sábado, 24 de abril de 2010

Três ex-diretores da Assembleia Legislativa são presos em Curitiba

GAZETA DO POVO, 24 de abril de 2010

Abib Miguel, José Ary Nassiff e Cláudio Marques da Silva foram detidos em caráter temporário. Outras sete pessoas com alguma ligação com a AL também foram presas


Três ex-diretores da Assembleia Legislativa do Paraná (AL), Abib Miguel (diretor-geral), José Ary Nassiff (administração) e Cláudio Marques da Silva (Recursos Humanos), foram presos em caráter temporário, na manhã deste sábado (24), em Curitiba, pelo Gaeco (Grupo de atuação especial de combate ao crime organizado). Outras sete pessoas, com alguma ligação com a Assembleia, também foram detidas.

Ação, denominada de Operação Ectoplasma I, contou com a participação de policiais de Curitiba, Guaíra, Foz do Iguaçu, Londrina e Cascavel. As prisões foram pedidas pelo Gaeco e decretadas pelo juíz Aldemar Sternadt, da Vara de Inquéritos Policiais. De acordo com o promotor, Leonir Batisti, coordenador do Gaeco no Paraná, as prisões temporárias foram pedidas para facilitar as investigações.

Ao todo, os policiais cumpriram 10 mandados de busca e apreensão. O diretor geral da Assembleia foi preso em casa na manhã deste sábado. Abib Miguel foi levado sem algemas para a sede do Gaeco. Na casa dele, os policiais encontraram sacos de lixo cheios de documentos destruídos e uma máquina de picotar papel.

Na casa de Cláudio Marques da Silva a polícia apreendeu seis armas e munição de uso restrito. Foram encontrados ainda R$ 200 mil em dinheiro. Entre o material apreendido com os presos está documentos e veículos.

Os outros presos são João Leal de Mattos, funcionários da Assembleia, além da mulher, da filha, da sogra e da cunhada dele. Foram detidas, ainda, as agricultoras Jermina Maria Leal da Silva e Vanilda Leal, irmã e sobrinha de Matos. Elas também aparecem na lista de funcionários da Assembleia, publicada no ano passado, e R$ 1,6 milhão foram depositados em contas no nome delas em cinco anos. As duas agricultoras afirmaram nunca terem trabalhado na AL e que sobrevivem com o que ganham do Bolsa Família.

Segundo Batisti, as prisões temporárias foram decretadas por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. Os detidos são suspeitos de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato e falsidicação de documentos.

Na sexta-feira o Ministério Público havia pedido à Justiça o bloqueio de R$ 23 milhões em bens desses três ex-diretores. Eles foram afastados seus cargos após o início da série de reportagens “Diários Secretos” realizada pela Gazeta do Povo e RPC-TV.


Entidades cobram moralização na AL
Ponta Grossa - Líderes de 15 entidades da região dos Campos Gerais assinaram ontem em Ponta Grossa o “Manifesto pela Moralização da Assembleia Legislativa do Paraná”. A carta contém críticas ao suposto esquema montado dentro do Legislativo paranaense, considerado uma “iniquidade”, e exige transparência na condução da Casa e na apuração dos fatos revelados pela série “Diários Secretos” da Gazeta do Povo e RPCTV. O documento, aprovado sob aplausos e gritos de “moralização”, será encaminhado para a Mesa Executiva da Assembleia.

A carta foi assinada na sede da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (Acipg) e conta com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); Federação das Indústrias do Estado do Paraná; Sindicato e Sociedade rurais; Convention & Visitors Bureau; Conselho Comunitário de Segurança; Associação de Ministros Evangélicos; entre outras.

No documento, as instituições apontam que os fatos revelados “dão mostras suficientes de que interesses pessoais contaminam as decisões parlamentares, presenteando os paranaenses com a revoltante sensação de impunidade”.

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