GAZETA DO POVO, 18 de setembro de 2010
Maior parte dos casos confirmados teve a transmissão dentro do próprio estado. Até 15 de setembro, foram registradas oito mortes por causa da doença
O número de casos confirmados de dengue no Paraná cresceu 33 vezes em 2010, se comparado aos dados de 2009. Neste ano, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) já registrou 26.987 casos confirmados da doença, cerca de 46% dos 59.195 casos suspeitos. A transmissão da doença se concentrou no estado: são 26.141 casos autóctones, que são contraídos no próprio estado, contra 846 casos importados. Esses são os dados registrados até a última quarta-feira (15). Em 2009, no mesmo período, o estado registrou 8.222 casos suspeitos de dengue, sendo que 814 foram confirmados.
Como 97% dos casos envolvendo a doença foram contraídos no Paraná, a Sesa apontou algumas razões para o crescimento do número de pessoas com dengue. No último boletim epidemiológico da secretaria, divulgado em 31 de agosto, são apontados como fatores determinantes o alto índice de infestação predial apresentado por várias cidades no início deste ano e a dificuldade em responsabilizar a sociedade para a adoção de medidas simples de prevenção. Além disso, o inverno atípico, com temperaturas elevadas para a estação, também é favorável para a reprodução do mosquito da dengue.
A Sesa compara os dados deste ano com os números de 2007, quando houve uma epidemia no estado e foram notificados 44.897 casos suspeitos e 24.535 casos confirmados. Mesmo comparado a um ano com situação epidemiológica semelhante, os números de 2010 apresentaram crescimento. Houve uma variação de 36% em relação aos casos suspeitos e de 6,5% em relação aos casos confirmados.
No Paraná, a regional que teve mais casos de dengue confirmados foi a de Maringá, no Noroeste, com 8.507 casos. Em seguida, a regional de Foz do Iguaçu, no Oeste, que apresentou 6.701 casos confirmados da doença, e a regional de Londrina, no Norte, com 2.982 casos de dengue.
Em Curitiba, segundo a administração municipal, foram registrados 67 casos da doença neste ano. Os pacientes foram todos contaminados fora da cidade.
Estudo desvenda formação da casca impermeável dos ovos de mosquitos
Os estudos de um cientista brasileiro abrem novas possibilidades de controle da malária e, no futuro, da dengue. Gustavo Rezende, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), analisou a formação da casca impermeável dos ovos de mosquitos. Pesquisador do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores (IOC), o biomédico identificou um conjunto de genes associados à impermeabilização dos ovos do mosquito Anopheles gambiae, principal transmissor de malária na África.
O estudo foi realizado no IOC e na Universidade de Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, onde Rezende desenvolveu parte de seu doutorado. A equipe de pesquisadores utilizou um procedimento que “fixa” o embrião do A. gambiae: mata o embrião preservando todas as suas estruturas morfológicas e seu material genético.
No passo seguinte, os pesquisadores aplicaram uma técnica de biologia molecular denominada microarranjo, que permitiu comparar quais genes, dentre todo o genoma do mosquito, estavam sendo expressos em uma estrutura conhecida como cutícula serosa, provavelmente responsável por impermeabilizá-los e permitir que continuem viáveis mesmo após ficar no seco por muitas horas ou até dias, dependendo da espécie.
“Ao todo, identificamos cerca de 360 genes muito mais expressos na serosa do que no restante do embrião no momento da formação da cutícula serosa, alguns com expressão 20 vezes maior”, conta Rezende.
Ainda que as descobertas estejam relacionadas com A. gambiae, os resultados podem ser importantes no combate da dengue. “Identificar os principais genes relacionados à impermeabilização dos ovos pode ser fundamental nos esforços de controle de populações de vetores”, diz Rezende. “Hoje já existem inseticidas capazes de inibir a síntese de quitina [um açúcar muito presente na estrutura da cutícula serosa] do Aedes aegypti [o mosquisto transmissor da dengue]. Porém, nossas descobertas podem servir de base para conhecer melhor os processos de produção dessa e de outras moléculas importantes para os insetos.”
