segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Uso da máquina pública é imoral, além de ser um crime que destrói a administração pública

INSTITUTO AME CIDADE, 21 de dezembro de 2009


Existem também outros meios que mesmo não sejam vistos como ilegais, pela sua imoralidade devem sofrer o repúdio da população.

O uso da máquina pública é um dos mais costumeiros e também dos mais difíceis de serem punidos. São usados com toda a aparência de normalidade, quando na verdade caracterizam-se como uma deformação que faz uso político de serviços públicos que são um direito da população.

A instituição da reeleição para chefes do Poder Executivo em 1997 aumentou bastante este tipo de interferência, de forma que prefeitos usam o primeiro mandato para privilegiar seu grupo político, conquistando não só a própria reeleição mas também a montagem de uma base de sustentação forte na Câmara Municipal para facilitar politicamente o segundo mandato.

Nesta forma, o agente público faz a população crer que ele é o intermediário que traz os serviços que, sem a sua interferência, levariam muito tempo para serem executados ou jamais seriam feitos. O recurso malandro serve para a eleição do político e depois para sua manutenção no cargo, por meio de sucessivas eleições sustentadas em fazer do que seria um direito do cidadão uma moeda de troca eleitoral.

E o maior problema é que este artifício imoral até já se tornou prática comum para certos políticos, deformando inclusive o papel do vereador. O parlamentar deixa de cumprir sua tarefa básica, que é a de legislar e fiscalizar, para agir como se fosse um funcionário privilegiado da Prefeitura, com acesso direto ao prefeito e poder para executar serviços que dependem exclusivamente dele.

É claro que é tudo lorota. Mas infelizmente muita gente, principalmente pessoas mais simples, acabam sendo enganadas. Quase tudo que este tipo de vereador finge que faz poderia ser pleiteado pelo próprio cidadão junto aos órgãos competentes, que têm a obrigação de atender e executar os pedidos dentro das possibilidades do município.

Esta deformação de papéis serve a interesses pessoais dentro do Legislativo e do Executivo. Só não atendem, evidentemente, ao interesse público. Os aspectos destrutivos dessa forma de conduzir a administração pública já se fazem sentir na má-qualidade de serviços,obras ruíns e que nunca terminam e na falta de manutenção dos bens públicos.

A política acaba sendo usada apenas como um meio do prefeito conquistar uma maioria na Câmara, para administrar sem a necessidade de prestar contas do que faz, muitas vezes até fazendo só o que lhe dá lucro pessoal. E o vereador é reeleito sucessivamente, numa carreira política medíocre, porém muito lucrativa.

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