segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Primeira eleição para deputado de Alex Canziani foi feita de braços dados com Belinati e com todo o apoio do prefeito cassado

INSTITUTO AME CIDADE, 10 de outubro de 2011


Na relação com Belinati na prefeitura de Londrina também não se ouviu nenhuma vez a voz de Alex Canziani sobre as inúmeras suspeitas de corrupção e as ações contra suas administrações, inclusive as duas anteriores à parceria que resultou na formação da chapa que juntou o atual deputado federal petebista e o prefeito cassado.

Por coincidência, a condenação mantida pelo Tribunal de Justiça (TJ) esta semana e sobre a qual falamos no post abaixo se refere a irregularidades ocorrida no mandato em que Canziani foi vice de Belinati. Foi também durante este mandato que Belinati acabou sendo cassado pela Câmara Municipal por corrupção, em junho de 2000.

A parceria entre Canziani e Belinati foi um acordo com vantagens para os dois lados. Tendo Canziani de vice, Belinati fortaleceu sua candidatura junto a uma influente parcela do eleitorado londrinense onde sempre teve grande rejeição. Esta manobra era uma tática muito usada pelo ex-prefeito, que buscou sempre colocar um político novo no papel de vice para dar ares de renovação para a chapa sob seu comando, amenizando assim a rejeição que sofreu entre a classe média.

E Alex Canziani ganhou com a penetração no eleitorado mais pobre de Londrina, onde Belinati sempre teve muita força. A parceria com Belinati acabou sendo fundamental para a primeira eleição de Canziani para deputado federal, que ocorreu no meio do mandato em que figurou com vice. Surpreendentemente Canziani largou a responsabilidade de vice pelo meio. Foi a única vez que se viu isso no Paraná e talvez em todo o Brasil. Com a cassação de Belinati que veio a seguir, a falta de um vice quase resultou numa crise política prejudicial à cidade.

Sua campanha para deputado federal foi feita em perfeita sintonia com o ainda prefeito. Canziani fez dobradinha com o filho de Belinati, Antonio Carlos, candidato a deputado estadual pelo PSB. O material publicitário juntava toda a família Belinati, numa forma de Canziani aliar sua imagem inclusive a da então vice-governadora do Paraná, Emília Belinati, naquela época ainda casada com o ex-prefeito. O governador paranaense era Jaime Lerner, a quem ele também procurou ligar sua imagem. Mas a figura de destaque na propaganda de Canziani era o populista prefeito que seria cassado menos de dois anos depois.

Belinati teve participação ativa na campanha de Canziani, que usou até fotos dele abraçado com a família Belinati, conforme pode-se ver ao lado. Este debate com o deputado petebista é interessante até para disponibilizarmos enfim na internet este importante material da política paranaense.

Na campanha em que ele acabou se elegendo deputado federal pela primeira vez fica muito claro que Canziani deve a Belinati esta primeira vitória que alavancou sua carreira no plano federal.

Dessa forma, Canziani acabou ficando em dívida com Belinati por esse primeiro grande empurrão na sua carreira como deputado federal. Porém, essa proximidade favoreceu Belinati na sua eleição para prefeito, mas parece ter enterrado o sonho de Canziani ser prefeito de Londrina. Ele já tentou isso duas vezes, sem sequer ir para o segundo turno.

E essa rejeição do eleitorado da cidade pode ter origem na sua estreita relação com Belinati, quando foi seu vice-prefeito.

Na campanha para deputado federal, em um folheto de campanha distribuído por Canziani aos milhares pela cidade e região, Belinati responde à pergunta “Por que Alex e Belinati se uniram na campanha de 96?” exatamente com estas palavras: “Levamos em conta o prestígio pessoal dele, a sua competência, a sua dignidade. Eu me orgulho muito de ter feito esta parceria, porque hoje considero o Alex um prefeito como eu, porque temos administrado em conjunto a Cidade”.

Noutro folheto de campanha, a afirmação é do próprio candidato Canziani, ao lado de uma foto em que ele aperta efusivamente as mãos de Belinati tendo a cidade ao fundo: “O prefeito Antonio Belinati não cansa de dizer: Londrina tem dois prefeitos”. O primeiro folheto citado pode ser visto acima. O outro está mais abaixo. Para aumentar as imagens, basta clicar sobre elas.


