, o senador Alvaro Dias, a liderança nas pesquisas de intenção de voto para o governo.
Apesar de prometer apoiar Dilma, Requião vem rechaçando publicamente qualquer possibilidade de aproximação com o senador do PDT, enquanto mantém conversas de bastidores com Beto Richa, e Alvaro Dias – e também acena com o apoio à presidenciável do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra. Além disso, dentro do PMDB paranaense, a preferência pelo apoio à candidatura de Beto Richa – em especial entre os deputados estaduais do partido – é cada vez mais evidente, já que os parlamentares peemedebistas também não acreditam nas chances eleitorais de Pessuti.
Constrangimento - O mal-estar entre os dois partidos se agravou ainda mais depois que na semana passada Paulo Bernardo declarou que o PT estaria pronto para “entrar de cabeça” na campanha de Osmar. O ministro cobrou ainda o apoio do PMDB à aliança com o pedetista e à candidatura de Dilma, lembrando que Lula teria sido decisivo para que Requião se reelegesse em 2006, por uma diferença de apenas 10 mil votos no segundo turno da disputa pelo governo, contra o senador pedetista.
A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, ainda tentou colocar “panos quentes” na situação, procurando Requião no início da semana para uma conversa. Mas mesmo depois da dirigente petista e mulher de Paulo Bernardo ter relativizado as declarações do marido e reafirmado a intenção do PT de contar com o PMDB em sua aliança no ano que vem, o governador preferiu arranjar a desculpa da viagem ao interior para não ter que dividir o palanque com Osmar ao lado de Lula na visita de ontem.
Além disso, a própria ministra Dilma, cuja presença inicialmente estava prevista no evento em Curitiba, também preferiu ficar em Brasília, aconselhada por líderes petistas. Tudo para evitar maiores constrangimentos diante da “birra” de Requião por conta da cada vez maior proximidade do PT local com Osmar Dias.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
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