VEJA ONLINE, 11 de outubro de 2010
Com apenas dois candidatos no palco, o debate presidencial na televisão renasceu neste domingo. José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) se confrontaram de fato na Bandeirantes – com ideias e projetos, mas também procurando, cada um deles, minar a credibilidade do adversário.
Dilma entrou no segundo turno com um flanco aberto. No passado, manifestou-se claramente em defesa da descriminalização do aborto, em diversas ocasiões. Ao constatar que isso lhe tirou os votos de um bom número de católicos e evangélicos, ela inverteu o seu discurso sobre o tama. No debate, Dilma retomou esse tipo de declaração, mas pautou-se, sobretudo, pela máxima de que o ataque é a melhor defesa. Sua estratégia para livrar-se da polêmica foi dizer-se vítima de “calúnia e difamação”, ao mesmo tempo em que adotava um tom mais agressivo em sua fala. Difícil saber qual será o efeito dessa tática que mistura agressividade e vitimização. Além disso, quem assistiu ao debate procurando esclarecer de uma vez por todas qual a opinião de Dilma sobre o aborto provavelmente encerrou a noite como havia começado – sem uma resposta clara.
A candidata petista também partiu para o ataque ao retomar uma estratégia que o PT usou com sucesso nas eleições de 2006, quando Lula disputou o segundo turno com o tucano Geraldo Alckmin. Dilma insistiu na tese de que o PSDB é o partido das privatizações e pretenderia entregar à iniciativa privada um patrimônio que é da população. Disse que num governo tucano as riquezas do pré-sal poderiam ser entregues a empresas estrangeiras.
Serra enfrentou bem as duas investidas – e soube contra-atacar. No tema do aborto, destacou a incongruência das declarações de Dilma no passado e agora. No tema das privatizações, não hesitou. Lembrou que sem a privatização do setor de telefonia, no governo Fernando Henrique Cardoso, os celulares não seriam um item de uso universal com o são hoje no Brasil: “O PT não queria essa privatização. O Brasil do PT falaria de orelhão”.
O tucano aproveitou a deixa para falar dos escândalos de corrupção em torno de Erenice Guerra, braço-direito de Dilma Rousseff quando ela ocupava o Ministério da Casa Civil, e sua sucessora na pasta. Esses escândalos, segundo Serra, mostram qual o tipo de privatização que precisa, de fato, ser combatido: aquele em que os interesses do grupo político que ocupa o poder se sobrepõem ao interesse público. “Eu vou reestatizar empresas como a Petrobras e o Banco do Brasil, porque vou acabar com o seu loteamento político”, disse ele. É improvável que o tema da privatização tenha sobre a candidatura de Serra o mesmo efeito demolidor que teve sobre a de Alckmin, em 2006.
Aborto e privatização foram os temas dominantes da noite. Mas os candidatos também falaram sobre saúde, segurança e infraestrutura de maneira mais profunda e proveitosa do que em qualquer dos debates do primeiro turno. Resta saber qual o impacto do debate sobre a massa dos eleitores – uma vez que o público do programa na TV tende a ser limitado. Para quem viu, não houve tédio desta vez.
Com apenas dois candidatos no palco, o debate presidencial na televisão renasceu neste domingo. José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) se confrontaram de fato na Bandeirantes – com ideias e projetos, mas também procurando, cada um deles, minar a credibilidade do adversário.
Dilma entrou no segundo turno com um flanco aberto. No passado, manifestou-se claramente em defesa da descriminalização do aborto, em diversas ocasiões. Ao constatar que isso lhe tirou os votos de um bom número de católicos e evangélicos, ela inverteu o seu discurso sobre o tama. No debate, Dilma retomou esse tipo de declaração, mas pautou-se, sobretudo, pela máxima de que o ataque é a melhor defesa. Sua estratégia para livrar-se da polêmica foi dizer-se vítima de “calúnia e difamação”, ao mesmo tempo em que adotava um tom mais agressivo em sua fala. Difícil saber qual será o efeito dessa tática que mistura agressividade e vitimização. Além disso, quem assistiu ao debate procurando esclarecer de uma vez por todas qual a opinião de Dilma sobre o aborto provavelmente encerrou a noite como havia começado – sem uma resposta clara.
A candidata petista também partiu para o ataque ao retomar uma estratégia que o PT usou com sucesso nas eleições de 2006, quando Lula disputou o segundo turno com o tucano Geraldo Alckmin. Dilma insistiu na tese de que o PSDB é o partido das privatizações e pretenderia entregar à iniciativa privada um patrimônio que é da população. Disse que num governo tucano as riquezas do pré-sal poderiam ser entregues a empresas estrangeiras.
Serra enfrentou bem as duas investidas – e soube contra-atacar. No tema do aborto, destacou a incongruência das declarações de Dilma no passado e agora. No tema das privatizações, não hesitou. Lembrou que sem a privatização do setor de telefonia, no governo Fernando Henrique Cardoso, os celulares não seriam um item de uso universal com o são hoje no Brasil: “O PT não queria essa privatização. O Brasil do PT falaria de orelhão”.
O tucano aproveitou a deixa para falar dos escândalos de corrupção em torno de Erenice Guerra, braço-direito de Dilma Rousseff quando ela ocupava o Ministério da Casa Civil, e sua sucessora na pasta. Esses escândalos, segundo Serra, mostram qual o tipo de privatização que precisa, de fato, ser combatido: aquele em que os interesses do grupo político que ocupa o poder se sobrepõem ao interesse público. “Eu vou reestatizar empresas como a Petrobras e o Banco do Brasil, porque vou acabar com o seu loteamento político”, disse ele. É improvável que o tema da privatização tenha sobre a candidatura de Serra o mesmo efeito demolidor que teve sobre a de Alckmin, em 2006.
Aborto e privatização foram os temas dominantes da noite. Mas os candidatos também falaram sobre saúde, segurança e infraestrutura de maneira mais profunda e proveitosa do que em qualquer dos debates do primeiro turno. Resta saber qual o impacto do debate sobre a massa dos eleitores – uma vez que o público do programa na TV tende a ser limitado. Para quem viu, não houve tédio desta vez.
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