segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dilma convoca reunião de emergência para esta segunda-feira

FOLHA DE S. PAULO, 4 de outubro de 2010


A campanha de Dilma Rousseff (PT) convocou uma reunião de emergência nesta segunda-feira com todos os governadores e senadores eleitos e presidentes dos partidos da base aliada para definir a estratégia do segundo turno.

A convocação para a reunião foi definida em reunião na noite de domingo, no Palácio da Alvorada, entre a candidata, o presidente Lula, e a cúpula da campanha e do governo. O grupo acompanhou a apuração no local.

A sugestão de uma reunião ampliada foi do presidente, que lembrou de encontro semelhante organizado em 2006, dois dias após Lula ir para o segundo turno.

Além disso, definiu-se que a partir de hoje haverá reforço de lideranças religiosas na campanha. A baixa dos votos católicos e evangélicos foi considerado um dos motivos da disputa ter ido ao segundo turno, junto com o crescimento de Marina Silva (PV).

Durante a reunião, realizada no cinema da residência oficial da Presidência, Lula procurou animar Dilma e sua equipe, lembrando que ele venceu as duas eleições no segundo turno. Segundo relato dos presentes, a candidata estava abatida.

Logo após a reunião, Dilma se dirigiu a um hotel próximo ao Alvorada para fazer um pronunciamento sobre o resultado da eleição. O clima na coordenação de campanha era de abatimento.

"Eu começo agradecendo a todos os brasileiros e brasileiras que votaram em mim nesse primeiro turno. Agradeço os mais de 46 milhões de votos e me sinto muito honrada por eles", afirmou.

Em seguida, ela procurou demonstrar disposição de enfrentar a segunda fase da campanha. "Vou encarar esse segundo turno com muita garra e muita energia. Vou ter a oportunidade de detalhar minhas propostas, apresentar meus projetos, tanto de erradicação da miséria, como de desenvolvimento para o país", disse.

A candidata começou o dia da votação cautelosa ao votar em Porto Alegre, esboçou otimista ao chegar a Brasília à tarde mas, no início da noite, já discutia com Lula a estratégia de segundo turno.

A candidata chegou a acreditar numa vitória no primeiro turno a partir de informações passadas a ela, durante a reunião com Lula, por sua equipe. Depois, com a evolução da apuração indicando que se mantinha na casa dos 45% dos votos, deu como certo o segundo turno.

Em Porto Alegre, onde vota, a petista contemporizou ao comentar se esperava vencer já no primeiro turno e se esquivou até mesmo de posar sozinha para fotos fazendo o "V", da vitória, ao votar.

Pouco antes das 8h, Dilma participou de um café da manhã com lideranças políticas na capital gaúcha. Citou Deus ao agradecer força em sua "trajetória de superação" --uma menção, entre outras dificuldades, ao câncer diagnosticado no ano passado.

Dilma votou por volta das 9h na Escola Santos Dumont, acompanhada do candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro.


Dilma diz que está confiante na vitória no segundo turno
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou neste domi
ngo que está confiante na vitória no segundo turno. Segundo a petista, os motivos são a expressiva votação registrada hoje e o desempenho que a base do presidente Lula costuma apresentar nessa outra etapa.

A candidata disse que o PT é acostumado a desafios. "Somos bastante guerreiros, acostumados a desafios e somos de chegada. Tradicionalmente, a gente tem desempenhado muito bem no segundo turno." Dilma fez um "agradecimento especial" à militância "aguerrida" do PT e dos dez partidos aliados de sua coligação, mas não citou diretamente o presidente Lula.

Durante a entrevista, a candidata insinuou que a votação da adversária Marina Silva (PV) foi que provocou o segundo turno. No início de sua fala, Dilma cumprimentou seus concorrentes e fez questão de pausar a frase para se referir à candidata verde "pelo desempenho" que teve na eleição. Na coordenação da campanha, a chamada onda verde é apontada como um dos principais motivos da disputa presidencial ter continuidade.

Dilma fez um pronunciamento de quase oito minutos e prometeu conceder uma entrevista coletiva para a imprensa nesta segunda-feira. A candidata afirmou que vai discutir propostas no segundo turno. "Vou encarar esse segundo turno com muita garra e muita energia. Vou ter a oportunidade de detalhar minhas propostas, apresentar meus projetos tanto de erradicação da miséria, como de desenvolvimento para o país."

A candidata disse que o primeiro turno demonstrou amadurecimento político do país. "Somos uma das maiores democracias do mundo e sabemos viver com o contraditório, mantendo toda a estabilidade das instituições e a convivência harmoniosa mesmo que baseada em divergências", afirmou.

Dilma estava acompanhada do vice, o deputado Michel Temer (PMDB-SP), do presidente do PT, José Eduardo Dutra, dos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), do ex-ministro Antonio Palocci, além do alto escalão da campanha, como o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), Clara Ant, o deputado estadual Rui Falcão (SP), entre outros.


Em reunião, Lula reanima Dilma: ‘Já passei por isso’
BLOG DO JOSIAS, FOLHA DE S. PAULO


Dilma Rousseff soube que a eleição presidencial escorregara para o segundo turno no Palácio da Alvorada.

Além da candidata, estavam na residência oficial de Lula o anfitrião e outras 12 pessoas.

Um dos presentes contou ao repórter que Dilma parecia desanimada. Lula cuidou de reanimá-la.

Disse que a hora não é de abatimento, mas de renovar o ânimo, mobilizar a tropa e manter no segundo turno o mesmo ritmo do primeiro.

“Já passei por isso”, disse Lula. Nas duas eleições que venceu (2002 e 2006), o triunfo só veio no segundo tempo.

Entre os que testemunharam a cena estavam o vice, Michel Temer (PMDB), e os operadores da campanha petista: Antonio Palocci, José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardozo.

Lá estavam também o marqueteiro João Santana; o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho; o assessor internacional Marco Aurélio Garcia...

...O presidente do BC, Henrique Meirelles; e três ministros: Franklin Martins (Comunicação Social), Alexandre Padilha (Coordenação Política), e Guido Mantega (Fazenda).

Deliberou-se que os aliados já eleitos –governadores e congressistas—serão acionados para mergulhar na campanha presidencial.

Nesta segunda (4), Dilma e seus coordenadores devem fazer uma primeira reunião para reordenar a campanha.

Na reunião do Alvorada, ficou entendido que Dilma terá de disputar com Serra os votos de Marina Silva.

De resto, Lula saboreou com os políticos e auxiliares que o rodearam na noite passada a derrota de expoentes da oposição.

Degustou em especial o infortúnio dos tucanos Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM) e dos ‘demos’ Marco Maciel e Heráclito Fortes (PI).

Espantou-se com o desempenho do tucano Aloysio Nunes Ferreira, eleito senador por São Paulo com mais votos que Marta Suplicy.

A despeito de Aloysio, o Senado de 2011, no dier de Lula, “será outro”.

Do Alvorada, Dilma foi ao encontro dos repórteres. Esforçou-se para aparentar tranquilidade. Mas a atmosfera era de velório.

Ao lado de Temer, que nada disse, a pupila de Lula cumprimentou os rivais José Serra e Plínio de Arruda Sampaio.

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