sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Banco Central sobe compulsório e retira R$ 61 bilhões da economia

G1, 3 de dezembro de 2010

As ações devem causar maior restrição de crédito na economia. Vai aumentar o requerimento de capital para operações de crédito a pessoas físicas com prazos superiores a 24 meses


O Conselho Monetário Nacional (CMN) e a diretoria do Banco Central decidiram elevar a alíquota do depósito compulsório (recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária) sobre depósitos à vista de 8% para 12% e, também, sobre depósitos a prazo, que passou de 15% para 20%., informou nesta sexta-feira (3) o presidente da instituição, Henrique Meirelles. As alterações dos compulsórios valem a partir da próxima segunda-feira (6).]

Com a medida, o governo está retirando R$ 61 bilhões em da economia brasileira - recursos que não poderão ser mais utilizados pelos bancos para empréstimos a empresas e pessoas físicas.

Meirelles afirmou que a medida visa evitar o surgimento de "bolhas" no mercado de crédito e, também, de riscos para o sistema financeiro. "A crise financeira também mostrou que há uma correlação entre condições excessivas de liquidez do sistema financeiro no curto prazo e solvência no médio prazo", acrescentou ele.

Ao enxugar os recursos existentes para empréstimos das instituições financeiras, o BC contribui para pressionar para cima os juros bancários e isso pode ser uma alternativa à uma subida maior da taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 10,75% ao ano.

A expectativa do mercado financeiro, neste momento, é de que os juros básicos subam 1,5 ponto percentual em 2011, para 12,25% ao ano. O aumento dos compulsórios, e da taxa básica de juros, são formas de o Banco Central tentar conter o crescimento da inflação. Nas últimas semanas, o mercado financeiro tem subido consistentemente a sua previsão de inflação para este ano, que já está em 5,72%, e também para 2011 (5,20%). Ambas acima da meta central de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais (entre 2,5% e 6,5%).

"As condições atuais justificam a recomposição das alíquotas dos compulsórios aos níveis pré-crise. Portanto, a diretoria do BC decidiu elevar os recolhimentos das alíquotas dos depósitos a vista e a prazo", informou o presidente da instituição, Henrique Meirelles. Segundo ele, o recolhimento total vai ficar em R$ 10 bilhões acima do que prevalecia antes da crise financeira internacional. "Isso é função da expansão real dos depósitos nesse período", explicou ele.

O presidente do BC confirmou que a definição dos juros, e a política de compulsório da instituição, são "canais complementares". Isso não quer dizer, porém, que a autoridade monetária deixará de fazer eventuais aumentos de juros que julgar necessários - mas sim que pode ter de fazer um movimento menor de elevação.

"As medidas têm reflexo na questão macroeconômica. Quando você diminui a quantidade de recursos na mão do sistema financeiro, pode haver uma tendência, é muito difícil dizer certamente haverá, mas a lógica diz que poderá haver aumento de juro bancário", declarou Aldo Mendes, diretor de Política Monetária do Banco Central.


Governo vai cortar gastos em todos os ministérios, diz Mantega
AGÊNCIA BRASIL, 3 de dezembro de 2010


O corte de gastos no próximo ano será generalizado e atingirá todos os ministérios, disse hoje (2) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em entrevista exclusiva à TV Brasil, o ministro afirmou que os cortes se concentrarão nos subsídios.

“Agora é o momento de haver retração dos gastos dos subsídios de modo que o setor privado tenha condições de fazer este papel. Então vamos diminuir os gastos, praticamente, em todos os ministérios. Haverá uma redução de despesas e vamos trabalhar para que as despesas não aumentem.”, disse Mantega.

Segundo o ministro, é necessário adaptar o Orçamento ao período pós-crise para compensar o aumento nos gastos públicos nos últimos dois anos. Para ele, o país está cumprindo a função de tornar a política econômica anticíclica, em que o Estado gasta mais em momentos de crise para estimular a economia e amplia o ajuste fiscal em fases de crescimento.

“Quando a economia precisava, o Estado foi lá e estimulou. Agora que a economia caminha com suas próprias pernas, o Estado se retira e deixa o setor privado fazer a sua parte”, ressaltou. “Assim teremos finanças públicas saudáveis, de modo que o Estado possa voltar a gastar mais, se preciso.”

Para o ministro, o rigor fiscal a partir de 2011 abrirá espaço para o aumento da poupança pública e a redução dos juros. A redução do gasto público, declarou, impulsionará o consumo e o investimento privados.

O ministro reiterou que o plano de estímulo ao crédito privado de longo prazo ainda não saiu porque envolve a discussão com vários setores. As medidas, informou, envolverão o estímulo ao mercado de debêntures (títulos) imobiliários e de securitização (conversão de dívidas de curto prazo em longo prazo). “Não é um conjunto pequeno de medidas, mas vai ser bom porque teremos mais crédito de longo prazo liberado pelos agentes privados, o que hoje é escasso no país”, avaliou.

Mantega elogiou ainda a aprovação pelo Senado do Cadastro Positivo. Na avaliação dele, a divulgação da informações sobre os bons pagadores propiciará o corte de juros pelas instituições financeiras e a redução do spread bancário – diferença entre os juros cobrados dos clientes e as taxas pagas pelos bancos para captarem recursos. “Hoje, o sistema conhece pouco cada um dos que demandam crédito, o que resulta em juros mais altos para todos. O compromisso do setor financeiro é reduzir o spread ao saber melhor com quem está lidando.”

A crise na Europa, afirmou o ministro, trará consequências para o comércio exterior do Brasil por causa da guerra cambial provocada por países que desvalorizam as moedas locais para vender mais aos mercados emergentes. Mantega, no entanto, ressaltou que o Brasil está preparado para enfrentar turbulências internacionais e assegurou que o crescimento econômico não está ameaçado.

“Ela [a crise nos países desenvolvidos] tem consequências para nós, mas como o Brasil está muito sólido e tem forte mercado interno, depende menos do exterior. Porém esses problemas são administráveis, de modo que o Brasil vai continuar crescendo e se desenvolvendo, apesar da crise europeia”, completou Mantega.

Nenhum comentário: