quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os números não mentem, por isso Cornélio Procópio pergunta: como pagar com R$ 13,8 milhões uma obra de R$ 15 milhões?

INSTITUTO AME CIDADE, 28 de setembro de 2011


Passada a festa de comemoração do recebimento da primeira parcela do orçamento previsto para a construção do Hospital Regional, em Cornélio Procópio, um encaminhamento de qualidade seria baixar o tom eleitoral que cerca esta obra e os responsáveis especificarem de forma clara como é que vai ser a administração de uma obra de tal dimensão.

Parcelas significativas da sociedade civil da região se preocupam com o que vem por aí. E tem motivos para tanto, a começar pelos discursos vazios em torno de um assunto que exige mais profundidade e bastante equilíbrio. São palavras como “maior da história”, “maior conquista” e outras falas de uma gramática política que nada mais é que megalomania se não forem acompanhadas de decisões administrativas de qualidade.

E esta preocupação vem embasada nos fatos claros presentes na história política e administrativa daquele que está no centro da festa política: o prefeito Amin Hannouche (PP). O prefeito é conhecido em toda a região por uma administração que coleciona encrencas em obras públicas, sem nenhum respeito aos prazos e à qualidade técnica.

Aqui se fala também de um prefeito que na área da saúde pública tem dificuldade para colocar em funcionamento o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU, que está anunciado para começar a funcionar este mês de forma precária num imóvel alugado da família de um vereador de sua base aliada.

Ontem, no post abaixo, mostramos usando até de certo humor que o que entra de início para os cofres da prefeitura não são os anunciados 15 milhões de reais. São exatos R$ 13,8 milhões. Independente de onde venha esse corte de mais de 1 milhão (impostos ou qualquer outra coisa, mesmo que seja a piada pronta da obra que já começa superfaturada no discurso) é um corte e tanto que não fecha com o número inteiro da grandiloqüência política da solenidade com a fotografia do imenso cheque de 15 milhões de reais.

A conta é simples: caso a segunda parcela seja também de R$ 13,8 milhões e não a cifra de R$ 15 milhões do imenso cheque nas mãos de políticos que estão na chefia de grupos que disputam eleições no ano que vem, então a obra já não é de R$ 30 milhões de reais.

A obra será então de exatos R$ R$27.600.000,00, o que ainda é uma dinheirama, mas fica bem abaixo dos anunciados 30 milhões. Ainda assim é uma grande obra, sempre muito bem-vinda em uma região que vem sofrendo por décadas com dificuldades no atendimento hospitalar que, muitas vezes, o doente tem que procurar em cidades como Londrina ou até mais longe.

Mas não seria melhor tratar um assunto tão vital para a população de forma menos propagandística, buscando situar todo o processo na sua integridade técnica? Como diz o antigo e sábio jargão popular, os números não mentem.

Acontece que o que planejado para ser feito com R$ 15 milhões de reais terá inevitavelmente de sofrer um pesado abatimento se na hora da liberação da verba o montante for, na verdade, de exatos R$ 13,8 milhões. Nem seria preciso repetir que ainda é bastante dinheiro. Mas é de fato um corte e tanto em qualquer orçamento, que nesta primeira etapa fica bem abaixo do fantástico cheque de R$ 15 milhões.

E para ver a diferença que um número ou outro pode fazer no orçamento de uma obra nem é preciso ter conhecimento aprofundado de gestão pública, o que pode facilitar bastante a compreensão do problema para políticos que posam com cheques imensos em cerimônias com ar de propaganda política.

2 comentários:

Til disse...

É matemática simples: os 15 milhões é a soma dos 13,8 milhões do governo federal com os 1,2 milhão da prefeitura. Tá certo o que foi feito no evento.

Anônimo disse...

Complementando o Til. É claro que o escriba que fez o texto não é nem um burro para entender isto. É claro que se trata de um daqueles limões da vida que,não tendo como manifestar a sua ira de outra forma, coloca no papel a mágoa que sente dos adversários por conquistas evidentes. Sobre o SAMU, seu escriba, em Cornélio Procópio, a situação é idêntica a todos os municípios beneficiados pelo programa e a questão de locar imóvel particular, é simplesmente para poder colocar o serviço para funcionar o mais rápido possível. Um alerta, AME: texto bonito, só serve mesmo para livro. Porque não edita um????