segunda-feira, 17 de maio de 2010

Justiça decide manter presos suspeitos de comandar esquema de desvios a partir do Ciap

JORNAL DE LONDRINA, 17 de maio de 2010

Continuam presos quatro dos 12 suspeitos de participar do esquema, que teria desviado R$ 300 milhões de verbas públicas. Os outros oito suspeitos de envolvimento foram colocados em liberdade. Duas pessoas seguem foragidas


A Justiça determinou que os quatro suspeitos de comandar o esquema milionário de desvio de verbas públicas a partir do Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap) sigam presos. Entre eles estão o coordenador e o advogado da entidade, Dinocarme Aparecido Lima e Fernando Mesquita, respectivamente; além do contador e do auxiliar financeiro do grupo. Os quatro, além outras duas pessoas - que estão foragidas -, tiveram prisão preventiva decretada no fim de semana.

Na mesma decisão, a Justiça libertou as outras oito pessoas presas sob acusação de participar do esquema. O Ciap é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) com sede em Londrina acusada de desviar R$ 300 milhões nos últimos cinco anos – R$ 10 milhões somente em Londrina, onde a entidade mantém quatro convênios. Os supostos envolvidos no esquema foram presos em uma operação policial realizada na última terça-feira (11) .

Os quatro suspeitos de comandar o grupo estão presos em Curitiba. Entre as duas pessoas foragidas, estaria um dos filhos do coordenador do Ciap.

Investigação -
De acordo com o delegado da Polícia Federal de Londrina, Evaristo Kuceki, a primeira etapa das investigações deve ser concluída em dez dias. “Estamos desmontando o esquema do Ciap. Depois cada instituição investigará as particularidades. Por exemplo, a Receita Federal investigará empresas que podem ter sido abertas para a emissão de notas frias. Já a Controladoria [Geral] da União investigará todos os convênios assinados pelo Ciap e como estava sendo realizada a liberação desses recursos”, explicou.

Kuceki informou que o objetivo da PF é manter presos os comandantes do esquema. Segundo ele, a polícia está concentrada na análise dos documentos apreendidos para oferecer provas materiais do envolvimento dos suspeitos detidos.

Todos os detidos na operação podem respondem pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsificação de documentos.

O esquema - a
Uma operação da Polícia Federal realizada na terça-feira (11), em cinco estados, terminou na prisão de 11 pessoas acusadas de envolvimento em um esquema milionário de desvio de recursos federais. Suspeita-se que cerca de R$ 300 milhões foram desviados nos últimos cinco anos. No mesmo período, o Ciap teria faturado R$ 1 bilhão.

O número de detidos chegou a 12 com a prisão do advogado da Oscip, Fernando José Mesquita, considerado peça-chave na investigação e que se apresentou dois dias após a operação.

De acordo com a Receita Federal, aproximadamente 30% dos recursos recebidos pelo Ciap eram transferidos para uma conta bancária específica da entidade, sob a justificativa de cobrir despesas administrativas. A polícia calcula que a entidade tenha recebido mais de R$ 1 bilhão em verbas em cinco anos.

Desta conta, ainda conforme a Receita, a organização fazia retirada de grandes volumes, sempre em dinheiro em espécie e sem identificação, alegando se tratar de pagamento para empresas fornecedoras. Contudo, as investigações apontaram que as empresas pertenciam a parentes ou pessoas de confiança dos responsáveis pela Oscip.

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