Maior parte dos casos confirmados teve a transmissão dentro do próprio estado. Até 15 de setembro, foram registradas oito mortes por causa da doença
O número de casos confirmados de dengue no Paraná cresceu 33 vezes em 2010, se comparado aos dados de 2009. Neste ano, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) já registrou 26.987 casos confirmados da doença, cerca de 46% dos 59.195 casos suspeitos. A transmissão da doença se concentrou no estado: são 26.141 casos autóctones, que são contraídos no próprio estado, contra 846 casos importados. Esses são os dados registrados até a última quarta-feira (15). Em 2009, no mesmo período, o estado registrou 8.222 casos suspeitos de dengue, sendo que 814 foram confirmados.
Como 97% dos casos envolvendo a doença foram contraídos no Paraná, a Sesa apontou algumas razões para o crescimento do número de pessoas com dengue. No último boletim epidemiológico da secretaria, divulgado em 31 de agosto, são apontados como fatores determinantes o alto índice de infestação predial apresentado por várias cidades no início deste ano e a dificuldade em responsabilizar a sociedade para a adoção de medidas simples de prevenção. Além disso, o inverno atípico, com temperaturas elevadas para a estação, também é favorável para a reprodução do mosquito da dengue.
A Sesa compara os dados deste ano com os números de 2007, quando houve uma epidemia no estado e foram notificados 44.897 casos suspeitos e 24.535 casos confirmados. Mesmo comparado a um ano com situação epidemiológica semelhante, os números de 2010 apresentaram crescimento. Houve uma variação de 36% em relação aos casos suspeitos e de 6,5% em relação aos casos confirmados.
No Paraná, a regional que teve mais casos de dengue confirmados foi a de Maringá, no Noroeste, com 8.507 casos. Em seguida, a regional de Foz do Iguaçu, no Oeste, que apresentou 6.701 casos confirmados da doença, e a regional de Londrina, no Norte, com 2.982 casos de dengue.
Em Curitiba, segundo a administração municipal, foram registrados 67 casos da doença neste ano. Os pacientes foram todos contaminados fora da cidade.
Estudo desvenda formação da casca impermeável dos ovos de mosquitos
Os estudos de um cientista brasileiro abrem novas possibilidades de controle da malária e, no futuro, da dengue. Gustavo Rezende, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), analisou a formação da casca impermeável dos ovos de mosquitos. Pesquisador do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores (IOC), o biomédico identificou um conjunto de genes associados à impermeabilização dos ovos do mosquito Anopheles gambiae, principal transmissor de malária na África.
O estudo foi realizado no IOC e na Universidade de Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, onde Rezende desenvolveu parte de seu doutorado. A equipe de pesquisadores utilizou um procedimento que “fixa” o embrião do A. gambiae: mata o embrião preservando todas as suas estruturas morfológicas e seu material genético.
No passo seguinte, os pesquisadores aplicaram uma técnica de biologia molecular denominada microarranjo, que permitiu comparar quais genes, dentre todo o genoma do mosquito, estavam sendo expressos em uma estrutura conhecida como cutícula serosa, provavelmente responsável por impermeabilizá-los e permitir que continuem viáveis mesmo após ficar no seco por muitas horas ou até dias, dependendo da espécie.
“Ao todo, identificamos cerca de 360 genes muito mais expressos na serosa do que no restante do embrião no momento da formação da cutícula serosa, alguns com expressão 20 vezes maior”, conta Rezende.
Ainda que as descobertas estejam relacionadas com A. gambiae, os resultados podem ser importantes no combate da dengue. “Identificar os principais genes relacionados à impermeabilização dos ovos pode ser fundamental nos esforços de controle de populações de vetores”, diz Rezende. “Hoje já existem inseticidas capazes de inibir a síntese de quitina [um açúcar muito presente na estrutura da cutícula serosa] do Aedes aegypti [o mosquisto transmissor da dengue]. Porém, nossas descobertas podem servir de base para conhecer melhor os processos de produção dessa e de outras moléculas importantes para os insetos.”
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