O DIÁRIO DE MARINGÁ, 28 de setembro de 2009
As cooperativas de reciclagem em Maringá estão em crise e correm o risco de fechar. Elas alegam falta de incentivo da prefeitura. Em alguns bairros, a coleta já está deficiente
Enquanto a Prefeitura de Maringá se envolve numa batalha judicial para dar destino a cerca de 300 toneladas diárias de lixo produzidas pelos maringaenses, a coleta seletiva, que poderia ajudar a resolver o problema, enfrenta dificuldades.
Uma das seis cooperativas de materiais recicláveis, criadas entre 2001 e 2005, já fechou as portas e as demais patinam. Os catadores que continuam trabalhando reclamam da faltam caminhões e do não cumprimento de uma lei de incentivos, aprovada e promulgada pela Câmara neste ano, que poderia ajudá-los.
De acordo com os catadores, a situação se agravou a partir da crise econômica, no final do ano passado. As empresas que compram o material reduziu os preços. Neste mês, o preço médio da sucata está 52% menor ante o mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, o papelão caiu 48%, as garrafinha 25% e o PET, 33%. “Estes quatro tipos de materiais representam metade do total vendido mensalmente pelas cooperativas”, contam os trabalhadores.
De outro lado, as empresas compradoras dizem que não podem fazer nada. Segunda elas, as indústrias estão usando menos matéria-prima reciclada porque os barracões estão lotados.
Proposta
Para a psicóloga Talita Coelho,do Programa Multidisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho e os Movimentos Sociais (Núcleo Unitrabalho), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a solução para ambos os problemas poderia partir da prefeitura.
“A proposta é atribuir às cooperativas e associações a coleta seletiva em toda a cidade. A remuneração será definida pelo valor de mercado e a prefeitura também poderá ceder, durante a vigência do contrato, instalações e equipamentos para que as cooperativas processem os materiais recolhidos”.
Segundo ela, cidades como Belo Horizonte e Brasília já adotaram sistema semelhante. Talita diz que entre 60 e 70% do lixo produzido na cidade é reciclável e que sobraria menos de 100 toneladas diárias para serem encaminhadas ao lixão, para compostagem. “De outro lado, com a prefeitura subsidiando o trabalho, os catadores deixariam de depender do mercado comprador de recicláveis.”
Para que a prefeitura pudesse repassar a coleta seletiva às cooperativas, em março a Câmara de Vereadores aprovou uma lei, de autoria do vereador Humberto Henrique (PT), que nem chegou a ser sancionada pelo prefeito. Segundo Talita Coelho, para manter a coleta seletiva a administração municipal aluga três caminhões que se revesam no atendimento às cinco cooperativas. “O número de caminhões é insuficiente para a realização do trabalho e muitos estão desistindo de recolher o lixo reciclável, gerando reclamações da população.”
Os cooperados da Coopermaringá, por exemplo, contam que já desistiram de atender a Vila Morangueira, Vila Operária, Parque das Grevíleas e Aeroporto. “O caminhão lota antes do término da rota e não dá pra passar de novo. Então, agora a gente só passa nas zonas 2, 4 e 5”, diz um cooperado.
A Cooperpalmeira só atende dois bairros: Jardim Tarumã e Conjunto Cidade Alta. A Coopercanção, passa no Parque da Gávea, Vila Bosque, Jardim Novo Horizonte e Vila Emília. Apenas a Coopernorte iformou que continua com sua rota normal, recolhendo material da Vila Esperança, Zona 7, Jardins Copacabana, Quebec, Alvorada, Liberdade, Karina, Oásis Ebenezer, Mandacaru e Pinheiros, Parque Laranjeiras, Conjunto Hermmas Moraes de Barros, Vila Nova, Residencial Tuiuti e os órgão públicos.
As cooperativas de reciclagem em Maringá estão em crise e correm o risco de fechar. Elas alegam falta de incentivo da prefeitura. Em alguns bairros, a coleta já está deficiente
Enquanto a Prefeitura de Maringá se envolve numa batalha judicial para dar destino a cerca de 300 toneladas diárias de lixo produzidas pelos maringaenses, a coleta seletiva, que poderia ajudar a resolver o problema, enfrenta dificuldades.
Uma das seis cooperativas de materiais recicláveis, criadas entre 2001 e 2005, já fechou as portas e as demais patinam. Os catadores que continuam trabalhando reclamam da faltam caminhões e do não cumprimento de uma lei de incentivos, aprovada e promulgada pela Câmara neste ano, que poderia ajudá-los.
