terça-feira, 2 de março de 2010

Prefeito de Sarandi é cassado por unanimidade

JORNAL DE MARINGÁ, 2 de março de 2010

Vereadores decidiram, por dez votos a zero, que ele deveria perder o cargo, após acusações de mau uso do dinheiro público. Vice-prefeito assume o cargo nesta tarde


Milton Martini (PP) não é mais o prefeito de Sarandi, na região metropolitana de Maringá. Acusado de mau uso do dinheiro público, ele foi cassado por unanimidade, na madrugada desta terça-feira (2), na Câmara de Vereadores, que no ano passado instalou uma Comissão Processante (CP) para investigá-lo. O vice-prefeito, Carlos Alberto de Paula Junior, será empossado às 16h desta tarde.

Os dez parlamentares da cidade votaram pela cassação de Martini, acusado de comprar produtos agrícolas, sem licitação, na loja de familiares do então chefe de gabinete da Prefeitura, Ailson Donizete de Carvalho. Martini alegou que não sabia que a loja era do funcionário e que já devolveu o dinheiro ao município. Carvalho se demitiu.

A sessão em que o pedido de cassação foi analisado durou quase 20 horas e foi bastante tumultuada. Os trabalhos começaram às 9h30 de segunda (1º) e terminaram perto das 4h30 de terça (2). A demora se deveu à leitura integral do processo, de 544 páginas, o que foi exigido pela defesa do prefeito. O curioso é que os advogados não acompanharam a sessão, pois se revoltaram após os vereadores negaram o adiamento do julgamento e decidiram abandonar o plenário. O prefeito não compareceu ao julgamento.

Assim, sequer utilizaram as duas horas a que tinham direito para defender seu cliente. Para que Martini fosse cassado, eram necessários ao menos sete votos, o que equivale a dois terços do total de vereadores. Grupos de oposição ao acusado, contudo, exigiam que a saída dele do cargo fosse determinada em decisão unânime.

Tecnicamente, o pedido de cassação foi dividido em duas acusações: "omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do Município sujeito à administração da Prefeitura" e "proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo". Ambas as votações foram unânimes, em favor da cassação. Martini perderia o cargo mesmo se fosse considerado culpado em apenas uma delas.

O público que assitiu à sessão - definido por sorteio, já que havia mais interessados do que lugares na Câmara - comemorou a decisão, aplaudindo em pé os vereadores, após a conclusão do jugalmento. Do lado de fora do plenário, muitos estudantes empunhavam faixas e proferiam gritos exigindo a cassação do prefeito.

O vice-prefeito, Carlos Alberto de Paula Junior (PDT), rompeu os laços políticos com Milton Martini (PP), ainda em 2009, antes mesmo da instalação da Comissão Processante (CP). Ele era secretário de Planejamento, função que abandonou em novembro - as investigações na Câmara começaram em dezembro.


Entenda o caso

Milton Martini foi acusado de comprar, sem licitação, produtos agropecuários na loja do então chefe de gabinete da Prefeitura, Ailson Donizete de Carvalho, que se demitiu. São dez bombas para passar veneno e 150 litros de herbicida, que somam R$ 7,7 mil. Martini diz que não sabia que a loja era do funcionário e que já devolveu o dinheiro ao município.

Martini é investigado também na Justiça, acusado de outras irregularidades a frente da Prefeitura. Em dezembro, ele chegou a ser afastado do cargo pela Justiça, por supostamente estar coagindo funcionários públicos que são testemunhas dos processos. Dias depois, a decisão foi revertida e Martini retornou ao cargo.

Para investigar a denúncia, os vereadores de Sarandi montaram, no fim do ano passado, uma Comissão Processante (CP), que ouviu testemunhas e então elaborou um relatório, pedindo a cassação. Entre as testemunhas estiveram o próprio prefeito e também o deputado Reinhold Stephanes Júnior (PMDB), que o defendeu.

Martini pediu à justiça que dissolvesse a Comissão Processante (CP), mas o juiz da comarca de Sarandi, Loril Leocadio Bueno Júnior, negou o pedido.

O relatório pedindo a cassação foi levado a plenário na segunda-feira (1º). O pedido foi aprovado por unanimidade pelos vereadores. Martini perdeu o cargo e será substituído pelo vice, Carlos Alberto de Paula.

3 comentários:

Anônimo disse...

Porque deste lado do nosso Paraná, que tem situações muito piores, não acontece nada.
Será que nós procopenses não temos dignidade ou somos medrosos a ponto de deixar a nossa cidade ser destruída.
Temos que refletir ou seremos a comunidade dos passivos.

João Carlos disse...

Que texto maravilhoso, parabéns Instituto para quem o escreve.
Parabéns Dr. Cláudia pela sua dedicação e competencia.
Os procopenses ainda não tem uma avaliação precisa dos benefícios que vocês trouxeram para a nossa cidade com denúncias, e evitam mais irregularidades.
O tempo esta passando rápido demais e os elementos que tem transito para segurar os procesos estão com os dias contados.
Acreditem a partir de 01/01/2011 teremos o inicio há uma nova era em cornélio.
Por favor façam uma reportagem, no estilo de voces, sobre o andamento da farra das diárias, tem vereador achando que o caso já foi superado e que o mal venceu.
O Instituto também tem que avaliar este caso de que a PM vai concelar os contratos com a empreiteira, aí tem uma grande jogada do Prefeito.
E o dinheiro?

Anônimo disse...

Também concordo com o comentário nº 2, acho que tem caroço neste angu, e eu não quero pagar mais esta conta. Precisamos passar a limpo esta cidade, e botar essa gente hipocrita e individualista fora da direção da cidade. Respeito, Ética, Transparencia com o meu dinheirinho suado dos impostos pagos no municipio.
Conheço o trabalho do Instituto AME, e agradeço pelo trabalho prestado a comunidade até o momento, mas precisamos dar um passo a frente.