JORNAL DE LONDRINA, 28 de setembro de 2009
Emprestado até o dia 10 de outubro, equipamento está sendo testado por catadores que fazem parte das 17 ONGs que compõem a cooperativa, fundada no dia 12 de setembro
“Eu não preciso mais trabalhar 12 horas como antes. É só puxar e vai embora. Quando chegava de tarde, não aguentava, mas agora sobra energia.” Enézio Pinheiro, de 44 anos, está falando do carrinho elétrico. Assim como ele, outros 80% dos catadores de material reciclável aprovaram o equipamento emprestado pela Usina Itaipu Binacional e testado em Londrina. O equipamento é uma das alternativas para otimizar o trabalho da reciclagem nas ruas.
Emprestado até o dia 10 de outubro, o carrinho está sendo testado pelos catadores que fazem parte das 17 Organizações Não-Governamentais (ONGs) que compõem a cooperativa, fundada no dia 12 de setembro. Além disso, as outras entidades também poderão usar o equipamento. “Dos grupos que testaram, 80% já aprovaram. Quem não aprovou é porque fazia a coleta com uma Kombi”, explicou a assistente social Marilys Garani.
A grande vantagem do carrinho, conforme afirmou Marilys, é que não será preciso fazer muita força para puxar o peso dos materiais recicláveis. “Os 300 quilos que eles carregam em um carrinho normal correspondem a 60 pacotes de açúcar de cinco quilos. Eles estão trocando tudo isso por dez quilos, que é quanto pesa numa subida”, analisou. Justamente por causa desses dez quilos é que duas ONGs não aprovaram o equipamento.
“Essas duas faziam a coleta com a Kombi, sem esforço algum. Mas depois do teste vamos trabalhar o custo benefício e colocar na calculadora o combustível, conserto do veículo, entre outros itens, e ver se vale a pena”, disse a assistente social. De fato, para quem está acostumado a fazer entre quatro e cinco viagens por dia com 300 quilos nas costas, sente a diferença quando passa a trabalhar em até oito viagens, com um peso bem menor.
A reportagem do JL testou o carrinho elétrico durante uma manhã e constatou a facilidade de levá-lo entre o relevo de Londrina, entrecortado por subidas e descidas. “Você está levando jeito”, incentivou Pinheiro. Em todo o percurso, diversos pedestres questionavam ao catador sobre as vantagens do equipamento.
Os colegas de Pinheiro também aprovaram o carrinho, mas, assim como ele, estão ansiosos para ter o próprio equipamento. “Cada um anda diferente do outro. Se der problema, quem vai fazer a manutenção?”, questionou o catador Fábio Henrique, de 24 anos. Já Natalino Pestana, de 49, observou que algumas pessoas que utilizaram o equipamento durante o teste não carregaram a bateria toda, prejudicando o serviço de outro catador no dia seguinte. Pinheiro já faz planos para quando tiver o seu próprio carrinho. “Vou arrumá-lo para não cair tanto saco de material no chão.”
A ideia é que a própria cooperativa busque recursos para adquirir o carrinho. “Custa em torno de 6,8 mil e não dá para cada catador ter um. A cooperativa pode buscar recursos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, explicou o gestor do Projeto Coleta Solidária da Itaipu Binacional, Luiz Carlos Matinc. Entretanto, segundo ele, o maior incentivo está na comunidade. “Não adianta a prefeitura ou os catadores terem vontade se a comunidade de Londrina não estiver comprometida com o trabalho.”
Funcionamento
Matinc explicou que o carrinho tem uma bateria elétrica acoplada com duração de oito horas ou então ele trabalha em um percurso de 25 a 30 quilômetros. “O motor é de um cavalo e aguenta 300 quilos de papelão, plástico e garrafas pet”, disse. Esta é a segunda versão do equipamento, que começou a ser produzido em março de 2008, ano em que a Itaipu produziu 50 protótipos.