De acordo com os catadores, a situação se agravou a partir da crise econômica, no final do ano passado. As empresas que compram o material reduziu os preços. Neste mês, o preço médio da sucata está 52% menor ante o mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, o papelão caiu 48%, as garrafinha 25% e o PET, 33%. “Estes quatro tipos de materiais representam metade do total vendido mensalmente pelas cooperativas”, contam os trabalhadores.
De outro lado, as empresas compradoras dizem que não podem fazer nada. Segunda elas, as indústrias estão usando menos matéria-prima reciclada porque os barracões estão lotados.
Proposta
Para a psicóloga Talita Coelho,do Programa Multidisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho e os Movimentos Sociais (Núcleo Unitrabalho), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a solução para ambos os problemas poderia partir da prefeitura.
“A proposta é atribuir às cooperativas e associações a coleta seletiva em toda a cidade. A remuneração será definida pelo valor de mercado e a prefeitura também poderá ceder, durante a vigência do contrato, instalações e equipamentos para que as cooperativas processem os materiais recolhidos”.
Segundo ela, cidades como Belo Horizonte e Brasília já adotaram sistema semelhante. Talita diz que entre 60 e 70% do lixo produzido na cidade é reciclável e que sobraria menos de 100 toneladas diárias para serem encaminhadas ao lixão, para compostagem. “De outro lado, com a prefeitura subsidiando o trabalho, os catadores deixariam de depender do mercado comprador de recicláveis.”
Para que a prefeitura pudesse repassar a coleta seletiva às cooperativas, em março a Câmara de Vereadores aprovou uma lei, de autoria do vereador Humberto Henrique (PT), que nem chegou a ser sancionada pelo prefeito. Segundo Talita Coelho, para manter a coleta seletiva a administração municipal aluga três caminhões que se revesam no atendimento às cinco cooperativas. “O número de caminhões é insuficiente para a realização do trabalho e muitos estão desistindo de recolher o lixo reciclável, gerando reclamações da população.”
Os cooperados da Coopermaringá, por exemplo, contam que já desistiram de atender a Vila Morangueira, Vila Operária, Parque das Grevíleas e Aeroporto. “O caminhão lota antes do término da rota e não dá pra passar de novo. Então, agora a gente só passa nas zonas 2, 4 e 5”, diz um cooperado.
A Cooperpalmeira só atende dois bairros: Jardim Tarumã e Conjunto Cidade Alta. A Coopercanção, passa no Parque da Gávea, Vila Bosque, Jardim Novo Horizonte e Vila Emília. Apenas a Coopernorte iformou que continua com sua rota normal, recolhendo material da Vila Esperança, Zona 7, Jardins Copacabana, Quebec, Alvorada, Liberdade, Karina, Oásis Ebenezer, Mandacaru e Pinheiros, Parque Laranjeiras, Conjunto Hermmas Moraes de Barros, Vila Nova, Residencial Tuiuti e os órgão públicos.
Prefeitura diz que faltam catadores
A Prefeitura de Maringá informou, por meio da assessoria de imprensa, que “tem dado muito apoio às cooperativas e aos cooperados”.
Segundo a nota, “a prefeitura disponibiliza três caminhões e fornece óleo diesel para mais um veículo de cargas de uma das cooperativas. Mesmo assim as cooperativas não possuem pessoal suficiente para fazer a coleta dentro do necessário. Aumentar o número de caminhões vai esbarrar na falta de cooperados para viabilizar a coleta. Além disso, a prefeitura cede espaço físico e paga as despesas com energia e água da maioria das cooperativas.”
Sobre a lei de autoria do vereador Humberto Henrique (PT), aprovada em março deste ano, a posição da Prefeitura é de que ela é inconstitucional. “A prefeitura é proibida de dar ajuda financeira às cooperativas e cooperados, como proposto. Além disso, a prefeitura já dá total apoio às cooperativas, pagando as faturas de energia e água e fornecendo espaço para os cooperados trabalhar”, diz a nota.
A assessoria de imprensa informou ainda que “não existe intenção de cortar esse benefício concedido às cooperativas, ou mesmo acabar com a coleta seletiva”.
A nota termina reconhecendo que a coleta seletiva é uma alternativa para a destinação do lixo no município, “mas que depende de outros fatores que envolvem, por exemplo, o tratamento buscado pela administração. Por isso, a prefeitura tem dado todo apoio possível às cooperativas, que poderiam se unir para obterem melhores resultados”.
A administração municipal informou também que a Usina de Reciclagem, que abriga atualmente duas cooperativas, “poderia operar com até 70 pessoas na esteira de separação. No entanto, a usina opera com uma média de 15 a 20 pessoas por falta de entendimento entre as cooperativas de reciclagem que atuam no local”.
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