terça-feira, 30 de novembro de 2010

Novo dono da Viação Garcia assume com investimento inicial de R$ 30 milhões

FOLHA DE LONDRINA, 30 de novembro de 2010


Mário Luft assume comando do grupo amanhã 'com procuração', posse exige anuência do DER e da ANTT


O empresário Mário Luft, de São Paulo, assume amanhã o comando da Viação Garcia já anunciando contratações e investimentos. Em entrevista à FOLHA, ele informou que pretende contratar, pelo menos, 30 funcionários em janeiro e comprar 50 novos ônibus a partir de julho, num investimento aproximado de R$ 30 milhões Segundo o empresário, a negociação com a Viação Garcia foi fechada no último domingo à noite em Londrina Até ontem no final da tarde, a empresa londrinense ainda não confirmava oficialmente a venda.

Luft não revelou o valor do negócio, mas disse que ''não chega a R$ 400 milhões''. Quanto às dívidas da Garcia, ele informou que as auditorias realizadas apontam cerca de R$ 100 milhões. O empresário, que é presidente da Luft Logistics - um dos maiores grupos de serviços logísticos da América do Sul -, disse que o negócio não está ligado à sua holding e é um ''projeto pessoal'' dele.

Luft não revelou se há outros empresários envolvidos no negócio e disse que nenhum de seus três filhos deve participar da administração da empresa, pelo menos, no início. Ele informou que chegará em Londrina amanhã de manhã para assumir a Viação Garcia ''com procuração''. ''Só serei o novo proprietário de fato, depois que os poderes concedentes (das linhas de ônibus) derem a sua anuência'', explicou.

A transferência do poder acionário precisa da anunência do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo o empresário, os dois órgãos devem ser comunicados oficialmente sobre o negócio ainda nesta semana.

Conforme Luft, a negociação com a Viação Garcia foi iniciada há cerca de 90 dias e ''afivelada'' há uma semana. Ele justifica que o contrato só foi assinado num domingo à noite por falta de horário na agenda dele nos últimos dias. ''Já que tinha um compromisso aqui no Sul no final de semana, resolvi convocar meus assessores e advogados para virem a Londrina. O pessoal da Garcia concordou e deu tudo certo'', disse ''Esses espanhóis (proprietários da Garcia) são gente muito séria, clara e honesta. Nem precisou daqueles contratos leoninos, unilaterais Tudo que se falou, se fez claro''.

O patrimônio adquirido, conforme Luft, envolve também as empresas Princesa do Ivaí e Ouro Branco, num total de 562 ônibus, 97 caminhões, 50 equipamentos de apoio (carros, empilhadeiras, entre outros) e 35 garagens espalhadas por vários Estados. Ele afirmou que pretende comprar novos ônibus, visando a participação no processo de licitação de cerca de duas mil linhas de ônibus interestaduais que deve ser realizado em 2011 pela ANTT.

''É possível que venhamos a fazer integração com outras linhas de ônibus que já temos em alguns outros Estados'', disse, sem dar mais detalhes de quais seriam essas linhas e se estariam ligadas a empresa Leads (ver matéria nesta página), dirigida pela filha dele. Hoje, a Garcia opera nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Quanto às contratações, o empresário não revelou em que setores pretende investir, mas adiantou que, inicialmente, a prioridade é o marketing. ''É um setor em qual sempre temos preocupação em investir Vamos deixar a empresa melhor ainda, inclusive com um logotipo mais moderno'', adiantou.

Luft descartou a possibilidade de demissões e garantiu que não pretende mudar a sede administrativa de Londrina. ''A sede atual é um patrimônio psicológico da empresa Queremos honrar os seus fundadores e funcionários'', destacou.


"Vou encarar esse novo desafio aí com vocês"
O empresário Mário Luft disse que está realizando um sonho com a compra da Viação Garcia. ''Há 20 anos ou mais, acalento o sonho de ter ônibus'', disse o empresário, lembrando que o desejo ficou ainda mais forte depois que a filha, Andrea Luft, comprou uma empresa de ônibus - a Leads Transportes, que trabalha com fretamento de ônibus, micro-ônibus, vans e carros executivos em São Paulo.

''Tem mais umas duas empresas (de ônibus) no Brasil com as quais também sempre sonhei. Sempre pensava: 'um dia ainda terei essas danadinhas'. Quando surgiu a oportunidade da Viação Garcia não pensei duas vezes'', revelou, enaltecendo a tradição e importância da empresa londrinense: ''É a joia da coroa dos transportadores de passageiros do Brasil A família Garcia fez um trabalho incrível esses anos todos'' .

Aos 67 anos, o gaúcho Mario Luft - que tem formação em odontologia e deixou a profissão para se tornar empresário do setor de transportes - disse que já passou a administração do Grupo Luft para dois dos seus três filhos e que agora pretende se dedicar à Viação Garcia. ''Vou morar três dias da semana em Londrina e o restante em São Paulo. Como estou me sentindo um pouco ocioso e não quero me aposentar, vou encarar esse novo desafio aí com vocês e também brincar um pouco'', disse, demonstrando simpatia e temperamento brincalhão.

Questionado sobre o que foi decisivo na escolha da Viação Garcia, ele cita o ''faturamento bom, os ônibus com excelente conservação, e a região que a empresa atende, que é uma das mais ricas do País''. Ele também considera ''ideal'' a distância média de 400 a 500 quilômetros que existe entre as linhas operadas pela empresa londrinense.


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