“Eles foram construídos e pensados na humanização do catador, a fim de substituir a tração humana pela energia elétrica”, explicou o gestor. Os 50 primeiros carrinhos foram testados e avaliados pelos próprios catadores, de várias cidades do Brasil. “Ficou sendo testado durante um ano. Por sugestões, mudamos a potência da bateria, trocamos o pneu que era frágil e o sistema de grades”, lembrou.
Segundo ele, as modificações foram necessárias porque os carrinhos haviam sido produzidos para serem baratos. “A tecnologia já existia em carrinhos da Coca-Cola e dos Correios, mas tivemos que baixar os custos e fizemos com uma empresa de engenharia de Curitiba.” O custo era de R$ 5 mil, mas com as modificações, subiu para R$ 6,8 mil.
O equipamento foi conhecido pelos catadores no mês passado. A tecnologia desenvolvida pela Itaipu foi repassada ao Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).
Cooperativa
A cooperativa dos catadores de material reciclável foi fundada em Londrina no dia 12 de setembro e está na fase de legalização. “Estamos registrando o estatuto, o livro de subscrição de cotas e, assim que tudo isso estiver formalizado, vamos captar recursos e assinar contrato com o poder público. Legalizar demora uns seis meses”, afirmou Marilys. A partir de então, os catadores poderão comercializar o material direto com o comprador.
O mecanismo de venda funcionava da seguinte forma: o catador recolhe o material, vende ao atravessador, que comercializa com o comprador final. “Isso faz diferença, porque os atravessadores compravam por R$ 0,08 o papelão, por exemplo, e vendiam por R$ 0,16. Com o anúncio da cooperativa, alguns atravessadores já aumentaram o preço dos materiais”, afirmou a assistente social.
Antes, eles estavam organizados em associações e, por causa disso, não podiam vender os materiais recolhidos diretamente aos compradores, já que não emitem nota fiscal. Outra alternativa da cooperativa é que os associados poderão comprar equipamentos e outras tecnologias a partir de fundos de financiamento, o que possibilitará agregar valor ao material reciclável vendido.
Emprestado até o dia 10 de outubro, equipamento está sendo testado por catadores que fazem parte das 17 ONGs que compõem a cooperativa, fundada no dia 12 de setembro
“Eu não preciso mais trabalhar 12 horas como antes. É só puxar e vai embora. Quando chegava de tarde, não aguentava, mas agora sobra energia.” Enézio Pinheiro, de 44 anos, está falando do carrinho elétrico. Assim como ele, outros 80% dos catadores de material reciclável aprovaram o equipamento emprestado pela Usina Itaipu Binacional e testado em Londrina. O equipamento é uma das alternativas para otimizar o trabalho da reciclagem nas ruas.
Emprestado até o dia 10 de outubro, o carrinho está sendo testado pelos catadores que fazem parte das 17 Organizações Não-Governamentais (ONGs) que compõem a cooperativa, fundada no dia 12 de setembro. Além disso, as outras entidades também poderão usar o equipamento. “Dos grupos que testaram, 80% já aprovaram. Quem não aprovou é porque fazia a coleta com uma Kombi”, explicou a assistente social Marilys Garani.
A grande vantagem do carrinho, conforme afirmou Marilys, é que não será preciso fazer muita força para puxar o peso dos materiais recicláveis. “Os 300 quilos que eles carregam em um carrinho normal correspondem a 60 pacotes de açúcar de cinco quilos. Eles estão trocando tudo isso por dez quilos, que é quanto pesa numa subida”, analisou. Justamente por causa desses dez quilos é que duas ONGs não aprovaram o equipamento.
“Essas duas faziam a coleta com a Kombi, sem esforço algum. Mas depois do teste vamos trabalhar o custo benefício e colocar na calculadora o combustível, conserto do veículo, entre outros itens, e ver se vale a pena”, disse a assistente social. De fato, para quem está acostumado a fazer entre quatro e cinco viagens por dia com 300 quilos nas costas, sente a diferença quando passa a trabalhar em até oito viagens, com um peso bem menor.
