O ESTADO DE S. PAULO, Editorial, 22 de setembro de 2010
Dez anos depois que dirigentes de centenas de países definiram as Metas de Desenvolvimento do Milênio para reduzir a fome e a pobreza no mundo e melhorar as condições de vida de bilhões de pessoas, e faltando apenas cinco anos para o esgotamento do prazo fixado para atingi-las, líderes mundiais continuam a discutir como alcançá-las. O balanço dos avanços registrados até agora mostra resultados muito desiguais entre as regiões e deixa claro que, sem um esforço adicional dos países desenvolvidos e emergentes e das principais organizações internacionais, muitos milhões de pessoas continuarão a viver em condições de miséria extrema.
Há alguns dias, ao apresentar o relatório Cumprir a promessa - elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a reunião de cúpula sobre as Metas do Milênio realizada antes da abertura, nesta quinta-feira, dia 23, da 65.ª Assembleia-Geral da organização -, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo aos dirigentes mundiais, pedindo-lhes empenho para que as metas sejam alcançadas. "Não podemos desiludir bilhões de pessoas que esperam que a comunidade internacional cumpra a promessa de um mundo melhor contida na Declaração do Milênio", disse Ban. Não alcançar as metas "seria um fracasso moral e prático inaceitável".
Entre as Metas do Milênio fixadas para 2015 estão a erradicação da pobreza extrema e da fome no mundo, a universalização do ensino básico, a redução da mortalidade infantil e a garantia de um crescimento que assegure a preservação do meio ambiente.
Com base em resultados de alguns países de renda muito baixa, o relatório da ONU conclui que é possível alcançar as metas se houver políticas corretas, investimentos suficientes e apoio internacional. Mas os progressos observados nos últimos anos foram desiguais e, sem novos esforços da comunidade internacional, muitos países mais carentes não alcançarão as Metas do Milênio.
A melhora tem sido "inaceitavelmente lenta", como observou Ban, e por isso as proporções da pobreza no mundo continuam degradantes. De acordo com a ONU, 1,4 bilhão de pessoas sobrevivem com menos de US$ 1,45 por dia, renda mínima definida pelo Banco Mundial para uma pessoa sair da situação de pobreza extrema. Perto de 1 bilhão de pessoas passam fome, quase 9 milhões de crianças morrem, por ano, antes de completar 5 anos de idade, centenas de milhares de mulheres morrem anualmente por complicações na gravidez e no parto e apenas metade da população mundial tem acesso a saneamento básico.
A recente crise mundial reduziu a velocidade do avanço que se observava em muitos países de renda baixa e, em alguns, interrompeu esse processo. Ela lançou de volta à situação de pobreza milhões de pessoas que haviam melhorado de vida nos anos anteriores, e tornou ainda mais difícil para esses países atingir as metas.
Na reunião de cúpula sobre as Metas do Milênio, o diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse que o mundo precisa esforçar-se para que a melhora das condições de vida das populações pobres recupere o ritmo que tinha antes da crise.
O caminho é conhecido. Em discussão técnica realizada pelo Fundo como preparação para a reunião na ONU, o vice-diretor-gerente da organização, John Lipsky, observou que a cooperação internacional é indispensável para a economia mundial retomar um crescimento satisfatório. Os países menos desenvolvidos precisam melhorar sua infraestrutura e, para isso, necessitam de apoio financeiro externo. Países com grandes superávits comerciais devem estimular a demanda interna, enquanto os que têm déficits precisam exportar mais.
Strauss-Kahn recomendou que os governantes e dirigentes de instituições internacionais - como FMI, Banco Mundial e ONU - que ajudaram a definir as metas assumam conjuntamente a responsabilidade de fazer isso. "Tudo depende da restauração do crescimento econômico global equilibrado e sustentável", disse o diretor do FMI. Sem isso, "todos os demais esforços serão frustrados".
Dez anos depois que dirigentes de centenas de países definiram as Metas de Desenvolvimento do Milênio para reduzir a fome e a pobreza no mundo e melhorar as condições de vida de bilhões de pessoas, e faltando apenas cinco anos para o esgotamento do prazo fixado para atingi-las, líderes mundiais continuam a discutir como alcançá-las. O balanço dos avanços registrados até agora mostra resultados muito desiguais entre as regiões e deixa claro que, sem um esforço adicional dos países desenvolvidos e emergentes e das principais organizações internacionais, muitos milhões de pessoas continuarão a viver em condições de miséria extrema.
Há alguns dias, ao apresentar o relatório Cumprir a promessa - elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a reunião de cúpula sobre as Metas do Milênio realizada antes da abertura, nesta quinta-feira, dia 23, da 65.ª Assembleia-Geral da organização -, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo aos dirigentes mundiais, pedindo-lhes empenho para que as metas sejam alcançadas. "Não podemos desiludir bilhões de pessoas que esperam que a comunidade internacional cumpra a promessa de um mundo melhor contida na Declaração do Milênio", disse Ban. Não alcançar as metas "seria um fracasso moral e prático inaceitável".
Entre as Metas do Milênio fixadas para 2015 estão a erradicação da pobreza extrema e da fome no mundo, a universalização do ensino básico, a redução da mortalidade infantil e a garantia de um crescimento que assegure a preservação do meio ambiente.
Com base em resultados de alguns países de renda muito baixa, o relatório da ONU conclui que é possível alcançar as metas se houver políticas corretas, investimentos suficientes e apoio internacional. Mas os progressos observados nos últimos anos foram desiguais e, sem novos esforços da comunidade internacional, muitos países mais carentes não alcançarão as Metas do Milênio.
A melhora tem sido "inaceitavelmente lenta", como observou Ban, e por isso as proporções da pobreza no mundo continuam degradantes. De acordo com a ONU, 1,4 bilhão de pessoas sobrevivem com menos de US$ 1,45 por dia, renda mínima definida pelo Banco Mundial para uma pessoa sair da situação de pobreza extrema. Perto de 1 bilhão de pessoas passam fome, quase 9 milhões de crianças morrem, por ano, antes de completar 5 anos de idade, centenas de milhares de mulheres morrem anualmente por complicações na gravidez e no parto e apenas metade da população mundial tem acesso a saneamento básico.
A recente crise mundial reduziu a velocidade do avanço que se observava em muitos países de renda baixa e, em alguns, interrompeu esse processo. Ela lançou de volta à situação de pobreza milhões de pessoas que haviam melhorado de vida nos anos anteriores, e tornou ainda mais difícil para esses países atingir as metas.
Na reunião de cúpula sobre as Metas do Milênio, o diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse que o mundo precisa esforçar-se para que a melhora das condições de vida das populações pobres recupere o ritmo que tinha antes da crise.
O caminho é conhecido. Em discussão técnica realizada pelo Fundo como preparação para a reunião na ONU, o vice-diretor-gerente da organização, John Lipsky, observou que a cooperação internacional é indispensável para a economia mundial retomar um crescimento satisfatório. Os países menos desenvolvidos precisam melhorar sua infraestrutura e, para isso, necessitam de apoio financeiro externo. Países com grandes superávits comerciais devem estimular a demanda interna, enquanto os que têm déficits precisam exportar mais.
Strauss-Kahn recomendou que os governantes e dirigentes de instituições internacionais - como FMI, Banco Mundial e ONU - que ajudaram a definir as metas assumam conjuntamente a responsabilidade de fazer isso. "Tudo depende da restauração do crescimento econômico global equilibrado e sustentável", disse o diretor do FMI. Sem isso, "todos os demais esforços serão frustrados".
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