quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Paraná emenda 3.º mês seguido de déficit

G1, 15 de dezembro de 2010

Exportações atingiram o maior patamar da história para meses de novembro, mas a compra de importados foi ainda mais forte


O Paraná exportou US$ 198 milhões em veículos e peças automotivas no mês passado, a maior cifra desde outubro de 2008. Os embarques de cereais (milho, principalmente), que somaram US$ 91 milhões, atingiram o patamar mais alto desde maio daquele ano. E as exportações de açúcar, de US$ 149 milhões em novembro, alcançaram o maior valor mensal em pelo menos uma década. Graças a marcas como essas, as vendas externas do estado atingiram no mês a marca de US$ 1,174 bilhão, um recorde para meses de novembro.

Nem isso, no entanto, foi suficiente para evitar que a balança paranaense amargasse seu terceiro déficit mensal consecutivo. Porque, assim como as exportações, as compras de importados também alcançaram o maior nível já registrado nessa época do ano: US$ 1,382 bilhão, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A diferença entre vendas e compras resultou num saldo negativo de US$ 208 milhões, quase o mesmo valor do mês anterior (US$ 210 milhões). Com o novo déficit, o saldo acumulado de janeiro a novembro encolheu para US$ 344 milhões, o mais baixo para o período desde 2001.

Os números do MDIC mostram que, embora a demanda externa venha dando sinais mais firmes de recuperação, o apetite por importados é ainda mais forte. É ele que faz com que, passado o período março-agosto, em que se concentram as exportações de soja, a balança do estado entre no vermelho. Foi o que ocorreu nos três últimos meses de 2008 e nos quatro últimos de 2009, e assim tem sido desde setembro passado.

Há boas chances de que os déficits persistam pelos próximos dois ou três meses, até que comecem os embarques da nova safra de soja. O grão retomou, no ano passado, a liderança no ranking de produtos exportados, que pertenceu ao grupo de veículos e peças por quatro anos consecutivos.

Demanda industrial - Ao menos dois fatores dificultam a ampliação do saldo comercial. Um deles está nos incentivos fiscais que o governo estadual concede à importação – que são alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Graças a esse estímulo, a importação de ferro e aço, por exemplo, subiu quase 70% em apenas dois anos. O segundo fator está na própria indústria, que tem no real valorizado um adversário para vender ao exterior – mas um aliado na hora de importar.

Muitos dos setores que vêm empurrando para cima as exportações também são, ou passaram a ser nos últimos anos, grandes importadores. O polo automotivo virou deficitário em 2008. Suas vendas neste ano, acumuladas em US$ 1,7 bilhão, vêm se aproximando dos níveis de dois anos atrás; as importações, porém, já estão próximas de US$ 2,2 bilhões, o que gera um saldo negativo de quase US$ 500 milhões.

Algo semelhante ocorre com a categoria de equipamentos mecânicos, formada por uma extensa gama de mercadorias – entre elas bombas para motores diesel, equipamentos para a exploração de petróleo, colheitadeiras e refrigeradores. O grupo exportou US$ 852 milhões e importou quase US$ 2,2 bilhões de janeiro a novembro. Nos itens importados, há componentes que vão equipar máquinas fabricadas no estado, mas também produtos acabados, como aparelhos de ar condicionado.

No total, a participação dos chamados bens de consumo – mercadorias prontas para serem vendidas ao consumidor final – ficou estável em 2010, na comparação com 2009, com 19% das importações totais. A fatia dos bens intermediários (matérias-primas) recuou de 45,4% para 42,4%, ao passo que a participação relativa dos bens de capital (máquinas e equipamentos para a indústria e transportes) subiu de 23,6% para 26,2% no período.


Em recuperação, vendas do estado já batem 2008
Recuperando-se aos poucos dos efeitos da crise internacional, as vendas do Paraná a outros países já superam os níveis recordes alcançados dois anos atrás. De agosto a novembro, as exportações somaram US$ 5,2 bilhões, contra US$ 4,8 bilhões de igual período de 2008 – ano em que o estado obteve seu maior faturamento no comércio exterior. Uma ressalva é que, em outubro e novembro daquele ano, as vendas já começavam a minguar em razão da crise internacional, desencadeada pouco antes.

Apesar dos bons resultados recentes, no acumulado de janeiro a novembro o Paraná ainda está abaixo de seu melhor momento no comércio internacional. Foram exportados US$ 13,1 bilhões em mercadorias no período, 8% a menos que nos 11 primeiros meses de 2008 (US$ 14,2 bilhões). Na comparação com 2009, quando o comércio foi bastante prejudicado pela crise, as vendas têm alta de 25%. Nas importações, o volume atual é 6% inferior ao de 2008 e 45% maior que o do ano passado.


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