A reportagem do JL testou o carrinho elétrico durante uma manhã e constatou a facilidade de levá-lo entre o relevo de Londrina, entrecortado por subidas e descidas. “Você está levando jeito”, incentivou Pinheiro. Em todo o percurso, diversos pedestres questionavam ao catador sobre as vantagens do equipamento.
Os colegas de Pinheiro também aprovaram o carrinho, mas, assim como ele, estão ansiosos para ter o próprio equipamento. “Cada um anda diferente do outro. Se der problema, quem vai fazer a manutenção?”, questionou o catador Fábio Henrique, de 24 anos. Já Natalino Pestana, de 49, observou que algumas pessoas que utilizaram o equipamento durante o teste não carregaram a bateria toda, prejudicando o serviço de outro catador no dia seguinte. Pinheiro já faz planos para quando tiver o seu próprio carrinho. “Vou arrumá-lo para não cair tanto saco de material no chão.”
A ideia é que a própria cooperativa busque recursos para adquirir o carrinho. “Custa em torno de 6,8 mil e não dá para cada catador ter um. A cooperativa pode buscar recursos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, explicou o gestor do Projeto Coleta Solidária da Itaipu Binacional, Luiz Carlos Matinc. Entretanto, segundo ele, o maior incentivo está na comunidade. “Não adianta a prefeitura ou os catadores terem vontade se a comunidade de Londrina não estiver comprometida com o trabalho.”
Funcionamento
Matinc explicou que o carrinho tem uma bateria elétrica acoplada com duração de oito horas ou então ele trabalha em um percurso de 25 a 30 quilômetros. “O motor é de um cavalo e aguenta 300 quilos de papelão, plástico e garrafas pet”, disse. Esta é a segunda versão do equipamento, que começou a ser produzido em março de 2008, ano em que a Itaipu produziu 50 protótipos.
“Eles foram construídos e pensados na humanização do catador, a fim de substituir a tração humana pela energia elétrica”, explicou o gestor. Os 50 primeiros carrinhos foram testados e avaliados pelos próprios catadores, de várias cidades do Brasil. “Ficou sendo testado durante um ano. Por sugestões, mudamos a potência da bateria, trocamos o pneu que era frágil e o sistema de grades”, lembrou.
Segundo ele, as modificações foram necessárias porque os carrinhos haviam sido produzidos para serem baratos. “A tecnologia já existia em carrinhos da Coca-Cola e dos Correios, mas tivemos que baixar os custos e fizemos com uma empresa de engenharia de Curitiba.” O custo era de R$ 5 mil, mas com as modificações, subiu para R$ 6,8 mil.
O equipamento foi conhecido pelos catadores no mês passado. A tecnologia desenvolvida pela Itaipu foi repassada ao Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).
Cooperativa
A cooperativa dos catadores de material reciclável foi fundada em Londrina no dia 12 de setembro e está na fase de legalização. “Estamos registrando o estatuto, o livro de subscrição de cotas e, assim que tudo isso estiver formalizado, vamos captar recursos e assinar contrato com o poder público. Legalizar demora uns seis meses”, afirmou Marilys. A partir de então, os catadores poderão comercializar o material direto com o comprador.
O mecanismo de venda funcionava da seguinte forma: o catador recolhe o material, vende ao atravessador, que comercializa com o comprador final. “Isso faz diferença, porque os atravessadores compravam por R$ 0,08 o papelão, por exemplo, e vendiam por R$ 0,16. Com o anúncio da cooperativa, alguns atravessadores já aumentaram o preço dos materiais”, afirmou a assistente social.
Antes, eles estavam organizados em associações e, por causa disso, não podiam vender os materiais recolhidos diretamente aos compradores, já que não emitem nota fiscal. Outra alternativa da cooperativa é que os associados poderão comprar equipamentos e outras tecnologias a partir de fundos de financiamento, o que possibilitará agregar valor ao material reciclável vendido.
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