segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Bebê morre em Arapongas após mãe tentar atendimento em PS de Londrina

JORNAL DE LONDRINA, 16 de novembro de 2009

Depois de ligar em três prontos-socorros de Londrina, mãe resolveu levar o filho até Arapongas, onde havia garantia de atedimento. Bebê morreu assim que chegou no Hospital João de Freitas


Um bebê de dois meses morreu em Arapongas, durante a madrugada de domingo (15), depois que a mãe tentou atendimento em prontos-socorros de hospitais em Londrina. Nicolas Guilherme Borges Teixeira acabou morrendo no colo da mãe, a atendente comercial Sheila Elizabeth de Oliveira Borges, que foi até o Hospital João de Freitas. Ela telefonou para três prontos-socorros de Londrina: dois deles estão fechados desde sexta-feira (13), porque os médicos plantonistas suspenderam o atendimento sem o pagamento de incentivos à distância.

Sheila contou que o bebê mamou no peito normalmente durante o sábado (14) de manhã. Entretanto, após o meio dia, a criança não tomou mais leite. “Ele dormia e acordava e dava uns gritinhos de dor. Pensei que era dor de barriga. Então fazia uma massagem e passava. A noite ele apresentou respiração fraca”, lembrou a mãe. Ao ligar para o médico da criança, que não estava em Londrina, ele recomendou levar até o hospital.

Diante da paralisação dos prontos-socorros de Londrina, a mãe ligou aos hospitais para ver a possibilidade de atendimento. “Liguei na Santa Casa e não havia como atender. Liguei no Hospital Infantil e também não havia como atender. Eles me recomendaram o Mater Dei. Liguei lá para ver como estava e me disseram que até ia atender, mas demoraria umas três horas”, disse.

Desesperada, Sheila procurou atendimento em outras cidades. ““Liguei em Cambé, mas disseram que só havia um clínico geral, Liguei em Rolândia e também não havia como ter atendimento. Quando liguei em Arapongas, me disseram que havia um pediatra e o pronto-socorro estava tranquilo. Então eu fui para lá correndo.” O bebê foi gemendo de dor durante o caminho e, quando a mãe chegou à recepção do Hospital João de Freitas, ele “parou de respirar”.

“Logo que ele parou de respirar, vomitou em cima. As enfermeiras pegaram ele correndo e levaram para dentro”, lembrou. Uma hora depois, segundo Sheila, as enfermeiras retornaram e disseram que o bebê havia morrido. “Eles falaram que tinham tentado de tudo, mas não deu para salvá-lo”, afirmou. Segundo informaram a Sheila, o filho dela morreu por “aspiração de conteúdo gástrico”. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), que buscou a criança em Arapongas na manhã deste domingo (15), Nicolas morreu de “broncoaspiração”.

Revoltada com o impasse do fechamento dos prontos-socorros em Londrina, a mãe prometeu entrar na Justiça a fim de encontrar responsáveis. “É revoltante. Eu acho que poderia estar com meu filho agora. Fui atrás de uma advogada e se eu tiver condição de entrar na Justiça, vou entrar. Não vai trazer a vida do meu filho de volta, mas para não acontecer com mais ninguém.”

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