Movimento ético que levou
à cassação de Belinati nunca teve
o apoio do deputado Canziani
Logo depois da eleição de Canziani para a Câmara Federal, em Londrina foi dado início a um movimento cívico que já é parte da história recente do Paraná e do país. Denúncias de corrupção na administração de Belinati criaram um movimento pela moralidade pública entre a sociedade civil, que acabou sendo batizado como “Pé Vermelho! Mãos Limpas!”.

O Ministério Público já vinha agindo de forma exemplar na investigação do que acontecia na prefeitura, com a denúncia de irregularidades que estarreceram os londrinenses. A movimentação cívica na cidade juntou várias entidades e sindicatos, além de representantes de religiões. A Igreja Católica era representada oficialmente pelo próprio bispo.

O resultado final desta luta ética foi a cassação de Belinati por corrupção pela Câmara Municipal em junho de 2000, mas antes dessa ótima providência do legislativo muitas pressões foram feitas contra os cidadãos que lutavam pela decência nos negócios públicos. A imprensa não dava divulgação a esta luta, pois jornais, rádios e até televisões não ousavam veicular críticas ao prefeito.

A cidade tinha três deputados federais: o petista Paulo Bernardo, Alex Canziani, do PTB, e o tucano Luiz Carlos Hauly. O único que fazia críticas à administração municipal era o tucano. Bernardo e Canziani estiveram ao lado de Belinati. Canziani nunca apoiou o movimento ético nascido da sociedade civil londrinense.

No plano municipal e estadual, o partido de Canziani fechava com Belinati. No estado, Canziani e seu PTB estavam com o governador Jaime Lerner, que dava um forte apoio ao prefeito de Londrina, inclusive com sua soberba experiência em marketing e comunicação que foi definidora na vitória de Belinati e seu vice Canziani num segundo turno em que eles entraram enfraquecidos.

Depois da eleição, Lerner continuou usando sua tropa de choque política na Assembléia Legislativa do Paraná para impedir que a luta pela ética em Londrina alcançasse o âmbito estadual.

Naquele época de fortes pressões em Londrina, um deputado que nem era da cidade entrou em Brasília com moção de apoio ao trabalho dos promotores que investigavam as fraudes. Foi o deputado Rubens Bueno (PPS).

No Paraná, o então deputado José Maria Ferreira (PMDB), hoje prefeito de Ibiporã, fez uma proposta na Assembleia de uma moção de apoio de apoio aos promotores que trabalhavam contra a corrupção em Londrina, mas a proposta foi derrotada depois de pressão direta do próprio governador.

Escreveu a Folha de Londrina na época: “A oposição votou a favor da moção de apoio. Os governistas contra. A orientação foi repassada pelo governador Jaime Lerner (PFL), aliado do prefeito de Londrina Antonio Belinati (PFL), através do chefe da Casa Civil, Pretextato Taborda, em visita ao líder do governo, Valdir Rossoni (PTB), pela manhã”.

Da região norte, votaram favor da moção, além do deputado José Maria, o deputado Valdir Pugliesi (PMDB), de Arapongas, e Hermes Fonseca (PT), deputado de Cornélio Procópio.

A bancada de Lerner votou em peso contra a proposta. Na região, votaram contra Durval Amaral, de Cambé, e o londrinense Luiz Alborghetti, o falecido Cadeia. O então deputado Moysés Leonidas nem apareceu para votar. A moção de apoio aos promotores que atuavam pela ética teve o voto contrário também do filho de Belinati, Antonio Carlos Belinati, que se elegeu deputado estadual na dobradinha com Alex Canziani.

3 comentários:

corintiano disse...

pessoal do instituto ame cidade, belinati será tetraprefeito, escreva aí. se não for ele, vai ser o sobrinho dele. escreva isso tambén

Advogado antenado disse...

Nossa, parabéns ao blog por tantas informações. Pelo jeito a lavação de roupa suja já começou para a próxima eleição... Estou ansioso para saber quem será o próximo. Só espero que quem esteja com este arquivo todo não tenha ficha suja também.

Milléo disse...

Caro Advogado, fique mais antenado: este blog laranja foi plantado pelo pessoal do Hermes Fosneca e pelo Zé Antônio. Querem tentar desestabilizar a administração Amin.