segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Baixa qualidade é sentida quando mais se precisa do Estado

INSTITUTO AME CIDADE, 18 de janeiro de 2010

Em tragédias naturais de peso bem menor que o terremoto haitiano os municípios brasileiros vem mostrando uma dificuldade imensa de reação. Os recentes deslizamentos de terra no Rio de Janeiro mostram isso de forma comprovada até pelo fato de as dezenas mortes trazerem a revelação de que municípios e o governo do Estado já vinham facilitando a ocupação de áreas perigosas.

Em Santa Catarina, por exemplo, donativos enviados para vítima de enchentes no ano passado foram desviados para pessoas que deles não tinham necessidade ou acabaram sofrendo deterioração. Toneladas deles se perderam. Isso é fruto da falta de ética, já que princípios básicos como o respeito ao próximo e o trabalho bem feito acabam sendo abandonados.

A verdade é que também no Brasil a corrupção já começa a criar na administração pública uma incapacidade de zelar até para a manutenção de serviços básicos e dos bens públicos. A falta de ética acaba resultando em dificuldades administrativas graves. Basta sair para um passeio em várias cidades e ver o estado do asfalto nas áreas urbanas.

O total abandono de muitas áreas urbanas também pode ser visto como resultado dessas dificuldades que em parte é resultado direto do desvio de verbas, mas também pela instalação no poder de gente sem capacidade política e profissional para administrar qualquer coisa.

É claro que o nosso drama ainda está longe do vivido pelo Haiti, ainda mais que para felicidade dos brasileiros os terremotos passam longe daqui. Mas a tragédia haitiana é um bom momento para pensar sobre o problema da corrupção em nosso país, que vai minando gradativamente e em variadas escalas a qualidade da administração pública.

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