segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Poder, dinheiro, corrupção e...

O governador de Brasília estrela um dos mais repugnantes espetáculos de corrupção já vistos na história. Sem nenhum pudor, políticos foram filmados recebendo dinheiro de propina em meias, cuecas, bolsas e até via Correios. Depois, ainda rezam, agradecendo a Deus a graça alcançada





REVISTA VEJA, semana de 9 de dezembro de 2009


No dia 4 de setembro de 2006, no auge da eleição para o governo do Distrito Federal, José Roberto Arruda encaminha-se até o escritório do delegado aposentado Durval Barbosa, então secretário do governo e seu coordenador de campanha. Ele aperta a mão de Durval e lhe dá um tapinha nas costas: "Meu presidente!". Arruda acomoda-se gostosamente no sofá, dá um profundo suspiro e pede um chazinho à secretária. Tira do bolso um papelzinho e diz a Durval: "Queria ver quatro coisinhas com você. Só posso pedir para você porque é algo pessoal". Arruda começa pela corrupção miúda, pedindo a Durval que consiga emprego para o filho dele numa das empresas que mantêm contratos com o governo. Depois abusa um pouquinho mais e recomenda que o delegado "ajude" a empresa de um amigo. Finalmente pergunta sobre o financiamento para a campanha. "Estou medroso com esse troço", diz Arruda. Durval tenta tranquilizá-lo: "A gente só não pode internalizar o dinheiro". Ato contínuo, Durval abre o armário, pega um pacote com 50 000 reais e o entrega a Arruda. "Ah, ótimo", agradece o candidato. Num lapso de 23 minutos e 45 segundos, com o equipamento do ladino Durval e a desfaçatez de Arruda, produziu-se o primeiro capítulo da mais devastadora peça de corrupção já registrada na história do país.

Talvez encantado com o espírito do Natal que se aproxima, Arruda veio a público na semana passada para dizer que, sim, ele recebeu o pacotão de dinheiro que aparece no vídeo - mas que, por nobreza de coração, usou os recursos na compra de panetones para os pobres que habitam a periferia de Brasília. Nem Papai Noel acreditou. A burlesca cena protagonizada por Arruda está num dos trinta vídeos entregues por Durval aos promotores do Ministério Público do Distrito Federal, aos quais VEJA teve acesso na íntegra (assista no site a uma seleção dos vídeos exclusivos). Ele também forneceu documentos e prestou um minucioso depoimento, expondo as vísceras do esquema de corrupção chefiado por Arruda e pelo empresário Paulo Octávio, vice-governador de Brasília. Até o início da crise, o ex-delegado era secretário de Relações Institucionais - uma espécie de embaixador da corrupção do governo de Brasília. Cabia à turma dele coordenar as fraudes nas licitações do governo, achacar os fornecedores e repassar o butim a Arruda e Paulo Octávio, distribuindo o restante da propina aos deputados da base aliada na Câmara Legislativa do DF. Ou seja, uma versão brasiliense e democrata do mensalão petista.

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4 comentários:

Anônimo disse...

Vergonha Nacional.....PT (MENSALÃO), PSDB, Mensalão (versão Distrito Federal) outros politicos de outros partidos que apoiam ARRUDA em sua administração (ou devia dizer organizações criminosas) envolvidas..... Estou de queixo caido.... Como mudar este cenário?
Decepção, tristeza, ainda dão uma desculpa que o dinheiro seria para comprar panetone de Natal para os pobres....
Será que se o fato fosse divulgado na semana Santa o ARRUDA iria dizer que seria para comprar Bacalhau, de toda forma isto fede.... Quero dizer a politica destes marginais.....

Queiroz disse...

Isso mostra que até mesmo os mais poderosos caem. Essa turma de Brasília atropelava a ética e imaginava que tinha o controle de tudo. Faturavam com licitação fajutada, obras que eram entreghues para empresas amigas, toda esse tipo de corrupção que destrói os orçamentos dos municípios brasileiros. O negócio é ter perseverança no trabalho pela ética que não tem poderoso que não caia.

Anônimo disse...

Estes acontecimentos fazem com que a gente faça uma reflexão sobre a nossa cidade.
Frigorifico do peixe;
Clube do povo (na campanha o Amin convidava o povo para junto com ele darem o mergulho de inauguração, em dezembro de 2008), a construção esta parada e quando anda vai a passos de tartaruga;
Praça Brasil (passem por lá e confiram o estado da mesma, parece uma praça de guerra);
Calçadão, tudo errado, torto, piso sem nivel, um desastre (dentro de pouco tempo terá que ser feito tudo novamente dado o serviço péssimo que estão fazendo, confiram), mas sai graças ao protesto de alguns comerciantes (os falsos moralistas e pucha saco do prefeito, serão beneficiados); Mas o xis da questão é a empreiteira que ganhou as licitações, sera que não teve aqui um Durval Barbosa dando uma mãozinha?
Firma cujo CNPJ é uma transportadora, obras ganhas valor maior que 3 milhões de reais e seu capital é de pouco nais de 400 mil reais, a mesma firma ganhou todas licitações.
Povo procopense acordem, fiscalizem, não deixem por conta de seus representantes porque eles se preocupam em cassar quem é séria e responsável no legislativo e com seus interesses particulares e ao final lutem, lutem.

Juliano disse...

O caso do governador Arruda mostra que um dia a casa cai para todo corrupto. Vejam na história recente quantos foram desmascarados. A cidadania não pod esmorecer.